Joanesburgo, África do Sul, quarta-feira, 4 de setembro de 2002. O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou no dia 3 de setembro em Joanesburgo, na Cúpula Mundial Rio+10, o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia, ARPA, ressaltando que o programa revela o avanço do Brasil na questão ambiental. "Hoje, ao contrário da Rio 92, temos tranqüilidade de mostrar o bom, e o ruim, e o quê é ruim queremos mudar, e se pudermos contar com a ajuda externa, melhor. As transformações ocorridas no Brasil, ressaltadas hoje por instituições como o Banco Mundial (BIRD) e o WWF (Fundo Mundial para a Natureza), são, realmente para nós, um certificado ISO 14000", considerou FHC. O presidente falou após os representantes do BIRD e WWF, que elogiaram o desempenho brasileiro.Para FHC a assinatura do ARPA entre o governo brasileiro, o Banco Mundial, o Global Environment Facility, GEF, e o WWF foi o fato mais importante, o ponto de honra, da participação brasileira na Cúpula Rio+10. Ele disse que essa declaração conjunta, para a criação e implementação de 28 milhões de hectares de áreas de proteção integral e de desenvolvimento sustentável na Amazônia, é fruto de muito esforço das Organizações Não Governamentais internacionais e nacionais. "A partir de 92, eles nos ensinaram a pensar diferente", reconheceu.O presidente ressaltou que nesses dez anos o Brasil aprendeu que é preciso ter uma outra visão do que seja desenvolvimento. Nela, disse, não importa apenas o crescimento econômico, mas sim a incorporação de dimensões que permitam o avanço da cultura, porém sem destruir sua base, que é a natureza.FHC citou áreas de preservação como o parque Mamirauá, e o mais recente parque Tumukumaki, como ações práticas da decisão governamental de preservar 10% da Amazônia. "Ao mesmo tempo que estamos com a forte preocupação de conservação, estamos com forte preocupação de desenvolvimento e utilização econômica saudável da região. Agora dispomos do Sistema Sivam de radares, que utiliza alta tecnologia e vai nos ajudar muito na nossa meta de preservação", disse.Proposta brasileira - Com relação a não aprovação da proposta brasileira na área de energia, que previa a meta de 10% até 2010 para o uso mundial de fontes de energia limpa e renovável, FHC disse: "Não gosto de pessimismo, nem de decepções. Quando não se consegue tudo, deve-se gritar alto o quê se conseguiu, para poder continuar conseguindo mais. Vamos dando passos, que às vezes não são do tamanho que gostaríamos, mas pior é ficar parado. A lição que tiramos dessa Cúpula de Joanesburgo é que nós vamos avançando. Se alguns países ou bloco de países não quiserem avançar mais, aqueles que estão dispostos, devem fazê-lo. Nós queremos ter meta de 10%, todos os países do Caribe e da América Latina querem, vamos fazer. Os europeus que quiserem, juntem-se a nós. Não podemos esperar que o conjunto de países do mundo esteja sempre de acordo para que se caminhe. Acredito que na medida em que os exemplos forem sendo difundidos, sobretudo por países que não são os mais ricos, eles se constranjam, e que tenham um sentimento que, se não for de solidariedade, seja de vergonha".Confea - Na avaliação do conselheiro federal, eng. agrônomo Luis Alberto, a criação do ARPA tem um significado muito importante para os povos da Amazônia, se o investimento do programa realmente chegar às comunidades periféricas da região. "Isso nem mesmo estava previsto no Programa, só foi incluído devido a grandes pressões da sociedade civil organizada e do governo do estado do Amapá. Espero que realmente saia do papel", disse.Para Luis Alberto é de fundamental importância para o sucesso de ARPA que sejam feitos investimentos nos Institutos de Pesquisa da região. "Dessa forma, o conhecimento ficará no Estado, pessoas que já tem conhecimento da realidade local serão treinadas. Espero que o governo não esteja pensando em criar novos institutos e colocar a frente desse processo pessoas que nada tem a ver com a Amazônia, mas que sempre aparecem quando os recursos chegam ", disse crítico.Participaram da assinatura do ARPA também a enga. civil Neuza Trauzzola, eng. eletricista Paulo Bubach e o eng. civil Marcelo Moraes, todos membros da comitiva do Confea na Rio+10.Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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