Rio de janeiro, 26 de janeiro de 2011.
O presidente do Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro), Agostinho Guerreiro, afirmou nesta quarta-feira (26) que, se tivesse sido preservada a Mata Atlântica e as prefeituras não tivessem permitido a ocupação desordenada das encostas, o número de vítimas na região serrana por conta do temporal do dia 11 teria sido 80% menor. A tragédia já deixou mais de 830 mortos e 500 desaparecidos.
- O Estado foi praticamente todo coberto por Mata Atlântica e hoje tem em torno de 5% a 10% da área inicial. Neste território desprotegido, uma chuva que antes encontrava uma proteção natural não encontra mais, o escoamento não acontece e por isso ocorrem deslizamentos. Antes descia só água. Agora desce água com lama e com maior velocidade. Se a Mata Atlântica tivesse sido mantida, mais de 80% das vítimas teriam sido salvas.
O relatório preliminar sobre os efeitos das enchentes ocorridas na região serrana foi elaborado pelos profissionais do conselho, após vistoria dos principais locais atingidos nas cidades de Teresópolis e Nova Friburgo. O documento aponta as possíveis causas da tragédia e as soluções imediatas, de médio e longo prazo para evitar novos acidentes.
Os principais motivos para o deslizamento, de acordo com o Crea, foram o desmatamento e a ocupação desordenada da área. Segundo o órgão, sem a cobertura original, a Mata Atlântica absorve água de forma lenta, o que aumenta a velocidade da água e, consequentemente, forma-se a tromba d´água.
Se as medidas que eles sugeriram não forem tomadas, o presidente da entidade afirma que o risco de acontecer um novo desastre é muito grande.
- Se não forem tomadas as medidas que foram sugeridas, ano que vem tem grande risco de acontecer tudo de novo. Por isso, as coisas precisam ser feitas antes do próximo verão.
Entre as soluções sugeridas está a construção de barragens ao longo das encostas, começando próximas às nascentes dos rios. Além disso, também foram recomendadas obras de contenção de encostas e pequenas ondulações no curso dos rios para diminuir a velocidade das águas.
Falta de estrutura
Guerreiro disse ainda que a culpa pela tragédia passa diretamente pelas prefeituras. Ele deixou claro que os municípios atingidos não têm estrutura para evitar novos problemas. Por isso, pede união com os governos Estadual e Federal.
- A tragédia ocorreu porque as prefeituras não agiram. Não digo nem as atuais, mas sobretudo as de 35, 30, 25 anos atrás. Além disso, as prefeituras não têm os equipamentos necessários e nem técnicos para que isso seja evitado no futuro. É preciso união com Estado e com o Governo Federal também.
Fonte: R7