Brasília, 30 de agosto de 2023.
A Associação Brasileira de Águas Subterrâneas – Abas VII promove nestas quarta e quinta (31/8), no auditório do Crea-SP, o VII Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrâneo (Cimas). Apoiado pelo Confea por meio de locação de estandes, o evento reúne cerca de 400 especialistas do setor, buscando a integração das ações de proteção e remediação do solo e das águas subterrâneas com as ações de gestão de recursos hídricos. A Abas integra o Colégio de Entidades Nacionais – Cden. A última edição do Congresso, que é bianual, havia sido em 2019.
Um dos organizadores do evento, ao lado de Rodrigo Carneiro (Acqua) e do presidente da Abas, geol. José Paulo Godoi Martins Netto, o secretário-executivo da entidade e seu ex-presidente, geólogo Everton de Oliveira, considera a primeira edição do Congresso depois da pandemia “chega em um momento importante em que o mundo está acordando para o problema da água, a exemplo do carbono e das mudanças climáticas. Sem água não há vida, precisamos mudar a consciência das pessoas. Essa discussão precisa ser trazida para o patamar que o tema merece. Temos a necessidade premente de cuidados com a água e com a legislação para que isso seja conseguido”.
Diretor-fundador do Instituto Água Sustentável e sócio-fundador da Hidroplan, Everton é conhecido como Professor Água. “Temos dificuldades de alcançar um grande público. Então, buscando promover esse relacionamento das novas gerações com a água, criei esse personagem em cartum para conseguir falar com crianças”, diz, informando que ele está disponível nas redes sociais, inclusive por meio de podcast e canal no Youtube.
Para ele, é preciso que o tema das águas subterrâneas receba o mesmo tratamento alcançado pelo Marco do Saneamento, cujos vieses são o saneamento básico e o esgotamento sanitário. “Na gestão de águas, não temos um marco tão forte. Estamos trabalhando isso junto ao Congresso por meio da Lei Federal de Áreas Contaminadas (PL 2732/11), do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania)”, afirma.
“Precisamos não só de legislação, mas de conscientização para uso da água de forma competente, o que compete aos profissionais que trabalham no Sistema. É excelente que estejamos trabalhando em conjunto. O Confea é um parceiro das causas importantes do setor profissional que ele defende. Nenhuma surpresa que sua gestão valorize os trabalhos de águas subterrâneas. Sem o Confea, não conseguiríamos realizar este evento”, complementa Everton de Oliveira.
Abertura
Na abertura do evento, o diretor do The Global Institute for Water Seucrity, da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, Jay Familglietti, promoveu a conferência magna com o tema “Água é o novo carbono”. “Ele mostrou a avaliação da variação da água nos continentes. Mostrou isso claramente e caminhos para a gente conseguir essa conscientização mundial. Uma pessoa de alta capacidade técnica e boa comunicação”, informou o secretário executivo da Abas logo após a apresentação.
Pesquisador da crise hídrica mundial, Jay participa, no período da tarde, da primeira mesa redonda do Congresso, “Remediando a água do planeta”. Além dele, haverá as participações como debatedores da diretora do Instituto Água Sustentável, geog. Bruna Soldera; do especialista em Regulação de Recursos Hídricos e Saneamento Básico da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) Jorge Thierry Calasans; da professora do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Monica Porto; do especialista em gestão de ESG (Environmental, Social and Governance), Roberto Roche, todos sob a mediação do geólogo Everton de Oliveira.
Representante do Confea e do Crea-SP na abertura do Congresso, o diretor de Valorização Profissional do Crea-SP, geol. Fernando Saraiva, destacou a aproximação dos conselhos com as entidades. “Acho isso extremamente importante, principalmente em relação às entidades de Geologia e Minas. No último edital de patrocínio de eventos, foram aprovados projetos de 14 entidades de Geologia em um total de R$ 550 mil reais. A Geologia tem sido reconhecida no Sistema Confea/Crea, apesar do número muito pequeno de profissionais. Acho que temos conseguido um espaço muito importante, com muita fiscalização na área de Geologia. Vocês que trabalham na área de águas subterrâneas vão notar que as empresas que fazem perfuração estão sendo intimidas a apresentar os profissionais responsáveis. Isso é uma valorização do profissional e uma defesa da sociedade. Vejo com muita alegria essa aproximação”, destacou.
Programação
Na manhã do segundo dia do evento, a assessora da presidência do Confea eng. civ. Mariana Mayara de Sousa Costa apresentará a palestra “O papel do Confea no fortalecimento das associações”. Após apresentação de Màrio Ohzeki sobre Mútua-SP, o debate “A regularização de empresas de perfuração de poços no Brasil: uma radiografia do setor – ações conjuntas, problemas e soluções” envolverá novamente o geólogo Everton de Oliveira (moderador), a palestrante eng. civ. e biol. Maria Edith dos Santos, superintendente de fiscalização do Crea-SP e ainda os debatedores geol. Herman Vargas, coordenador técnico da Ceppa; a geóloga Cristiane Neres Silva, vice-presidente da Abas Núcleo Bahia-Sergipe; o engenheiro civil Hélio Suleiman, diretor-presidente da Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – Fabht; e o geólogo Cláudio Pereira de Oliveira, diretor da Hidroged. “Hoje 90% dos poços do país são clandestinos. Os Creas estão trabalhando conosco para conseguir eliminar essa realidade”, comentou Everton.
À tarde, será a vez da segunda mesa redonda do Congresso. Moderado pelo sócio diretor da Associação Brasileira das Empresas de Consultoria e Engenharia Ambiental – Aesas, Thiago Gomes, e tendo como palestrante a advogada Rita Maria Borges Franco, sócia na Mattei Franco Advocacia Ambiental, o debate discutirá o tema “Lei Federal de Áreas Contaminadas: O Brasil está preparado?”, tendo como debatedores o arquiteto e urbanista Vladimir Iszlaji, diretor de desenvolvimento urbano da Associação Brasileira de Incorporações Imobiliárias – Abrainc; a consultora legislativa da Câmara dos Deputados Rose Hofmann e ainda o deputado federal eng. civ. Arnaldo Jardim, autor do projeto de lei sobre a matéria.
Confira a programação do Cimas
A programação contará ainda com duas conferências. No primeiro dia, o comunicador indiano Arjun Swaminathah, diretor da Native Picture, apresentará o tema “Informar para proteger: a relação da sociedade com os recursos naturais e biodiversidade”. Segundo Everton de Oliveira, ele é autor de um vídeo bastante visualizado em todo o mundo que descreve como o nível da água está diminuindo em seu país. “Lá há um suicídio a cada 30 minutos devido a essa situação de poços secando. É um alerta para que a gente evite que isso aconteça em nosso país”, comenta.
Já no encerramento do evento, o farmacêutico e bioquímico Fábio Kummrow, professor da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, falará sobre “Contaminantes emergentes e/ou eternos”.
O Congresso contará paralelamente com a realização da Feira Nacional da Água (Fenágua), uma exposição empresarial e institucional de produtos e serviços sobre solo e água subterrânea, voltada à promoção dos negócios do setor e promovendo uma interação social e comunicacional entre visitantes e patrocinadores. Haverá ainda sessões poster e apresentações de trabalhos técnicos, replicando experiências científicas da área à realidade brasileira.
Henrique Nunes
Equipe de Comunicação do Confea
Com a colaboração de Alessandra Porto (Setor de Patrocínio e Promoção - Sepat)