Engenheiro Químico pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em 1982; Mestre em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), em 1985; Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP)/Laboratoire Des Sciences Du Genie Chimique, França, em 1991
Nascimento: Piracicaba (SP), 22 de outubro de 1955
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP)
Considerada a base da educação superior no país, a articulação entre ensino, pesquisa e extensão está representada claramente pela atuação do professor e engenheiro químico Deovaldo de Moraes Júnior. Admirado por sua didática, referência na pesquisa e na integração de suas metodologias e equipamentos com as demandas da sociedade, Deovaldo criou tecnologias e procedimentos ligados ao tratamento de gases tóxicos e outras inúmeras atividades que alimentam suas aulas e as de outros mestres que adotam suas metodologias em todo o país.
“Ensino, pesquisa e extensão. Conseguiu fazer essas três coisas. A extensão também tem uma coisa bacana, como kits didáticos levados para a USP, Unicamp, Federal de Minas, Brasília, Paraná, Maranhão para ensino e pesquisa. Conheci muita gente boa no Brasil, em apresentações nas universidades”, diz, demonstrando a mesma disposição atualmente para as seções de fisioterapia necessárias para manter o movimento de seus membros inferiores, em decorrência de um procedimento médico, e reverenciando seus orientadores de mestrado, Afrânio Zambel, e de doutorado, José Teixeira Freire, além de professores de graduação como Everaldo César da Costa Araújo, Satoshi Tobinaga, José Renato Coury, César Costa Pinto Santana, Newton Lima Neto e Wu Hong Kwong.
Desde 2000, coordenador do laboratório de ensino, pesquisa e extensão e coordenador científico do mestrado profissionalizante em Engenharia Mecânica da Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos-SP, ele começou a desenvolver suas inovações na década de 1990, ainda na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) onde se graduara. Nela, atuou por 13 anos entre aulas, orientações e as coordenações do Laboratório Didático de Operações Unitárias, Fenômenos de Transporte, Reatores Químicos e Bioquímicos, Processos Químicos e de seu projeto de montagem.
Nas duas universidades, sua trajetória acadêmica é marcada pela motivação e inovação. Seu extraordinário senso prático e pedagógico tornou a academia e a indústria do país devedores dos conhecimentos e equipamentos elaborados por este paulista responsável pela formação de centenas de profissionais, em cursos de graduação, mestrado e doutorado. Muito além dos repositórios acadêmicos, a produção científica de Deovaldo de Moraes Júnior ganhou reconhecimento nacional e internacional.
Uma prática mais bem explicada pelo diretor da Faculdade de Engenharia da Unisanta, eng. civ. e mec. Aureo Pasqualeto, ao descrever seu primeiro contato com Deovaldo. “Ele já dava aula na Federal de São Carlos. Ficamos impressionados, até por conta de uma parceria entre as universidades para construir esses equipamentos. Ele estava desenvolvendo projetos que demonstravam os princípios de mecânica de fluidos, energia e transporte de líquidos e gases. E desenvolveu alguns equipamentos que tornavam possível a visualização dos processos de uma forma bastante clara. Então, era muito simples observar os processos ao mesmo tempo em que se compreendia a base científica do que estava acontecendo, conhecer os princípios e observar o fenômeno visualmente”.
Aureo explica que o convite à instituição santista foi aceito, sob a perspectiva de ampliação do alcance criativo, hoje já patenteado, da obra de Deovaldo. “Isso gerou a instalação de um laboratório de operações unitárias onde foram construídos mais de 50 tipos de equipamentos desses, um acervo tecnológico precioso em torno de ensino e pesquisa. Ele torna isso muito leve, apesar de ser complexo, compreensível com uma base teórica. Referência em pesquisa e na indústria”, diz. Ainda segundo o engenheiro civil e engenheiro mecânico, os processos se aplicam a diversas situações, adaptadas e desenvolvidas pelas equipes de alunos em um laboratório com auxílio de impressoras 3D e outras tecnologias.
Para o engenheiro químico Antonio Pousa Neto, aluno na graduação e no mestrado da Unisanta, Deovaldo une a capacidade e o conhecimento técnico de diversas disciplinas da Engenharia com uma capacidade didática sui generis. “Ele poderia ter tido uma carreira de muito sucesso na indústria, mas optou por passar esse grande conhecimento formando o engenheiro, inclusive em algumas habilidades comportamentais, como a comunicação em público”, diz, citando que ter aulas no laboratório desenvolvido por ele era e continua sendo muito desejado pelos alunos, a exemplo de seu filho, hoje no mestrado da Unisanta.
“Deovaldo transcende. No ensino de engenharia, você não encontra realmente esse talento por aí. A criatividade dele é fora do comum. Além disso, ele motiva, tira a pessoa daquele estado meio letárgico, tira da zona de conforto, isso é um fator altamente positivo. Uma relação que vai atrás dos desafios, buscando criar e olhar as coisas de todas as formas, 360 graus. Sempre enaltecendo a humildade de aperfeiçoar. Engenharia é sempre mutável”, depõe ainda o ex-aluno de graduação, orientando de mestrado e coorientando de doutorado Edinaldo Pereira da Silva, engenheiro químico especialista sênior na Petrocoque S.A. e professor convidado do Programa de doutorado em Engenharia Mecânica na Unisanta.
A engenheira química Marlene Silva de Moraes, esposa de Deovaldo, também reverencia o mestre. “Um profissional exemplar, não se atrasa para as aulas, não se importa em explicar para os alunos até mais tarde, um educador perfeito. Foi o melhor professor que eu tive. E meu coorientador no mestrado e no doutorado. Essa homenagem é bastante justa e merecida. Deovaldo continua bastante produtivo, apesar da dificuldade do acidente. Além de excelente profissional, é um pai maravilhoso, sempre presente, amoroso e justo. Dá a vida para que os filhos (Pedro Henrique, estudante de engenharia de produção, e Júlia Silva de Moraes, estudante de Educação Física) tenham sucesso, além de ser meu ídolo como marido”, diz.
Em relação à condição vivenciada por Deovaldo atualmente, o ex-aluno Edinaldo expressa aquilo que todos os seus colegas desejariam manifestar: “Ele tem o espírito de superação, sei que ele vai melhorar. Deovaldo é uma pessoa que mostra uma confiança muito grande. Um ser emblemático”.
Trajetória profissional
Engenheiro químico da Universidade de São Paulo – USP (1982-1984); Professor adjunto da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar (1986-1999); Professor e coordenador do laboratório de ensino, pesquisa e extensão e coordenador científico do mestrado profissionalizante em Engenharia Mecânica da Universidade Santa Cecília – Unisanta (2000-dias atuais).