Participantes de evento no Crea-MG condenam a transposição do rio São Francisco

Belo Horizonte (MG), 09.06.2005

Realizou-se na sede do Crea-MG, nesta quarta-feira (08 de junho), mais um encontro para discussão do projeto do governo federal de transposição das águas do rio São Francisco.

Na abertura do evento o presidente do Crea-MG, engenheiro civil Marcos Túlio de Melo, destacou a importância do debate acerca do projeto e falou da necessidade de revitalização desse que é um dos principais rios de nosso país.
Com a ausência do chefe de gabinete do Ministério da Integração Nacional, Pedro Brito, ou de qualquer outro representante do órgão, o evento praticamente transformou-se num foro de oposição ao projeto.

Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), João Abner Guimarães Júnior, o governo assumiu uma postura autoritária no trato da questão: "O governo  abafou os debates, que só estão ocorrendo agora que as obras já estão para começar", salienta o professor, que é doutor em Hidráulica e Saneamento pela USP. Para ele, trata-se de um projeto caro e que não vai resolver o problema da seca no nordeste brasileiro: "O objetivo é levar a água para os oito maiores açudes, mas ela passará muito distante dos locais mais secos. Para algumas regiões, existem soluções mais práticas, como a exploração racional das reservas locais. Além disso, trata-se de um modelo ultrapassado, que não tem condições de inserir a região na economia globalizada e que não gera a expectativa de um desenvolvimento sustentável".

O engenheiro agrônomo Aluizio Fantini Valério, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), chamou atenção para o grave quadro de depredação do São Francisco, considerando urgente sua revitalização hidroambiental. Segundo ele, o projeto de transposição do rio reflete uma política regionalista ultrapassada, que iria fragilizar ainda mais o "Velho Chico".

Estiveram presentes ainda, entre outros convidados, o coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo H. Lisboa; a diretora de Recursos Hídricos da Associação Mineira de Municípios (AMM), Marcela Monteiro; o deputado estadual Ronaldo João da Silva, além de representantes do Crea-MG e de diversos órgãos ligados à área de meio ambiente.

Da Assessoria de Comunicação
do Crea - MG