TV digital em debate no Ministério das Comunicações

Brasília (DF), quinta-feira, 31 de março de 2005

Treze grupos de pesquisa em TV digital estiveram reunidos no Ministério das Comunicações, nesta quinta-feira (31), durante a Mostra de Tecnologia Nacional em TV Digital. A atividade foi dividida em duas etapas: seminário no auditório e stands com protótipos, no hall de entrada. Pela manhã, ocorreu a quinta edição do Fórum sobre Políticas Públicas de Telecomunicações que teve como tema o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

Para o secretário de Telecomunicações, Mauro Oliveira, a Mostra permitirá uma avaliação mais pragmática do SBTVD cujo objetivo é propor um modelo que contemple, dentre outros requisitos, aspectos de interatividade com vista à necessária inclusão digital do povo brasileiro.
Criado em 26 de novembro de 2003, pelo decreto 4.901, o Sistema busca um modelo de TV Digital adaptado aos interesses nacionais.

Sincronismo de mídia, pela PUC-RJ foi o tema de abertura do Seminário e que teve como palestrante o coordenador do Laboratório de Telemídia, professor Luiz Fernando Gomes Soares. O professor destacou que a PUC acumula 15 anos de trabalhos referentes ao tema TV Digital e Hipermídia. Ele fez uma demonstração e analisou os programas de TV interativa, tratando de temas como tipos de sincronismo e interatividade. Ao provocar a platéia com a seguinte indagação: SBTVD – oportunidade ou sonho?, Luiz Fernando garantiu que a Academia está disposta a transformar tudo isso em realidade, em oportunidades. O Laboratório de Telemídia da PUC-RJ é considerado um dos quatro melhores no mundo na área de pesquisa de hipermídia.

A experiência da Universidade Presbiteriana Mackenzie em TV Digital e seus avanços fez parte da segunda apresentação no evento, coordenada pelo professor da Escola de Engenharia Elétrica, Gunnar Bedicks Júnior. “Mostramos um pouco do que estamos fazendo na área de testes e de também das atividades de modulação”, ressaltou. Gunnar observou que uma das prioridades do projeto é a busca de informações de campo. “Trazemos, por exemplo, problemas como interferências e testamos no laboratório”, explicou. A Universidade, que desde 1997 está envolvida com o tema, também dispõe de uma unidade móvel equipada que permite, entre outras pesquisas, o mapeamento de diversos modelos de canais. Segundo o professor, não adianta pensar em interatividade se o sinal não chegar à casa do telespectador. “É uma questão de multipercurso”, argumentou. Ele defendeu a necessidade de um sistema robusto que possa funcionar em todos os domicílios.

Resultados – Para falar um pouco do funcionamento do sistema e dos resultados da pesquisa em TV Digital na Unisinos, localizada no município gaúcho de São Leopoldo, o coordenador do projeto, professor Arthur Tórgo Gómez tratou da importância que o sistema tem na região considerada de forte presença no setor calçadista e metal-mecânico.

Entre os resultados alcançados, Arthur Tórgo destacou a implementação do serviço de apoio ao professor em sala de aula, desde o gerenciador até a escola. O trabalho, esclareceu, teve início há seis meses e a interface com o gerenciador na WEB está quase pronta. “Trata-se de uma experiência motivadora, principalmente em função do curto espaço de tempo e dos resultados já obtidos”, acentuou.

De acordo com o professor, ainda há muito o que fazer no Brasil. No entanto, ele acredita que com as oportunidades de integrar conhecimentos é possível se construir algo bem consistente. A TV Digital da Unisinos é a segunda colocada em nível de audiência na região, perdendo apenas para uma TV comercial.

Temas – Vídeo digital, terminal de acesso multimídia e pesquisa em televisão digital interativa no projeto I2TV pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foram outros temas em debate no Seminário.

Professor de Informática da UFSC, Aldo Von Wangenheim falou sobre o projeto que visa o desenvolvimento de modelos de conteúdo para a área de saúde e a melhoria do atendimento ao cidadão. Estão previstas seis aplicações: dois aplicativos e quatro programas de TV, sendo dois informativos, com assuntos atuais. Também haverá um programa voltado ao treinamento de agentes de saúde e outro que busca facilitar o serviço de marcação de consultas.

“A idéia é que nossa experiência seja um modelo para todo o país”, comentou o responsável pela área de Telemedicina da federal catarinense. O projeto está sendo concebido a partir de três pontos fundamentais: a questão da informação para o cidadão; a tentativa de suprir uma lacuna de treinamento de pessoal na área de agentes de saúde e os testes de modelos de atendimento ao cidadão por meio da aplicação do governo eletrônico. Deverá estar concluído em dezembro. A fase atual é de execução de tarefas.

Por Adriana Baumgratz
Da equipe da ACOM