Salvador (BA), 8 de outubro de 2024.
O Brasil investe, por ano, R$ 200 bilhões na construção civil. Ainda assim, para que nossa infraestrutura atenda a contento as necessidades da população, seriam necessários outros R$ 200 bi anuais. Além disso, a área emprega 3 milhões de pessoas com carteira assinada e possui o 3º maior salário de entrada registrado no país. Os dados impactantes foram apresentados pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Renato Correia, para justificar a necessidade urgente e imprescindível de inovação e modernização nos canteiros de obra brasileiros, o que pode ser incrementado por meio da utilização do BIM, famosa ferramenta de modelagem da informação. As reflexões sobre o tema foram apresentadas no painel Inovação e Sustentabilidade, realizado no Palco Mundo, que abriu a tarde no segundo dia da Soea, e apresentou perspectivas do Governo, empresas e profissionais sobre o tema.
As discussões foram abertas com o palestrante Rodrigo Koerich, que é presidente do BIM Fórum Brasil, associação civil sem fins lucrativos que reúne diversos agentes da cadeia produtiva da construção. Ele apresentou as ações que vêm sendo desenvolvidas e que giram em torno da pergunta: como digitalizar o setor da construção? O gestor pontuou que o Fórum age nos âmbitos estratégico, tático e operacional endereçados a diferentes atores, como governo, instituições de ensino e empresas. A mediação foi do conselheiro federal eng. civ. Neemias Barbosa.
“A realização de pesquisas para conhecimento da nossa situação real quanto à utilização do BIM, estímulo à normatização com o auxílio do Governo e capacitações estão entre as nossas estratégias para que o uso do BIM no Brasil atinja índices satisfatórios”, afirmou. Rodrigo encerrou a apresentação solicitando que os profissionais respondam a uma pesquisa sobre o uso do BIM que está sendo enviada pelos Creas para todos os profissionais com registro ativo. “Verifique seu spam ou contate seu Crea, você é imprescindível para fazermos a diferença em nosso país”, reforçou.
O segundo palestrante da tarde foi o engenheiro civil Sergio Scheer, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Mdic/Pnud), que apresentou a Nova Estratégia BIM BR. “Nossa nova estratégia está dentro do escopo da Nova Indústria Brasil – programa do Governo Federal que visa impulsionar a indústria nacional até 2033. A iniciativa inclui as ações estratégicas governamentais, que englobam programas como o Minha Casa, Minha Vida e o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”, situou. A estratégia tem grupos de trabalho com três eixos: estruturação do Setor Público para uso do BIM, capacitação de profissionais e políticas de apoio à pesquisa. “O nosso plano de trabalho será apresentado na próxima semana e estamos otimistas quanto à sua implementação” vislumbrou.
Em seguida, a diretora executiva do BIM Fórum Brasil, Raquel Sad Seiberich Ribeiro, apresentou um panorama a respeito da perspectiva dos profissionais sobre a Nova Estratégia BIM BR. Neste sentido, algumas ações de aproximação e inclusão de profissionais e empresas foram e estão sendo desenvolvidas, como estimular a utilização da ferramenta, criar as condições e incentivar o desenvolvimento e utilização das novas técnicas. “As ações não são exclusivas do governo. Como os profissionais contribuem? Por meio de seus Conselhos. Saiam do lugar de ouvintes e venham fazer suas contribuições”, incentivou Ribeiro.
Em relação às mudanças necessárias na formação dos profissionais, a representante do Ministério da Educação (MEC) neste assunto, Tânia Mara Francisco, apresentou o cenário educacional do país, especificamente no âmbito das Instituições de Ensino Superior. “Temos quase 400 instituições de ensino que estão realizando obras e colocamos a obrigatoriedade do uso do BIM nos termos da licitação. Também nos debruçamos em estratégias para a inclusão do BIM nos currículos e temos investido na pesquisa, inovação e sustentabilidade”, apresentou.
O painel foi encerrado pelo presidente da Cbic, engenheiro Renato Correia, que apresentou a perspectiva das empresas brasileiras em relação à utilização do BIM. Segundo ele, as principais barreiras são o investimento nas licenças e o fato de não se conhecer a fundo as potencialidades do uso de tecnologias integradas ao BIM. Como resultado dos grupos de trabalho realizados com o intuito de buscar soluções, o incentivo à adoção do Open BIM, elaboração de plano estratégico das empresas e disseminação das células BIM, com o apadrinhamento destas, figuraram entre as ações necessárias para a melhoria do atual cenário nacional.
Reportagem: Érica Reis Jeffery (Crea-GO)
Edição: Henrique Nunes (Confea)
Fotos: ArtFotos/Confea