Manaus, segunda-feira, 22 de julho de 2002. A 4a. Reunião Ordinária do Colégio de Presidentes, que está sendo realizada em Manaus, contou com uma explanação ampla sobre a economia do Amazonas e o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), feita pelo vice-governador do Estado, eng. Samuel Hannan.Partindo do cenário internacional, que revela concentração de renda em somente sete países, dominantes de 75% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, apontando a ALCA como retrato claro dessa concentração, Samuel Hannan, disse que o Brasil e o Amazonas repetem este mesmo quadro. Em termos nacionais, São Paulo representa 37% do PIB. Em termos estaduais, Manaus concentra 92% da economia do Estado. "A concentração de renda no sudeste brasileiro gera uma atrofia econômica gigantesca no país, que se repete no Amazonas na relação capital resto do Estado. Essas desigualdades regionais dão margem a grandes desigualdades sociais", explicou o vice governador.ZFM - Hannan ressaltou a necessidade do projeto Zona Franca de Manaus (ZFM) ser entendido de acordo com a visão estratégica da época em que foi criado, baseada em três aspectos: alta chance de sucesso empresarial, implantação rápida e substituição de importações.Estas características, necessárias à época, geraram o pólo industrial existente hoje: eletro eletrônico - 92% da indústria nacional, duas rodas - mais de 90% -, relojoeiro - encerrado devido ao contrabando, informática - bastante reduzido hoje devido a equidade de incentivos fiscais - e pólo plástico. O modelo responde por 90% do PIB do Amazonas e 1,8% do PIB nacional.Hannan reconheceu que o Estado se tornou seriamente dependente do modelo ZMF e que não houve buscas de alternativas econômicas durante 33 anos, o que resultou em migração brusca e descontrolada do interior para a capital e de outros estados. Em 1970, quando foi implantado o modelo econômico, Manaus tinha 300 mil habitantes, hoje tem 1, 6 milhão. Junto com o crescimento desordenado da população vieram vários os problemas sociais, resultados da falta de infra estrutura, saúde, educação, transporte e etc.O vice governador disse ainda que parte dos problemas que a ZFM enfrenta hoje se deve ao fato de existirem várias outras "zonas francas" no Brasil. "Existe uma renúncia fiscal muito grande no país não prevista na constituição". Ele insistiu que o modelo que existe hoje no Amazonas não é uma zona franca, mas um pólo industrial incentivado como muitos no país.Grife Amazônia - "O lugar que menos se fala de Amazônia é no Brasil", desabafou o palestrante, dizendo que a região é comentada no mundo inteiro, porém o Brasil a trata com omissão. "Temos uma região de grife internacional, mas só no sentido restritivo, ninguém diz o que fazer da Amazônia, só dizem o que não devemos fazer com ela".A região Amazônica tem 42% da área territorial nacional, 20% da água potável do mundo, 1/3 das florestas tropicais do mundo, maior banco genético do planeta, rica biodiversidade , 11 mil quilômetros de fronteira, 22 mil quilômetros de malha hidroviária navegável e constatado potencial petrolífero e de gás natural. "No Amazonas a floresta está 98,2% intacta", fez questão de frisar Hannan.Porém com todo esse banco poderoso de bens naturais existem perigos visíveis à sua preservação e segurança: do seu lado externo, dos sete países com os quais ela faz fronteira, três têm sérios problemas de narcotráfico; do seu lado interno, a região convive com um vazio econômico e demográfico. "Essa região precisa ser olhada pelo Brasil como solução e não como problema. O Brasil tem que deixar de ser omisso com relação à Amazônia".Mudanças - Para transformar a atual realidade do Amazonas e consequentemente somar para a mudança de quadro da região, o vice governador defende o desenvolvimento das atividades econômicas: turismo, pesca, gás (hoje região detém 32% da reserva de gás natural), petróleo, industrialização de frutas tropicais, somada à preservação da ZFM. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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