O futuro como assunto de Estado

Difusor de conceitos e atividades ligadas à inovação, o professor Gil Giardelli, que de forma inovadora incentiva e ensina a abordar o universo digital e suas infinitas possibilidades, foi um dos palestrantes da 75ª Soea. Estudioso de inovação e economia digital, Giardelli revela por meio de seu currículo que está à frente de seu tempo e que sua caminhada está apenas no início. Com duas décadas de atividades, acaba de criar o curso “Futuro Inteligente, além da inovação”.


Para o futurista Giardelli, “essa inovação tecnológica irá se tornar um diferencial para o usuário. Estamos avançando muito rápido e daqui a um tempo os sentidos como visão, olfato e paladar poderão ser replicados no meio digital”.

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Ao se dirigir a um público atento e ávido por saber como está acontecendo a 4ª Revolução Industrial e a Transformação Digital, tema da palestra realizada nesta quinta-feira (23), Gil, filho de engenheiro, se disse “feliz” com o tema da Semana: “Engenharia e Ética na Reconstrução do Brasil”.

Giardelli, que estudou desenho industrial durante o ensino médio antes de alçar voos em escolas internacionais, é fascinado por tecnologia desde criança, e o encontro com um casal inglês que lhe falou do “mundo digital” foi definitivo: “Comecei a estudar e nunca mais me desliguei do assunto”, confessa.

Pouco antes de iniciar sua palestra, afirmando que traz o que tem aprendido em escolas, em pesquisas e da mistura das ciências humanas, exatas e biológicas, ele falou com exclusividade para o Confea. Acompanhe os principais trechos:

Confea– Como vê o ensino no Brasil?

Gil – Na essência, sou um tecnotimista. Amo nosso país, mas temos encontro marcado com a educação de alto impacto do século 21. Temos milhares de pessoas analfabetas ou semianalfabetas e isso pode atrapalhar. Agora com a educação dividida em ciências humanas, exatas e biológicas temos que buscar pessoas como Da Vinci e Michelangelo. Precisamos de pessoas que vejam beleza nos números, mas que também amem as pessoas e trabalhem para melhorar a vida. Durante um tempo, até a terceira Revolução Industrial, tínhamos a necessidade de separar tudo em caixas e agora isso está mudando. Lamento que o Brasil não trate o futuro como se fosse uma pasta ministerial.

Confea – Como educar a sociedade a fazer uso inteligente dos recursos tecnológicos e das redes sociais, hoje muito usadas para agredir, denegrir e espalhar notícias falsas?

Gil – Os educadores e pesquisadores são entusiastas do Mundo Vuca (expressão, em inglês, utilizada para descrever o mundo atual, resumida em quatro características: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade). Sou ligado a Unesco e prefiro a cadeira dos Tempos Pós-Normais,  marcados por contradição. Hoje, é como se estivéssemos no jardim de infância digital, muitos se comportam como crianças mimadas, ofendendo um ao outro, mas isso passa.

Confea – Qual sua opinião sobre o ensino a distância, muito criticado por quem atua nas áreas de Engenharia e Agronomia?

Gil – A fotografia não acabou com a pintura, a televisão não acabou com o rádio, essas formas de aprender vão coexistir. Algumas matérias podem ser dadas online, outras pedem a presença para que, como na Grécia antiga, se debata sobre os mais diversos assuntos.

Saiba mais sobre o palestrante


Criador de um Master in Business Administration (MBA) para a gestão de empresa por meio digital, Giardelli assina a curadoria e autoria de projeto educacional destinado a executivos que queiram fazer imersão em universidades de Higher Education (educação superior) como Stanford University, Imperial College London e Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde se formou.   Professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo, ele é autor do curso Redes sociais e Inovação digital, desenvolvido no Centro de Inovação e Criatividade (CIC), o primeiro no Brasil a abordar o universo digital.

Com esse currículo – que inclui ainda a colaboração com institutos, fundações –, Giardelli é também escritor e colunista, cofundador da 5era, empresa de tecnologia e informação, pesquisa economia criativa e inovação robótica no ramo da inteligência artificial.

Maria Helena de Carvalho

Equipe de Comunicação