O futuro da engenharia florestal: cidades verdes e manejo sustentável

Brasília, 6 de março de 2025.

Eleandro Brun, engenheiro florestal formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com mestrado e doutorado sanduíche na mesma instituição e na Universidade de Freiburg, na Alemanha, é uma referência na área de silvicultura e sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. Professor desde 2008 na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no Campus Dois Vizinhos, Eleandro dedica-se à formação de novos profissionais e ao desenvolvimento de pesquisas voltadas à sustentabilidade e ao manejo sustentável dos recursos florestais.

Com uma trajetória sólida dentro do Sistema Confea/Crea, Eleandro tem se destacado no fortalecimento da engenharia florestal no Brasil, exercendo papéis importantes em entidades de classe e como coordenador da Câmara Especializada em Engenharia Florestal do Crea-PR. Além disso, ocupa o cargo de secretário-geral da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF). Foi recentemente eleito coordenador nacional da CCEEF para o ano de 2025, e irá exercer o mandato ao lado do também eng. ftal. João Alexis Neto, do Crea-RO. Em sua trajetória, Eleandro tem se dedicado a integrar a tecnologia à fiscalização florestal e a promover a atuação dos engenheiros florestais na luta contra as mudanças climáticas.
 

Coordenador titular da CCEEF em 2025, Eleandro Brun (esq.), e o adjunto João Alexis Neto

Na entrevista a seguir, Eleandro Brun compartilha suas perspectivas sobre o futuro da engenharia florestal, abordando as principais prioridades para o setor em 2025, a importância da integração de novas tecnologias nos processos de fiscalização e a crescente relevância da profissão no enfrentamento das mudanças climáticas e na construção de soluções sustentáveis para o Brasil e o mundo.

Site do Confea: Durante o Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea, quais temas foram priorizados para discussão e transformação em propostas ao longo de 2025?
Entre as diversas ações previstas no plano de trabalho 2025 da CCEEF, poderíamos destacar a preparação para a participação, junto ao Confea, na COP30. Elaboraremos um conjunto de informações que darão a dimensão da atuação profissional dos engenheiros florestais nos temas ligados às mudanças climáticas. Também faremos o acompanhamento, junto ao Confea e ao Ibama, do Acordo de Cooperação Técnica assinado entre estas duas instituições no sentido da fiscalização junto ao Sinaflor, o Sistema Nacional de Controle da Origem de Produtos Florestais. Além disso, atuaremos em atendimento às demandas do Confea, tais como em temas como ART, acervo técnico profissional e acervo operacional; programa de transferência de recursos aos Creas para o fortalecimento e aumento nas ações de fiscalização e exercício das atividades profissionais; e em apoio ao plano plurianual do Confea.

Site do Confea: Considerando que engenheiros possuem a capacidade técnica e a visão estratégica necessárias para planejar, executar e fazer manutenção de obras e serviços que impactam diretamente a qualidade de vida da população, quais são os planos da coordenadoria para expandir a interlocução com o governo e o Congresso Nacional, visando contribuir para a formulação de políticas públicas mais eficazes?
A CCEEF já tem feito este trabalho, desde 2024, e continuará fazendo em interlocução com o Ministério das Cidades e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com foco no Programa de Cidades Verdes e Resilientes, com a realização de reuniões conjuntas, palestras, elaboração de cartilha orientativa aos municípios do Brasil sobre arborização urbana como ferramenta na melhoria do clima e ambiente das cidades brasileiras, assim como junto ao Congresso Nacional, com contribuições para o Projeto de Lei que instituirá a Política Nacional de Arborização Urbana. Pretendemos avançar nesse diálogo também junto a órgãos do governo como o Ibama, no sentido da efetiva implementação do acordo de cooperação técnica já existente, de forma a efetivar a fiscalização das ações de controle da origem de produtos florestais, ação que, sendo efetivada, dará muito mais transparência e qualidade técnica ao processo, assim como será de fundamental importância para a conservação e o manejo florestal sustentável.

Fiscalização mais tecnológica, cidades verdes e manejo florestal são algumas prioridades da coordenação neste ano

Site do Confea: Desde o ano passado, está em andamento o Programa “Força-Tarefa Nacional de Fiscalização”. Como a coordenadoria pretende trabalhar no sentido de aprimorar a eficiência das ações de fiscalização dos Creas? 
A CCEEF tem atuado, desde anos anteriores, em sintonia com as câmaras dos regionais e com os representantes de plenário no sentido do acompanhamento e sugestões de ajustes nas ações de fiscalização dos regionais para a área florestal. A CCEEF tem coletado informações, por meio de seus membros, dos cases de sucesso em ações de fiscalização, apresentado estes aos estados em que a fiscalização precisa avançar mais, de forma a ocorrer uma troca de informações e práticas entre os Creas e seus conselheiros e representantes regionais visando ao aperfeiçoamento da fiscalização. Defendemos também uma atuação próxima entre conselheiros, inspetores e os agentes de fiscalização, de forma que ações conjuntas consigam ser mais eficientes do que ações isoladas.

Site do Confea: O Sistema Confea/Crea vem atuando com foco na inovação, na transformação digital e na gestão mais eficaz. Como a coordenadoria pretende agir nesse sentido ao longo deste ano, levando em conta principalmente a iniciativa “inserir novas tecnologias nos processos fiscalizatórios”, prevista no rol de metas nacionais de fiscalização 2025-2027
A CCEEF atuará em consonância com a meta de inserção de novas tecnologias nos processos fiscalizatórios, tendo incentivado as câmaras regionais e as representações de plenário no sentido da busca de uma atuação em parceria com os departamentos de fiscalização dos regionais, assim como com os inspetores, no sentido de realizar uma fiscalização baseada em dados e em banco de informações disponíveis em sistemas governamentais estaduais e federais, assim como municipais, em alguns casos. Para isso, tem-se incentivado os regionais a procurarem a formação de parcerias com diversos órgãos públicos com atuação relacionada à profissão, para que, via Acordos de Cooperação Técnicas, possa haver a disponibilização de dados e informações que permitam que a fiscalização ocorra de uma maneira inteligente e dinâmica, não excluindo a fiscalização de campo, mas deixando a mesma para um último passo, quando for necessária a verificação de informações in loco. Com isso, espera-se que os profissionais e os órgãos públicos sejam conduzidos por um processo orientativo a atuarem de forma legal e ética.

Reunião de instalação da CCEEF em 2025

Site do Confea: Que impacto duradouro você espera gerar para os profissionais e para o Sistema com o trabalho desenvolvido em 2025?
Esperamos que nossas ações em 2025 impactem positivamente a atuação dos engenheiros e engenheiras florestais com a consolidação de um novo patamar de fiscalização, de forma orientativa e pautada em tecnologia, de forma legal e ética. Além disso, buscaremos a consolidação do nome da profissão como essencial para o desenvolvimento sustentável e no combate às mudanças climáticas. Também trabalharemos para ver finalmente implantada, por parte do Confea e dos regionais, a fiscalização no Sinaflor, de forma que somente os profissionais com atribuições em manejo florestal possam atuar nesse sistema.

Julianna Curado 
Equipe de Comunicação do Confea
Fotos: Santo Rei e RD7/Confea