Gramado, 11 de agosto de 2023.
A programação da 78ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea) reservou espaço para lideranças internacionais dialogarem sobre “Certificação profissional – tendências e panorama mundial”. O encontro entre representantes de entidades mundial, pan-americana, da Itália, Argentina e Bolívia aconteceu na tarde do último dia do evento e teve a participação de lideranças do Confea.
O painel foi moderado pelo presidente eng. civ. Joel Krüger, que ressaltou a importância do debate. “Este tema é importantíssimo para o Sistema pois está ligado à mobilidade profissional que, em alguns casos, demanda que o engenheiro seja certificado”, comentou. O Conselho brasileiro vem trabalhando neste projeto a fim de firmar parcerias com entidades internacionais, como as norte-americanas. “O objetivo é que os nossos profissionais sejam atualizados e certificados para atuar em diversos países”, afirmou o líder do Confea, depois de agradecer aos palestrantes pelo compartilhamento de informações.
O diálogo foi aberto pelo presidente da Federação Mundial de Organizações de Engenharia (Fmoi), eng. José Vieira, que detalhou o conceito de certificação profissional. Ele também falou da importância da formação inicial e continuada e da qualificação, além de abordar o contexto da globalização – marcado pelos fluxos migratórios e universalização da aplicação de tecnologias digitais – que influencia o mercado de trabalho e a mobilidade de profissionais.
O engenheiro explicou que certificação é um processo que estabelece uma base de requisitos mínimos pelo qual se obtém reconhecimento formal de experiências e competências para a profissão de engenheiro. “É uma forma de validar os conhecimentos e experiência adquiridos pelos engenheiros ao longo da sua carreira, demonstrando que eles possuem as competências específicas necessárias para desempenhar determinadas funções dentro da sua especialidade”, pontuou, lembrando que a certificação pode ser reconhecida e valorizada tanto por empregadores como por clientes, aumentando as oportunidades de emprego e projetos.
Segundo a liderança mundial, entre os benefícios da certificação profissional estão o reconhecimento da indústria; qualificação para funções especializadas, gerando promoções; mobilidade profissional; e maior credibilidade sobre a competência do profissional. “Possuir certificação atesta compromisso em manter altos padrões profissionais e manter-se atualizado com as melhores práticas, além de contribuir para o reconhecimento mútuo da formação e da capacidade profissional à escala global, facilitando a mobilidade de profissionais num sistema compartilhado e aceite em cenários de progressiva globalização econômica.”
Vieira motivou o público a adquirir competências para atuar em uma nova sociedade. “A inovação deve ser assumida pelos engenheiros que têm conhecimento técnico e coragem ética para resolver os grandes desafios que o planeta enfrenta para benefício da humanidade e proteção do meio ambiente. Devem assumir papéis de liderança não apenas em projetos técnicos, mas também nos âmbitos social e político, com vista a um mundo sustentável.”
Como fonte de capacitação, Vieira sugeriu a Academia WFEO (Federação Mundial de Organizações de Engenharia), um portal de treinamento gratuito aberto a todos os engenheiros afiliados a uma das instituições membros da entidade, oferecendo oportunidades para desenvolver competências para se adaptar aos desafios do desenvolvimento sustentável.
Já a representante do Conselho Nacional de Engenheiros da Itália, Ania Lopez, apresentou a Agência de Certificação Voluntária das Competências dos Engenheiros e a plataforma de serviços WorkING como projetos para aprimoramento de profissionais. “A diferença de uma carreira pode estar determinada a partir de uma certificação de competências específicas, o que criará um engenheiro com altíssimo nível de especialização em um mercado de trabalho cada vez mais exigente”, reforçou a engenheira que faz parte da WFEO e coordena o Comitê da Mulher Engenheira na Itália.
A vice-presidente do Conselho Profissional de Engenharia Civil da Argentina, Alejandra Fogel, reforçou que a sociedade demanda inovação e tecnologia voltadas para o desenvolvimento nacional. “Nesse sentido, o exercício da Engenharia Civil implica dispor de um conjunto de conhecimentos científicos, técnicos, ambientais e sociais para estudar, projetar, dirigir, construir, melhorar e implementar obras e processos que permitam resolver as necessidades da sociedade, tendo em conta a melhora do habitat, do ambiente e da qualidade de vida das pessoas”, salientou Fogel, ao citar o mestrado em Planejamento e Gestão da Engenharia Urbana em seu país, que é validado pela Comissão Nacional de Avaliação e Acreditação Universitária. “A complexidade dos problemas têm aumentado, mas, também, as ferramentas”, frisou.
O presidente da União Pan-americana de Associações de Engenheiros (Upadi), por sua vez, motivou os representantes das entidades de classe de todo o mundo a interagem sobre certificação, a fim de romper barreiras ainda impostas para migração de profissionais. “A falta de classificação padronizada internacionalmente de profissionais na região ou países pode desencorajar o movimento, especialmente por indivíduos mais experientes”, observou Aridai Herrera.
A consolidação de alianças e convênios também é a sugestão do líder nacional da Sociedade de Engenheiros da Bolívia. “Criar mesas técnicas binacionais para supervisão de projetos de investimento para o desenvolvimento e integração de nossos países”, incentivou o engenheiro Jorge Alberto Raslán.
Julianna Curado
Equipe de Comunicação da 78ª Soea
Fotos: Studio Feijão e Lentilha e Marck Castro/Confea