Engenheiro agrônomo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 1968; Especialista (1969) e mestre em Estatística (1976) pela Universidade de São Paulo (USP)
Nascimento: Fortaleza-CE, 23/07/1946
Falecimento: Fortaleza-CE, 13/01/2023
Indicações: Universidade Federal do Ceará – UFC e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-CE)
Os laços paternos com a Universidade Federal do Ceará – UFC estimularam o convívio do engenheiro agrônomo Roberto Cláudio Frota Bezerra não apenas com a instituição, mas com toda a educação. “A universidade influenciou toda a família. Dos sete irmãos, cinco se tornaram professores da UFC. Ele sempre se apresentou como engenheiro agrônomo, apesar de não ter exercido”, conta um dos filhos, o médico Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra. A Universidade decretaria três dias de luto em sua homenagem.
Ex-prefeito da capital cearense, o médico conta que seu avô, o também engenheiro agrônomo Prisco Bezerra, foi um dos responsáveis pela federalização da Escola de Agronomia que constituiria, em 1954, a Universidade do Ceará, sob a liderança do primeiro reitor, Antônio Martins Filho. Pró-Reitor de Planejamento e Finanças e, por duas décadas, diretor da Escola, Prisco foi professor titular do Departamento de Biologia.
Em sua posse como reitor, Roberto Cláudio Frota Bezerra teria sua beca colocada pelo próprio Antônio Martins Filho. Apesar da identificação com a Agronomia, sua trajetória acadêmica e profissional também seria associada à Estatística.
O filho do homenageado comenta que sua mãe, Maria das Graças Rodrigues Bezerra, cursou três anos de Agronomia. “Papai foi professor dela no cursinho. Ela abandou a universidade, mas, posteriormente, fez Estatística e se tornou servidora da UFC”.
Entre as características do gestor, que desempenharia também funções de destaque junto ao Conselho Nacional de Educação – CNE, o ex-prefeito de Fortaleza destaca sua capacidade de diálogo. “A disciplina era a de conversar. Tinha uma agenda social animada e era um bom conselheiro, o que me influenciou a ir para a política universitária”, diz Roberto Cláudio Bezerra.
Os diálogos sobre a UFC eram também constantes. “Conversava com todos os reitores da UFC. E era também meu grande conselheiro. Sempre uma voz sensata, de equilíbrio. Na política, ele nunca se envolveu, mas eu tinha um crítico muito construtivo e maior entusiasta da minha vida pública. E a do Prisco”, diz referindo-se ao senador suplente pelo Estado do Ceará, economista a exemplo do também irmão Gerardo. A única filha é Elisa Rodrigues Bezerra.
“Ficamos muito honrados. Ele estaria muito honrado. Ele desenvolveu no CNE as diretrizes curriculares da engenharia, estava em permanente diálogo com as entidades. Tinha muito orgulho desse trabalho. Essa homenagem o mantém vivo”, descreve o filho.
Ainda segundo Roberto Cláudio, a aproximação com área tecnológica referenciava a proximidade com o ex-reitor, engenheiro mecânico Jesualdo Pereira Farias. Continuador da política de interiorização da UFC, entre 2008 e 2015, ele conta que era vice-diretor do Centro de Tecnologia quando Roberto Cláudio assumiu seu primeiro mandato à frente da instituição. “Ele era uma referência, conhecia a universidade como poucos”.
Em seu segundo mandato, o reitor convidou Jesualdo a presidir a comissão de implantação do Programa de Gratificação de Estímulo à Docência. “O objetivo era fazer todo o processo de avaliação, estimulando que professores pesquisadores tivessem um ganho adicional”.
O ex-reitor reforça a habilidade emocional do engenheiro Roberto Cláudio. “Tratava todos com muito respeito. Geria com muita tranquilidade e competência”, diz, destacando a interiorização da universidade com cursos de Medicina no Sul e no Norte do Estado. “Ele enfrentou também o aumento de vagas, ampliando a carga horária de professores e a produtividade”.
Também amigo da universidade, o ex-diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFC, eng. agr. Francisco de Assis Melo Lima, foi Pró-Reitor de Extensão da UFC a convite de Roberto Cláudio. “Eu também gostava da história da instituição. E ele era muito acolhedor. Aprendi muito com ele”, conta, destacando que “sua principal bandeira era o avanço da qualidade, o incentivo à pesquisa e à inovação na universidade, na Andifes, no CNE”.
Francisco Melo considera que a convivência com o pai, Prisco Bezerra, contribuiu para a identificação do homenageado com o curso de Agronomia e atribui à Láurea ao Mérito “um reconhecimento ao professor e ao que ele representa como engenheiro agrônomo, uma liderança, não só no Ceará, que reconhecia a importância do Sistema”.
Coordenador da Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap), do Confea, o conselheiro federal eng. agr. Luiz Lucchesi, lembra o empenho do colega em favor da modalidade. “Ele relatou o processo que resultou nas DCNs para o curso de Agronomia, em 2006, uma pessoa sensível à integração entre os sistemas educacional e profissional”, diz o professor, que, na condição de coordenador do curso de Agronomia da Universidade Federal do Paraná – UFPR, contou com a participação remota do ex-reitor na celebração do centenário da Escola Agronômica do Paraná, em 2018.
Trajetória Profissional
Na Universidade Federal do Ceará – UFC, Professor do Departamentos de Economia, de Estatística e de programas de pós-graduação como o de Economia Agrícola (1970-2003), assessor de Planejamento da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (1979-1983), pró-reitor-adjunto de Assuntos Estudantis (1983-1987), pró-reitor de Planejamento (1987-1991) e reitor (1995-1999 e 1999-2003); Na Universidade New Hampshire – EUA, pesquisador visitante na área de Estatística Computacional (1985); Consultor do Sistema de Avaliação Básica – Saeb, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – Inep (1992-1994); Na Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – Andifes, participou de vários grupos de trabalho e presidiu a comissão de orçamento (1995-2003); Membro da missão do governo brasileiro na Inglaterra e em Portugal sobre a avaliação e financiamento universitário (1996); No Conselho Nacional de Educação – CNE, Membro (1998-2023); Conselheiro (1999-2006), Vice-Presidente (1999-2002) e Presidente da Câmara de Educação Superior (2002-2006); Membro do Conselho Assessor do Centro de Estudos Brasileiros na Universidade de Salamanca, Espanha (2000-2003); Presidente do Conselho de Universidades Cearenses (2001-2002); Autor do livro “Minha Universidade, Minha Vida”, ao lado do jornalista Ítalo Gurgel (2017); Vice-presidente do conselho curador do Conselho da Fundação de Apoio a Serviços Técnicos, Ensino e Fomento a Pesquisas – Astef (2018-2023).