Brasília, 24 de fevereiro de 2022.
No dia em que se celebram os 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil, dia 24 de fevereiro, o Sistema Confea/Crea e Mútua também comemora o número de profissionais mulheres inscritas: são 200 mil engenheiras, agrônomas, meteorologistas, geógrafas, geólogas, enfim, todas as mulheres representadas nas profissões que compõem o Sistema.
Desde a sua concepção, em 2018, o Programa Mulher representa um grande marco no processo de consolidação da política de Equidade de Gênero do Sistema. Em 2019, apenas 12% de mulheres compunham o plenário dos 27 Creas. Com o resultado das eleições de 2020, esse percentual subiu para 14%. Esse aumento da participação feminina vai ao encontro, ou até já seja reflexo do Programa Mulher lançado em 2019, que tem como objetivo fomentar a elaboração de políticas atrativas para mulheres engenheiras, agrônomas e da área das geociências dentro das diversas entidades de classe e Conselhos Regionais, que atualmente representam 200 mil profissionais inscritas no Sistema.
O presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, destacou a importância da data e os números que representam a participação feminina. “Hoje se comemora 90 anos de conquista do Voto Feminino Brasil. Um direito essencial que as mulheres lutaram muito para possuir. Em 1932, um ano antes da criação do Sistema Confea/Crea e Mútua, o Código Eleitoral garantiu a mulheres acima de 21 anos os direitos de votar e serem votadas em todo o território nacional. Dois anos depois passou a ser previsto na Constituição Federal. Atualmente as mulheres representam a maioria dos eleitores do Brasil. Porém, apenas 15% das candidatas a cargos eletivos foram eleitas nas últimas eleições gerais no Brasil. Dentro do nosso sistema profissional, atingimos hoje a marca histórica de 200 mil mulheres com registro ativo no Sistema. Um marco histórico que deve ser celebrado. Com o Programa Mulher, implantado em 2018, temos conseguido ampliar a participação de nossas profissionais em cargos eletivos do Sistema Confea/Crea e Mútua”, disse Joel. “Acreditamos e – estamos trabalhando – para que haja uma paridade nos números do Sistema, hoje somos cerca de 1 milhão de profissionais, e queremos que as mulheres representem mais que os 20% que hoje aparecem em nossos bancos de dados”, contabilizou Krüger.
A presidente do Crea-AL, eng. civ. Rosa Maria Barros Tenório, que também é representante do Colégio de Presidentes no Programa Mulher, e a primeira mulher que se candidatou ao cargo no estado, avaliou o dia simbólico. “Entendemos que o dia de hoje é para que possamos comemorar: mais conquistas, mais vitórias. E que possamos juntos, homens e mulheres, buscar os espaços na nossa sociedade. Assim, pautados pela equidade de gênero, pela defesa de espaços iguais, juntos com o Programa Mulher, temos pautas e objetivos a serem trabalhados para que sigamos mais fortes, mais unidas e em maior número”, pontuou Tenório.
Já a integrante do Comitê Gestor do Programa Mulher, conselheira eng. mec. Michele Ramos avalia que todo movimento, todo incentivo, para que as mulheres ocupem seus espaços está surtindo efeito e estão aparecendo nos números. Ramos ainda defende a criação do Prêmio Profissional Mulher do Ano do Sistema Confea/Crea. “A ideia é valorizar aquelas que estão se destacando e atuando em prol da profissão e do Sistema, como está previsto no Programa Mulher. Temos de arrumar meios para ampliar a participação feminina no Sistema”, disse, ao informar que está delineando o projeto, que deve ser implantado ainda este ano.
Ao comentar o número de mulheres no Sistema, a representante da Mútua no Comitê Gestor do Programa Mulher, eng. civ. Karen Daniela Miranda, contabilizou a evolução na Caixa de Assistência também: “Hoje somos 12 diretoras regionais e uma diretora executiva na Mútua. Além disso, todas as Regionais da Mútua têm representantes no Programa Mulher dos Creas. E através das nossas ações, dos nossos mandatos, mostramos que estamos ocupando os espaços por competência, por equilíbrio e por direito. Ainda temos que lutar por respeito, mas afirmo que o Programa Mulher criado pelo Presidente Joel Krüger veio como um marco para aumentar o protagonismo das mulheres no nosso Sistema”, analisou Miranda.
Atuação feminina no Sistema
Ao recapitular a história do voto feminino, o estado do Rio Grande do Norte merece destaque. Afinal, mesmo antes da publicação do Código Eleitoral Brasileiro, em fevereiro de 1932, quase cinco anos antes, o Rio Grande do Norte já tinha entrado na história nacional ao registrar sua primeira eleitora: a professora Celina Guimarães Vianna. O estado potiguar foi o primeiro que estabeleceu que não haveria distinção de sexo para o exercício do sufrágio. O fato repercutiu mundialmente, por se tratar não somente da primeira eleitora do Brasil, como da América Latina. Em termos de Sistema Confea/Crea, outro pioneirismo pode ser atribuído ao estado, quando em 1994, elege a primeira presidente de Crea: a eng. civ. Zélia Maria Juvenal dos Santos. Para a presidente eng. civ. Ana Adalgisa, representante da terceira geração de mulheres à frente do Regional, as 200 mil mulheres registradas no Sistema mostram um grande desafio. “É um número importante, mostra que estamos ampliando a nossa participação, contudo, ainda temos muito que galgar para alcançarmos uma participação ainda mais expressiva”.
O pioneirismo feminino no Sistema está diretamente atrelado à eng. civ. Carmem Eleonôra Amorim Soares que, em 1992, foi a primeira engenheira a tomar posse como conselheira federal no Confea aos 33 anos. Hoje, além de ser coordenadora Nacional das Comissões de Ética, Soares é uma entusiasta atuante no Programa Mulher e no lançamento da 77ª Soea. No último dia 16, encerrou a sua fala dizendo: “Lugar da mulher é na Engenharia, na Agronomia e nas Geociências”.
O futuro também soa promissor e vai ao encontro da proposta da presidente do Crea-RN. Atualmente as mulheres ocupam 58,8% dos postos de líder estadual titular e 64,7% dos de adjunto do Crea Júnior, programa integrado por recém-formados e estudantes de Engenharia, Agronomia e Geociências. O protagonismo feminino se repete na instância superior: duas graduandas foram eleitas para liderar o Crea Júnior Nacional em 2022. Em termos gerais, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres representam a maioria dos eleitores do Brasil: 52,50% nas eleições de 2020. Além disso, são 45,30% das filiações partidárias. Entretanto, quando se analisa a presença na política, apenas 15% dos eleitos em 2020 eram mulheres.
Reconhecimento
Além do Programa Mulher, ou melhor, de forma concomitante, outras iniciativas vêm sendo realizadas em prol do protagonismo e da valorização feminina. De acordo com a proposta aprovada em Plenário, o Colégio de Entidades Nacionais (Cden), o Colégio de Presidentes (CP), as Coordenadorias de Câmaras Especializadas e a Mútua vão indicar 16 nomes de mulheres que se destacaram na sua profissão que serão homenageadas nas redes sociais do Confea no mês de março. “Motivem e provoquem os presidentes das suas entidades para que a gente possa ter mais mulheres nas presidências das nossas associações. Atualmente, somos apenas duas mulheres entre as 23 entidades do Cden. Nós nos colocamos à disposição para que a gente possa construir algo relacionado com isso”, disse a presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Agrícolas (Abeag), Gizele Gadotti. No dia 23 de junho, o Sistema se organiza para o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia.
Acesse a Cartilha do Programa Mulher do Sistema Confea/Crea e Mútua
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Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicação do Confea com informações do TSE