Brasília, 24 de agosto de 2023.
A programação do XXII Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca – Conbep termina nesta quinta-feira (24/8), em Porto de Galinhas-PE. Aberto na última segunda-feira, com as presenças do presidente em exercício do Confea, eng. eletric. Evânio Nicoleit, e do ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, o evento atrai mais de 700 participantes, entre profissionais, estudantes, professores, pescadores, aquicultores, empresários da cadeia produtiva de alimentos de origem aquática de todo o país diante de uma ampla programação com mesas temáticas, sessões especiais, visitas técnicas e minicursos.
A versatilidade do evento, realizado bianualmente e patrocinado pelo Confea, é destacada pelo presidente da Federação Nacional dos Engenheiros de Pesca do Brasil (Faep-BR). “Estamos recebendo profissionais, acadêmicos e estudantes, mas também fazendo uma extensão com os pescadores. São mais de 450 trabalhos completos selecionados e apresentados no formato de E-posteres que irão compor os anais do evento no site do Congresso”, ressalta o engenheiro de pesca José Carlos Pacheco.
“Os profissionais da engenharia de pesca e das demais profissões do Sistema Confea/Crea e Mútua que participam do Congresso estão preocupados em promover, divulgar, discutir e disseminar as inovações tecnológicas utilizadas na pesca industrial, artesanal e esportiva, na aquicultura e no processamento do pescado, voltadas para o aumento da produção e produtividade, preservando os estoques pesqueiros e mantendo a capacidade de suporte dos ecossistemas aquáticos, para que propiciem a elevação da renda para todos dos setores das cadeias produtivas do pescado, tendo como foco o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar”, considera o ex-coordenador adjunto da Coordenadoria Nacional de Câmaras Especializadas de Agronomia.
Segundo José Carlos Pacheco, a área também busca ampliar a fiscalização para garantir a segurança alimentar. Ele cita as fiscalizações “muito boas”, desenvolvidas nos estados do Paraná e Ceará e ainda na cidade de Manaus. “No Paraná, a fiscalização tem destaque com os produtores de tilápia e beneficiamento de pescado. No Ceará, com a produção de lagostas e as unidades de beneficiamento de camarão cultivado, onde a fiscalização também é muito importante. A produção ligada à pesca e ao cultivo do tambaqui é a principal linha de atuação da fiscalização na capital amazonense”, descreve o organizador do Conbep.
Mercúrio e tubarões
No caso da pesca na região amazônica, ele comenta que os casos recentes relacionados à contaminação por mercúrio, decorrente da disseminação de garimpos clandestinos, segue sendo uma preocupação para todos os profissionais que atuam na região. “A questão da análise bioquímica é mais ligada à engenharia de alimentos, enquanto nós, engenheiros de pesca, somos responsáveis por fazer a identificação e o monitoramento das espécies com as quais as comunidades ribeirinhas se alimentam”, diz, enfatizando que o tema foi abordado pela Embrapa durante o Congresso. “A Embrapa fez uma mesa redonda. Está sendo feito o monitoramento e estão sendo tomadas as ações necessárias, inclusive para contribuir para coibir o garimpo ilegal, cuja contaminação se dá advinda dos afluentes para o rio principal. Também temos que considerar que o mercúrio é bio-acumulador e repassado dentro da teia alimentar até os consumidores finais”, aponta.
Outra área de destaque da engenharia de pesca é o cultivo de organismos aquáticos, seja em água doce ou salgada, a aquicultura. José Carlos Pacheco esclarece que a aquicultura se refere ao cultivo envolvendo produções relacionadas a algas, peixes, moluscos e crustáceos, entre outros organismos aquáticos. “Em se tratando de cultivos de organismos em específico, podemos citar a piscicultura, de peixes; a carcinocultura, de camarões, a malacocultura, o cultivo de moluscos”, informa. A importância da atividade se reflete no aumento da produção de pescados, que em 2022 atinge valores da ordem de 178 milhões de toneladas no mundo.
Ele enfatiza ainda a realização de um minicurso específico sobre ecologia de elasmobrânquios, classe da qual os tubarões fazem parte. Em Pernambuco, diz, os engenheiros de pesca se destacam por coordenar pesquisas com monitoramento de tubarões e ações de educação ambiental, as quais visão mitigar os incidentes de banhistas com tubarões. “Ações estas desenvolvidas no âmbito do projeto Megamar Prof. Fabio Hazin, que foi homenageado durante a 78ª Soea (Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia, em Gramado)”, comenta.
Exportação e consumo interno
“Temos ainda um grande potencial de crescimento para a exportação e consumo interno, principalmente no que diz respeito à segurança alimentar, fundamental para abertura de mercados internacionais como o europeu, bem como aos consumidores nacionais. A volta do ministério da Pesca mostra essa importância deste setor no que diz respeito ao incremento de proteína animal de origem aquática, sendo de extrema necessidade a inserção destes profissionais para que possamos garantir a sustentabilidade e segurança alimentar dentro da cadeia produtiva”, descreve o presidente da Faep-BR.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea