Zezé quer levar para o Crea-TO experiência do Confea

Brasília, 12 de dezembro de 2005

Ela é uma das duas únicas conselheiras federais que compõe o Confea atualmente. Engenheira mecânica e representante do estado de Tocantins, Maria José Balbaki Fetti, ou simplesmente Zezé, também é uma das conselheiras mais novas no plenário. Paulista de nascença, mas tocantinense por adoção, Zezé diz que aprendeu muito nos três anos em que foi conselheira federal. Ela deixa o cargo com planos para o futuro breve e um dia, quem sabe, voltar ao plenário onde passou uma das mais importantes etapas da vida. Entre um processo e outro, durante mais uma reunião plenária, ela parou para conversar um pouco com nossa equipe de comunicação.

ACOM – Como foram estes últimos três anos aqui no Confea?
Zezé – Foi um período em que estive trabalhando, me dedicando ao máximo para representar a categoria de engenharia mecânica. Sinto que eu fiz um ótimo trabalho.

ACOM – Como foi sua trajetória profissional desde o início?
Zezé – Eu me formei em 1983 e comecei a trabalhar em indústrias em Santa Bárbara D´Oeste, em São Paulo. Lá fiquei durante oito anos, trabalhando na área de máquinas e ferramentas e depois passei a ser assessora da diretoria na área de marketing e vendas. Em 1990, fui para o Tocantins. Quando cheguei lá, não havia mercado para mim, apenas para meu marido que é agrônomo. Comecei a me dedicar à área de ensino, ministrei aula na Universidade do Tocantins e no ensino médio. Depois, em 1996, resolvi prestar consultoria para empresas. Também fiz mestrado na área de energia solar. Hoje também sou empresária em Palmas.

ACOM – E como veio parar aqui no Confea?
Zezé – Em 2002 fui convidada pelo presidente do Crea-TO para representar o estado aqui no Confea. Agradeço muito ao presidente da época por ter me aberto o caminho nessa área. Conheci aqui uma nova fase da minha vida profissional.

ACOM – Como foi essa passagem para o outro lado do balcão?
Zezé – No começo, estranhei, porque sempre fui de colocar a mão na massa, de desenvolver peças, porque minha área requer isso. Quando vim para cá, tive de prestar atenção às questões institucionais. Passei a estudar mais e hoje sinto que me aprimorei muito nesse sentido.

ACOM – Qual foi seu maior aprendizado nestes três anos?
Zezé – Foi um aprendizado muito grande. Saí da área técnica para um estudo aprofundado sobre leis e posicionamento profissional. Em 2003 e 2004 participei da CCS. Foi onde aprendi muito. Entendi como funciona o sistema, até porque a CCS lida com todo o funcionamento da máquina aqui dentro. Quando se está fora, não dá para ter essa visão global. Nesse sentido, considero que fiz um ótimo trabalho.

ACOM – Você também passou por outras comissões?
Zezé – Sim, além da CCS passei pela Comissão do Mérito, Comissão da SOEAA como suplente em 2004 e também fui da Comissão Eleitoral Federal. Participei de vários cursos, eventos e tive contato com todo o sistema. Também fiz viagens internacionais. Em 2004, por exemplo, fui à Índia participar do Fórum Social Mundial.

ACOM – Falando nisso, o que as viagens internacionais lhe trouxeram?
Zezé – O Fórum Social Mundial na Índia foi inesquecível, tanto do ponto de vista profissional como do espiritual. A gente conheceu lá as dificuldades e o modo de viver de uma grande e antiga civilização. Fiquei impressionada em ver como eles valorizam a engenharia. Em novembro de 2004 fui participar da WEC na China. Foi outra experiência importante. Participamos de todas as atividades e me impressionou o crescimento espantoso daquele país. Também estive em Maputo, Moçambique, para um congresso de engenheiros. Tive mais contato com os engenheiros mecânicos de lá, até porque a gente costuma procurar as pessoas ligadas à mesma área. 

ACOM – O que de melhor a senhora deixa aqui no Confea depois desses três anos?
Zezé – Uma das coisas mais importantes de que participei foi a elaboração da Resolução 1010. Também considero fundamentais os projetos que realizei na CCS e na CEP, como o Findata. Acho importante registrar também o trabalho na Comissão do Mérito, onde homenageamos as pessoas de destaque no sistema. Quero deixar saudades.

ACOM – A senhora é uma das duas únicas mulheres hoje no Confea. Como é essa responsabilidade?
Zezé – É verdade, hoje somos apenas eu e a Maria Higina, que é engenheira agrônoma. A gente sentiu dos colegas todo o apoio e respeito que merecemos. É também uma grande responsabilidade numa categoria em que os homens são maioria. Como nós mulheres ainda temos pouca voz, temos o dever de deixá-la registrada e bem marcada aqui dentro.

ACOM – Você representa o estado do Tocantins, mas nem todos os estados têm representação ao mesmo tempo no Confea. Isso deveria mudar?
Zezé – Acho que deveria haver representação para os 27 estados, nem que houvesse um rodízio das áreas a serem representadas a cada ano. Todo mundo precisa de um apoio. Eu represento um estado e fiz um bom trabalho colocando meu estado em evidência. Ter um representante de cada Unidade da Federação fortalece cada Crea e o próprio sistema como um todo.

ACOM – Você ainda tem um longo caminho profissional pela frente. Será que a conselheira Zezé ainda volta para o Confea?
Zezé – Dizem que a minha área para o estado do Tocantins só volta daqui a 20 anos, a não ser que a representação mude. Mas eu gostaria, sim, de voltar como conselheira, até porque saio daqui com uma bagagem muito maior do que entrei. E daqui pra frente minha experiência tende a aumentar. Quero trabalhar mais pela área industrial e pelo sistema.

ACOM – Quais são seus planos para um futuro breve?
Zezé – Quero levar o que aprendi aqui para o Crea do meu estado. Gostaria de trabalhar com os profissionais e pretendo criar uma associação dos engenheiros mecânicos do Tocantins. Tenho o apoio do Feneme para isso. Também quero fazer com que haja um mecânico representante no plenário do Crea do Tocantins. Hoje temos de 70 a 80 eng. mecânicos no estado, que só tem 16 anos. É o mais novo estado brasileiro e tem muito a crescer. E para isso o papel da engenharia industrial é fundamental. Se eu puder realizar isso tudo, tenho certeza que vou acertar em cheio.

Sandro Farias
Da equipe da ACOM