Reeleito, Emanuel Mota trabalha para levar o Crea-CE a dias de vanguarda

Brasília, 13 de janeiro de 2021.

Emanuel Mota acaba de iniciar seu segundo mandato, para o triênio 2021-2023, como presidente do Crea-CE. Engenheiro civil formado em 2002 pela Universidade de Fortaleza (Unifor) tem MBA em Gestão de Engenharia de Custos pelo Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos (Ibec) e está cursando pós-graduação em Gestão de Negócios na Faculdade Dom Cabral (FDC). É membro do Instituto Brasileiro de Auditoria de Engenharia (Ibraeng), associado ao Sindicato dos Engenheiros do Estado do Ceará (Senge) e tem forte atuação no ramo de consultoria em engenharia de custo.

Desde a primeira gestão no Conselho Regional do Ceará, iniciada em 2018, Emanuel Mota se dedica a promover a conscientização do valor da engenharia tanto para os profissionais como para a população em geral. “Fizemos uma série de ações de reposicionamento do Crea-CE. Abrimos as portas aos profissionais e colocamos o Conselho em dias de modernidade. Agora o próximo passo é levar o Crea a dias de vanguarda, implementando diversas soluções que vão ofertar melhores serviços, com mais qualidade e inteligência artificial”, garante.

À frente de diversas lutas para a valorização dos profissionais, ele apresenta na entrevista a seguir as estratégias que irão incorporar inovação e interação ao DNA do Crea-CE nos próximos anos. 

Site do Confea: Neste triênio à frente do Crea, quais os desafios já mapeados que demandam esforços e atuação? Eles constam da agenda de prioridades do próximo mandato? Como serão colocados em prática e quais os resultados que vão gerar?
 
Emanuel Mota:
Bem! Estamos aqui iniciando um segundo mandato. Nesse primeiro mandato fizemos uma série de ações de reposicionamento do Crea-CE. Abrimos as portas do Crea aos profissionais e colocamos o Conselho em dias de modernidade. Agora o próximo passo é levar o Crea a dias de vanguarda, implementando diversas soluções que vão ofertar melhores serviços, com melhor qualidade, utilizando inteligência artificial, utilizando estratégias para atingir objetivos de forma mais coerente. Estamos melhorando a nossa fiscalização com novas estratégias, fazendo operações focadas, operações que mostram à sociedade que o Crea-CE existe. Não são só números. Não adianta a gente fiscalizar por fiscalizar. A gente tem que fiscalizar para mostrar a sociedade a importância de ter um profissional à frente do serviço prestado. Não fiscalizamos a ART [Anotação de Responsabilidade Técnica], a gente fiscaliza a atuação profissional. Então, isso vai dar uma melhoria na fiscalização de forma mais efetiva e clara. E, sem dúvida alguma, todos esses aspectos estavam previstos no nosso programa inicial de gestão e estão previstos agora também, até porque o Crea tem esse papel de levar segurança à sociedade. A garantia que todos os serviços de engenharia, agronomia e geociências sejam feitos por profissionais, quer seja do nível superior pleno como os profissionais do nível superior tipo tecnólogo. A gente tem que ter esse entendimento.
 

Site do Confea:  Na sua avaliação, o Sistema Confea/Crea e Mútua precisa de uma readequação de procedimentos? Por quê? Se sim, qual o tipo de reestruturação?
 
EM:
Sem dúvida alguma, inclusive, uma grande reestruturação. Foi por isso que eu me coloquei à disposição dos profissionais no primeiro mandato. Para dar minha colaboração. Acabar com o conservadorismo que existe dentro do Sistema Confea/Crea. Eu falo isso, sem segredos. Para quem faz parte do Sistema Confea/Crea, eu digo que é necessário a gente quebrar esse conservadorismo desde nossa legislação. Você veja que as leis que fazem a tutela do nosso Sistema são da década de 30, o famoso decretão. Outras são das décadas de 60 e 70. E as necessidades de hoje, devido às características de crescimento exponencial da tecnologia e de acesso a informação, são outras. Então, a gente precisa modernizar com atuação legislativa, uma atuação parlamentar para que isso ocorra. E internamente uma modernização de procedimentos. Eu sou favorável a uma revisão de uma série de atribuições. Uma revisão das resoluções de procedimentos. Não cabem mais conflitos pequenos entre as modalidades quando temos grandes possibilidades de trabalho e a gente tem que apresentar essas possibilidades ao engenheiro. Isso pode ser feito com o contato mais próximo com as universidades que podem mostrar que o engenheiro civil, por exemplo, pode fazer muito mais do que construir casa. O engenheiro eletricista pode fazer muito mais do que teste de SPDA [Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas]. Existe um mundo de tecnologia que pode ser explorado. Veja o caso dos encontros virtuais, das lives, das reuniões híbridas, tudo já estava disponível, mas precisou vir algo que mostrasse isso, que foi a pandemia. Então, isso mostrou para o Sistema que é necessário que ele se modernize, que entre numa era de vanguarda, para  oferecer um serviço de maior qualidade aos profissionais.
 

Site do Confea: E o que o Crea-CE está fazendo nesse sentido?
 
EM:
Hoje aqui no Crea-CE, todas as reuniões são híbridas. Uma sala fica disponível para receber os conselheiros presencialmente e um link onde os participantes vão poder acessar remotamente. Em muitos casos, você está viajando e não vai poder participar da reunião de maneira presencial, mas vai poder acessar o link e participar das discussões mesmo assim e até mesmo votar, caso haja votação na sessão. Eu sempre defendi e continuo defendendo essa modernização no Sistema. Desde meu primeiro mandato eu deixei muito claro que sou favorável ao maior uso da tecnologia para agilizar os procedimentos no Sistema Confea/Crea, inclusive, sou defensor das eleições on-line. Eu repito e reforço que aqui no Crea-CE nós já desenvolvemos um sistema com reconhecimento facial com dupla autenticação para garantir essa segurança. Eu vou continuar sendo voz ativa nessa defesa. Nós implementamos vários serviços no aplicativo como o preenchimento de ART. Estamos montando um termo de referência bem amplo sobre a implementação de sistemas utilizando inteligência artificial, utilizando atendimento on-line mais qualitativo e não só quantitativo. E assim, os profissionais vão ter acesso a esses serviços quase que imediatamente. Outras iniciativas estão sendo planejadas, mas por enquanto, vamos guardar segredo. Mas garanto que vai ser bem bacana!
 

Site do Confea: Nesse pleito, seis mulheres foram eleitas para os Creas do Acre, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Antes apenas quatro regionais eram prestigiados por engenheiras. Qual sua análise sobre o crescimento da representação feminina e qual a importância de se fomentar a pauta equidade de gênero no Sistema?
 
EM:
Essa pauta sobre equidade de gênero está em alta não apenas no Sistema, mas em toda a sociedade. E não há dúvidas de que isso é muito importante. No entanto, na minha opinião acho que, na verdade, a gente tem que deixar de ter essa separação. Nós estamos aqui no Sistema como profissionais. Da mesma forma que eu digo que quando fui eleito presidente do Crea-CE deixei de ser o engenheiro civil para ser o engenheiro defendendo todas as modalidades, eu falo que, como presidente do Conselho eu não estou como homem, mas, sim, como profissional que está lutando por todas as categorias. Eu admiro bastante as mulheres que me ladearam nos últimos três anos como a Carminda, a Ana Adaldisa, a Fátima e a Lúcia, pois elas fizeram um trabalho de forma ímpar, exemplar, com muita competência, sem deixar a desejar a nenhuma gestão de homem, até porque não poderia ser diferente no meu entendimento.
 

Site do Confea: Você acredita que a integração dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais os caminhos possíveis do ponto de vista institucional e político? Quais as vantagens que esses movimento podem gerar para o Sistema e para os profissionais?
 
EM:
Sem dúvida nenhuma a integração tem que ser nacional. Ela não pode ser regional, porque se for regional ela vai continuar gerando diferenças, porque o Brasil é um país continental e cheio de peculiaridades. Não se pode comparar a Região Sudeste com a Região Norte,  a Região Nordeste com a Região Sul e com a Região Centro-Oeste. São realidades completamente distintas. Se você pegar a Região Centro-Oeste, você vai ter uma agronomia muito forte. Se você pegar a Região Nordeste, você vai ter uma engenharia civil muito forte. O Sudeste tem uma tecnologia muito forte, uma engenharia muito forte. Então a gente não pode ter essa separação por região. Por isso, essa integração tem que ser nacional. E esse é o caminho que o Sistema Confea/Crea tem que seguir e ofertar inicialmente serviços centralizados no Confea. Eu, como engenheiro, hoje preciso de acesso a informação para poder trabalhar em todo o país. Eu vou no Crea-CE e me registro de um jeito. Eu vou no Crea-BA me registro de outro. Vou no Crea-RN me registro de outro jeito. Vou no Crea-SP e me registro de outra maneira. Não dá! Nós temos que ser um Sistema único onde o profissional entra, faz o seu registro e fica apto ao trabalho para todo o Brasil. Essa figura do visto profissional é uma herança de uma época em que não existia acesso a informação, que não tinha comunicação. Você enviava uma carta para uma pessoa e essa correspondência demorava dias para chegar. Hoje você manda um telegrama a tarde e ainda a tarde seu telegrama chega ao destino. Hoje conversamos on-line entre nós, não importa a distância. Participamos de conversas, encontros, reuniões, sessões plenárias, tudo isso on-line. Então esses vistos profissionais são resquícios de uma época passada. A gente tem que modernizar. E aí eu volto ao ponto do conservadorismo do Sistema. Esse caminho tem que ser a unificação dos serviços como, por exemplo, o registro de obras dos profissionais. Eu vou acessar um site sobre o registro de obras, em cada estado esse serviço tem uma cara diferente. Ainda tem algumas particularidades que tornam esse sistema complexo, então eu defendo que o Confea tenha um sistema centralizado de informações e repasse aos regionais para que cada um deles disponibilize aos seus profissionais o uso e, enfim, o Crea pode fazer efetivamente aquilo para que ele foi criado, que é fiscalizar o exercício ilegal da profissão. Atuar na fiscalização de forma mais enérgica. Não se concebe hoje, por exemplo, o Confea receber uma demanda de quantas obras tem registradas no Brasil e perguntar isso para os Creas. A gente vive da informação e essa informação através de Big Data, através de dados em massa, pode ser perfeitamente mineradas e analisadas de maneira centralizada.
 

Site do Confea: Muito se fala na responsabilidade e habilidade dos profissionais registrados no Confea/Crea como contribuição direta para o desenvolvimento do Brasil e para ampliação de políticas públicas que levem a retomada do crescimento nacional. Qual a sua avaliação sobre essa viabilidade?
 
EM:
Pra mim, é o caminho mais fácil! Eu tenho uma fala recorrente de que a engenharia é a maior cadeia produtiva do país e a que gera mais empregos. Quando o governo fala que vai gerar tantos mil empregos, que vai atrair fábricas, que vai atrair negócios, onde é que vão ser esses empreendimentos? Tem que fazer o levantamento do terreno, tem que emitir o licenciamento, nesse caso você vê toda a cadeia da engenharia trabalhando nisso. Outros projetos precisam ser feitos, como elétricos, hidráulicos, arquitetônicos, produção, combate a incêndios. Todos esses projetos vão ser elaborados, depois tem a construção. Na primeira semana já tem dinheiro para o operário, portanto, já injeta dinheiro na economia local. Já cria um ambiente favorável em torno da obra, o negócio gira: já tem que comprar alimentos, portanto, a agronomia tem que produzir alimentos para as equipes, tem a roupa para confeccionar, então isso gera um ciclo e nisso os empregos são efetivamente criados até chegar lá na ponta da fábrica. A solução é a engenharia. A gente precisa explorar isso com muita sabedoria e ênfase no parlamento para que os legisladores entendam a importância da engenharia. A engenharia não é só para construir casa, fazer projeto elétrico. Não é só pra isso não. Muito pelo contrário, ela tem uma gama de possibilidades que precisa ser entendida. A sociedade não está acostumada a consumir engenharia. Quanto tempo faz que existe engenharia? Que a medicina existe? Mas o acesso à medicina já é comum para todo mundo. Aqui no Brasil, por exemplo, temos o SUS [Sistema Único de Saúde]. Quando sente alguma coisa todo mundo vai para o médico. Quando sente uma dor pode ir a uma Unidade de Pronto Atendimento, a UPA, ou a uma clínica popular. O acesso à medicina é muito fácil, mas para a engenharia, não. Antigamente a quantidade de profissionais era mais restrita. Hoje, devido aos inúmeros cursos no mercado, a quantidade de profissionais cresceu e o acesso a engenharia ficou democratizado. Mas as pessoas precisam entender como consumir engenharia. Esse é um dos desafios que o Crea tem para mostrar às pessoas. Mostrar que não é caro o serviço de engenharia. O que é caro é o prejuízo de não se usar a engenharia, de não se contratar um engenheiro.    


Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea
Colaboração: Felipe Naur (Ascom Crea-CE)