Duas mudas da paineira barriguda-do-pantanal decoram a frente do prédio da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal da Grande Dourados. Tanto as plantas quanto o edifício são símbolos marcantes do legado deixado pelo engenheiro florestal Omar Daniel. “Ele amava o pantanal. Sua gente, sua flora, sua fauna, com destaque para os tuiuiús”, conta Maria do Carmo, viúva de Omar.
Já o prédio da FCA – promovida de Departamento a Faculdade graças a Omar - simboliza a luta do engenheiro por uma universidade independente. Até 2005, o campus de Dourados integrava a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Entre 2001 e 2005, Omar foi diretor do Campus e liderou a elaboração do projeto de criação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), fundada ainda em 2005.
Durante toda a sua vida profissional, Omar defendia um ambiente acadêmico desvinculado de influências político-partidárias. “Por sua liderança nata, foi muitas vezes discriminado, porém nunca se calou frente às injustiças e à falta de transparência administrativa”, comenta o colega e amigo Weber Gavassoni. Sua atuação acabou originando o Movimento Universidade Livre, criado para inserir estudantes, técnicos e professores no processo de discussão e de tomada de decisões na administração da Universidade.
A memória de Maria do Carmo, viúva de Omar Daniel, guarda dias de pescaria nos rios Miranda, Dourados, Brilhante, Paraná e Paraguai – que eles chamavam de “nosso rio”. “Ali foi intenso nosso contato com animais, pássaros e com o nosso tuiuiú”, conta Maria do Carmo, com saudades da lancha chamada “Terceira margem”, referência a um ensaio de Guimarães Rosa. “Tive a graça de ter me casado com um homem forte, determinado e poderoso, como uma árvore”, completa.
Além do Movimento Universidade Livre, Omar também foi um grande incentivador da empresa júnior do curso de Agronomia, Terra Fértil. Sua proximidade e influência com os jovens são ilustradas na fala da professora Paula Peixoto: “a contribuição profissional de Omar foi imensa, rica, rendeu muitos frutos, lançou sementes e raízes! Seus pupilos, ex-alunos e ex-orientandos disseminam esses ensinamentos por muitas paragens!”. Símbolos disso são aquelas duas mudas do primeiro parágrafo desta história, plantadas por alunos de Omar em março de 2015. Ao lado das plantas, lê-se na placa de homenagem: “com muita dedicação, responsabilidade profissional e, principalmente, amor, nos tornou frutos de seu conhecimento”.
Omar Daniel faleceu repentinamente em 1º de novembro de 2014, aos 53 anos, deixando construídos família, alunos e uma universidade inteira, não sem antes registrar sua definição de tuiuiú: “após cambaleante impulso, o tuiuiú transforma-se em magnífica cegonha que, simbolicamente, carrega e semeia sementes de esperança e renascimento”, escreveu, sabendo ou não que, ao descrever sua ave favorita, também se descrevia.
Atividades Exercidas
- Professor na Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA (1984-1989);
- Professor no Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (FCA/UFMS) (1990-2005);
– Professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) (2001-2004);
- Professor na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) (2003-2014).
Cargos Ocupados
- Chefe de Departamento e Assessor de Planejamento da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) (1984-1989);
- Chefe de Departamento e Diretor no Núcleo Experimental de Ciência Agrárias da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) (1990-2005);
– Diretor do Campus Universitário de Dourados da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) (2001-2004).
Feitos Relevantes
– Consolidou a emancipação da Universidade Federal da Grande Dourados (2005);
– Publicou o livro “Erva-mate: sistema de produção e processamento industrial” (2009).