Investigador nato, Rogério Souza de Jesus dedica-se há 33 anos à Engenharia de Pesca, mais precisamente aos estudos sobre gerenciamento de recursos pesqueiros e controle de qualidade do pescado de água doce da Amazônia.
Nascido em 2 de junho de 1959, em Parintins (AM), Rogério abraçou a profissão no início da década de 80, quando concluiu a graduação em Fortaleza (CE) em 1982, e retornou a Manaus já atuando na Associação dos Engenheiros de Pesca do Estado do Amazonas (AEP-AM). Na época estavam fervilhando os preparativos para o III Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca (Conbep), realizado em 1983 na capital amazonense.
Recém-formado, Rogério foi escolhido para ser o secretário-geral da associação e, por consequência, do congresso. “Assim que me formei e retornei para minha terra natal, fui logo me registrar no Crea-AM, quando comecei a me envolver com as iniciativas do Sistema Confea/Crea. Sempre quis trabalhar em prol da valorização profissional, especialmente na área de Engenheira de Pesca, que é uma das engenharias mais recentes do Brasil”, lembra Rogério que, por diversas vezes, foi membro da diretoria da AEP-AM, atuando como presidente, vice-presidente, diretor técnico e administrativo, e atualmente é diretor de comunicação social.
Também foi responsável por repetir, em sua terra, no ano de 2007 a realização do Conbep, evento considerado um espaço técnico-científico para discussão de como gerar alimento e renda sem esgotar ou alterar de forma significativa os recursos naturais. Naquele ano, o congresso foi novamente um sucesso na capital amazonense. As atividades realizadas abriram possibilidades de formação e emprego para inúmeros profissionais da Engenharia de Pesca no Amazonas e até fora do Estado. Esse é, por sinal, outro grande objetivo do congresso que busca solidificar o Brasil, como um polo de pesquisa e produção de alimentos oriundos do meio aquático.
A vida profissional de Rogério teve início na antiga Superintendência do Desenvolvimento da Pesca do Amazonas (Sudepe), em 1982, logo depois de se graduar na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza – dentro do convênio entre a UFC e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em que o curso de Engenharia de Pesca era iniciado em Manaus e a fase prática da graduação, durante os últimos semestres, era efetivada em Fortaleza.
Paralelamente ao trabalho, Rogério atuava no meio acadêmico de Manaus articulando, com outros colegas engenheiros e alguns professores da UFAM, a elaboração do primeiro projeto de criação do curso integral de Engenharia de Pesca no Amazonas, o qual foi instituído após intensa pressão sobre o Conselho Universitário. “Foi uma iniciativa finalmente alcançada em 1985 a partir de muito esforço da AEP-AM. Como resultado, os universitários não precisavam mais ir para Fortaleza para finalizar a graduação. Eles passaram a fazer o curso completo em Manaus”, conta com alegria ao se lembrar dessa conquista.
Nessa linha acadêmica, o engenheiro de pesca buscou construir uma carreira. Cursou mestrado em Ciências de Alimentos na UFAM e no final do curso, em 1988, foi admitido por concurso no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) como pesquisador titular, passando a coordenar o antigo Centro de Tecnologia de Alimentos (CTA/INPA), cargo que deixou em 1994 para cursar o doutorado em Ciências de Alimentos, na Universidade de São Paulo (USP).
Quando retornou a Manaus em 1999, passou a compor o quadro de professores de pós-graduação da UFAM e do INPA. De lá para cá, orientou e coorientou 19 dissertações de mestrado e seis teses de doutorado. Além disso, orientou mais de 30 bolsistas de iniciação científica e de aperfeiçoamento profissional.
Enquanto pesquisador titular do INPA, lotado em Manaus na Coordenação de Tecnologia e Inovação (COTI), Rogério hoje atua na área de tecnologia do pescado e é professor orientador dos Programas de Pós-graduação em Aquicultura (Convênio UniNiltonLins/INPA) e Ciência dos Alimentos.
Dedicado à produção bibliográfica e de pesquisa, Rogério de Jesus possui 20 trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais, três capítulos de livros, além de mais de 40 palestras e conferências em eventos científicos nacionais e internacionais.
Também aprovou vários projetos de pesquisa junto a órgãos de fomento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Participou ainda como membro da equipe científica de vários projetos de pesquisa locais, nacionais e internacionais. Atualmente, é diretor técnico da Red Pan-Americana de Inspección, Control de Calidad y Tecnología de Productos Pesqueros (Red Pan), com sede em Montevidéu (Uruguai).
Já recebeu prêmios em reconhecimento aos processos e produtos de pescado desenvolvidos por seu grupo de pesquisa que lidera desde 1999. Muitos produtos foram depositados com pedidos de patentes, sendo que cinco deles estão em vigência: sopa de piranha, couro de pirarucu, hidrolisado proteico de surubim, hidrolisado proteico de acarí-bodó e hidrolisado proteico de pirarucu. “Considero importante a pesquisa sobre produtos alimentícios, especialmente para inovar o consumo nas merendas escolares. Por exemplo, o picadinho de peixe congelado, ou o minced fish como abordo em minha tese de doutorado, é um tipo de alimento processado e congelado que chega facilmente às escolas. Além disso, o pescado tem a característica de fortificar a refeição das crianças em idade escolar, pois contém ácidos graxos, proteínas e tantos outros nutrientes”, defende.
Ao longo de todos esses anos, Rogério de Jesus vem prestando assessoria e consultoria a projetos de desenvolvimento regional na área de ciências agrárias, principalmente na subárea de tecnologia do pescado. Ao mesmo tempo, tem participado como membro do corpo editorial de várias revistas científicas nacionais e internacionais.
Entusiasta da cultura amazonense, Rogério desenvolve intensa atividade de gestão cultural desde 1988, sendo membro fundador da Associação Cultural Movimento Marujada, que dá suporte ao Festival Folclórico de Parintins (AM). Já presidiu a entidade por duas vezes (2000/2001 e 2009/2010), sendo seu atual vice-presidente. Como forma de homenagear a instituição, em 1999 produziu um registro memorial sobre a Associação Cultural Movimento Marujada.
Por Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea