Eficiência e proatividade serão as marcas da nova gestão do Crea-BA

Brasília, 22 de dezembro de 2020.

Nos próximos três anos, a gestão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) será focada em engenharia pública, fiscalização, capacitação e incentivo à contratação de profissionais. Esse é o plano do engenheiro agrimensor Joseval Costa Carqueija, que assumirá o mandato em janeiro de 2021 e promete implementar ferramentas e processos inteligentes no Regional. “Esses serão os principais pilares, mas também estaremos atentos ao debate dos assuntos nacionais e estaduais relacionados com a engenharia, de modo que o Crea emitirá opinião”, garante. Na entrevista a seguir, Carqueija fala ainda sobre a promoção da equidade de gênero no Sistema Confea/Crea e Mútua, parcerias com órgãos públicos e desenvolvimento do país.

Especializado em Geotecnologias-Soluções de Inteligência Geográfica e com larga experiência nas áreas de consultoria, agricultura familiar e energias alternativas, Carqueija iniciou carreira no Crea-BA em 2009, quando foi eleito conselheiro. Já em 2011 e 2012, foi diretor administrativo, e em 2018 e 2019 assumiu a titularidade da Coordenadoria Nacional das Câmaras Especializadas de Engenharia de Agrimensura do Sistema. Na Mútua local, foi diretor-geral entre 2015 e 2017. Também já esteve à frente de importantes entidades profissionais como a Federação Nacional dos Engenheiros Agrimensores (Fenea), tendo contribuído na fundação de oito associações de classe da Bahia.  

Site do Confea: Qual sua agenda de prioridades para este mandato? Como serão colocadas em prática e quais resultados positivos irão gerar?

JC: É preciso antes de mais nada que o Crea atenda a contento a sua missão fiscalizadora. Nesse quesito intensificaremos ações conjuntas com o Ministério Público. Trabalharemos bastante a divulgação e ações educativas, mas também as emissões de auto de infração, sobretudo, em profissionais e empresas reincidentes. Trabalharemos com ferramentas "inteligentes", priorizando o georreferenciamento. Concomitantemente, o Conselho precisa ser eficiente nas suas atividades tidas como "cartoriais", como registro de profissional e de pessoa jurídica, inclusão de responsável técnico, emissão de certidões, anotações de cursos e demais atividades. Como profissional da iniciativa privada, já sofri muito com o não atendimento às cartas de serviços e priorizaremos a eficiência também nessa questão. É o mínimo que podemos fazer, não atrapalhar os profissionais e empresas empreendedoras. Trabalharemos ainda a dimensão complexa da engenharia pública. Ela é desafiadora, mas muito importante, sobretudo, nas grandes cidades da Bahia, como Salvador, onde mais da metade das habitações são tidas como irregulares ou sem acompanhamento de profissionais do Sistema Confea/Crea. Desta feita, envolveremos o público-alvo, ou seja, os beneficiários, associações de bairros. Todas as tratativas anteriores envolveram universidades, prefeituras, entidades de classe, mas faltou descer às bases, aos beneficiários, e agora trabalharemos essa dimensão. Fortaleceremos as entidades de classes, a fim de aprimorar a qualificação técnica e científica dos profissionais por meio de um programa de educação permanente, estimularemos e apoiaremos a criação de associações profissionais em todo o Estado da Bahia. Por último valorizaremos, além da sede, todas as 26 inspetorias regionais. Os últimos presidentes esqueceram o interior. Nós nos reuniremos em todas as regiões e faremos agendas positivas de trabalho, priorizando fiscalização, capacitação e incentivo à contratação de profissionais. Esses serão os principais pilares da gestão, mas também estaremos atentos ao debate e discussão dos assuntos nacionais e estaduais relacionados com a engenharia, submetendo às câmaras o assunto e aprovação do plenário, de modo que o Crea não ficará em cima do muro, mas emitirá opinião, é o que a sociedade e os profissionais esperam.


Site do Confea: Na sua avaliação, o Sistema Confea/Crea e Mútua demanda uma readequação de procedimentos? Por quê? Se sim, qual tipo de reestruturação é necessária e como sua gestão irá atuar neste sentido?

JC: Temos, sim, alguns aspectos que gostaríamos de ver modificados nessa próxima gestão. Não é possível que, enquanto Sistema, tenhamos entendimentos e procedimentos diferentes e às vezes divergentes entre Conselhos Regionais. Gostaríamos que o Confea conseguisse unificar os sistemas. Da mesma forma, colocar em prática a ART Nacional. Os profissionais não se sentem representados com as atuais modificações, precisamos urgentemente da implementação da Tabela de Obras e Serviços, TOS. Por último, não é possível que o Sistema das profissões da área tecnológica não possua seu sistema de eleições eletrônicas, on-line. Gostaríamos de trabalhar todas essas demandas e fazer gestão proativa, seja junto às nossas representantes, conselheiras federais Michele e Marjorie, como também no Colégio de Presidentes.

Site do Confea: Neste pleito, seis mulheres foram eleitas para os Creas do Acre, Alagoas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Antes, apenas quatro Regionais eram presididos por engenheiras. Qual a sua análise sobre esse crescimento da representação feminina e qual a importância de se fomentar a pauta equidade de gênero no Sistema?
 
JC:
Entendo como algo muito positivo, e esse é o pensamento do grupo que me acompanha. Fomos a única candidatura que teve uma chapa feminina para conselheiras federais. A questão de gênero é pauta da nossa gestão, e as mulheres também estarão na nossa diretoria e na nossa gestão. Já temos uma Associação Feminina de Engenheiras da Bahia, e iremos apoiar as ações da entidade, sobretudo, com seminários e ações positivas visando à valorização e à inserção no mercado. O crescimento da representatividade feminina é forte tendência no Sistema e tem sido gradual. Esse crescimento se deve a um movimento agregador liderado pelas mulheres que já ocuparam ou ocupam cargos de liderança tanto no Sistema como fora dele. Esse movimento considera e esclarece as mulheres sobre o seu papel dentro do Sistema e na sociedade como um todo, as informam e capacitam no que tange ao Sistema, as suas metas e, principalmente, a sua atuação como parceira no desenvolvimento e modernização do Sistema como um todo. A equidade de gêneros deve ser pautada e ter continuidade, agregando os gêneros ao Sistema e fazendo deles entes representativos. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável no 05 da ONU trata da Igualdade de Gêneros e não há como um Sistema robusto como é o Confea/Crea e Mútua não ter atuação de destaque nesse aspecto.

 
Site do Confea:  Acredita que a integração dos Creas dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais caminhos possíveis, dos pontos de vista institucional e político? Quais vantagens esse movimento pode gerar para o Sistema e para os profissionais do setor?

JC: Sim, a integração dos Creas e do Confea com as suas regiões geográficas é de suma importância para um Sistema socialmente referenciado e, portanto, mais próximo dos profissionais. A região do Matopiba tem características naturais semelhantes, está no Cerrado e sobre o Aquífero Urucuia, e tem sido considerada a última fronteira agrícola a ser explorada. Dessa forma, é preciso de fato de ações conjuntas de fiscalização, bem como uniformização de procedimentos. Acreditamos que a solução mais ampla é a uniformização nacional dos procedimentos, por meio de um sistema único operacional com base no Confea.

Site do Confea:  Muito se fala na responsabilidade e habilidades dos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea como contribuição direta para o desenvolvimento do Brasil e para a implantação de políticas públicas que levem à retomada do crescimento nacional. Qual sua avaliação sobre essa viabilidade?

JC: O profissional afeto ao Sistema Crea/Confea e Mútua tem suas habilidades estritamente ligadas ao desenvolvimento do país. A aproximação do Sistema ao Governo Federal e governos estaduais e prefeituras viabilizará ações assertivas por parte do nosso Sistema culminando no cumprimento do seu papel fundamental de proteção à sociedade. Agendas parlamentares nacional e regionais serão responsáveis por essa viabilização. Possuímos boas universidades e também excelentes profissionais. As empresas de engenharia do Brasil possuem reconhecimento internacional, com atuação em toda a América Latina, África e inclusive na Europa, porém, o país em crise não gera novos campos de trabalho. Na verdade, o que precisamos em primeira mão é atuarmos em parceria para não atrapalharmos essa engrenagem, sendo o máximo eficientes em nossos serviços. Outro quesito importante é que precisamos defender a engenharia nacional, algo que não foi feito por gestões anteriores. Um aspecto é o combate à corrupção, que todos os brasileiros devem apoiar. Outro é assistirmos passivamente a um desmonte proposital das empresas de engenharia nacional privadas e públicas, como se todos fossem corruptos e necessitassem sucumbir. Quem ganhou com isso, as empresas de engenharia internacionais, e sofreremos bastante com o fechamento de unidades da Petrobras, da Odebrecht e demais empresas. O Sistema Confea/Crea assistiu calado a esse desmonte, com graves repercussões na economia nacional e em nosso Sistema. Precisamos refletir sobre e, em tempo, emitirmos uma nota nacional. Por último, enquanto uma política pública, em tempo de crise, é necessária a promoção de estratégias para inserção dos novos profissionais. Se o Sistema fizer a cada semestre um evento estadual reunindo empresas de engenharia e profissionais com um e cinco anos de formados, para que as empresas digam quais as habilidades e comportamentos os profissionais precisam ter, e após as palestras, promovermos a realização de conversações entre profissionais e empresas, fomentarmos cursos sobre as habilidades propostas, estaremos no caminho do apoio à inserção de novos profissionais no mercado de trabalho, e o Sistema ajudará o país a retomar o crescimento. São essas nossas contribuições iniciais e, no período da transição, verificaremos as estratégias desenvolvidas na atual gestão, aproveitando aquelas que estiverem dando resultados positivos dentro da nossa estratégia de gestão e propondo também o novo planejamento para aqueles quesitos que não estão a contento ou não foram implementados. Agradecemos a oportunidade da consulta do Confea sobre as nossas propostas para a gestão 2021-2023.

Julianna Curado
Equipe de Comunicação do Confea
Foto: Arquivo pessoal