Cerca de 150 agentes da comunidade acadêmica e da indústria estão reunidos em Brasília, nestas terça e quarta-feira (25 e 26/6), na sede do Conselho Nacional de Educação, participando do X Fórum de Gestores das Instituições de Educação em Engenharia. Com o tema “Implantação das novas diretrizes curriculares para a Engenharia”, o evento é realizado pela Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge), com apoio do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), do Conselho Nacional de Educação (CNE) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além do presidente do Confea, também participam da agenda os conselheiros federais eng. civ. Osmar Barros Júnior, eng. agr. Luis Antonio Lucchesi e eng. eletric. Jorge Luiz Bitencourt, o presidente do Crea Bahia, eng. civ Luís Edmundo Prado de Campos, e conselheiros regionais das Comissões de Educação nos Creas.
Homologadas pelo Ministério da Educação em abril, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) funcionam como guias que orientam a elaboração dos projetos pedagógicos dos cerca de 6 mil cursos de engenharia existentes no Brasil. O processo de construção das novas diretrizes considerou tendências atuais, como formação por competências e aprendizagem ativa (as diretrizes anteriores foram estabelecidas em 2002). O projeto de resolução que estabelece as novas DCNs foi fruto de trabalho de uma comissão que, coordenada pelo Conselho Nacional de Educação, envolveu os setores acadêmico (representados pela Abenge) e empresarial (por meio da Mobilização Empresarial pela Inovação, fórum da Confederação Nacional da Indústria – MEI/CNI), além do Confea. Nesta semana, todos esses agentes debatem as possíveis formas de avançar na implantação das diretrizes recém-aprovadas.
“Pretendemos sair daqui com uma nova comissão nacional, que gere documentos e ajude na implantação das DCNs. Com esse time todo, acredito que vamos ter muito sucesso em formar mais e melhores engenheiros, de que o Brasil tanto precisa”, afirmou o presidente da Abenge, Vanderli Fava de Oliveira, coordenador-técnico do Fórum. Representante dos estudantes, a presidente da Abenge-Estudantil, Ingrid Reis, entende o Fórum desta semana como uma oportunidade de abertura. “Ouvir os estudantes durante esse processo de adaptação é fundamental”, avaliou, ainda durante a solenidade de abertura.
O X Fórum de Gestores das Instituições de Educação em Engenharia está sendo transmitido ao vivo pelo Facebook do Confea.
Veja o vídeo da manhã.
Para o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger, alinhamento e ponto de equilíbrio devem nortear os trabalhos da semana, tendo em vista as diversas visões que permeiam a construção das novas diretrizes. A maior preocupação de Krüger é o sistema de avaliação dos cursos. “Não podemos pensar avaliação como um sistema cartorial e meramente repetitivo. Temos dificuldade de entender a qualidade de certas instituições que têm nota máxima na avaliação”. Para ele, embora a atualização das diretrizes represente um avanço, ela não garante a qualidade dos profissionais que se formam a cada ano. “O Confea tem a obrigação de proteger a sociedade brasileira. Não podemos deixar que cidadãos sem um mínimo de formação qualificada exerçam engenharia”, afirmou Krüger, que, além de atuar no Sistema Confea/Crea, acumula 34 anos de atividade docente. Os métodos de avaliação dos cursos de ensino superior foram destaque durante a primeira mesa-redonda do Fórum, que ocorreu após a abertura do evento.
O protagonismo das instituições de ensino
Para o presidente do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Liza Curi, embora as novas diretrizes curriculares expressem “o que há de mais importante na educação”, elas não descrevem um currículo mínimo. “As DCNs não são um roteiro, uma receita de bolo. Elas indicam questões mais amplas”, afirmou, ao defender que elas devem ser o centro dos projetos pedagógicos das instituições de ensino, mas não limitá-los.
Da mesma opinião partilha o presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, Antônio de Araújo Freitas Júnior, relator do projeto de resolução que estabeleceu as novas diretrizes curriculares. “Estamos falando de seis mil cursos em um país continental. Um grupo de sujeitos da minha idade decretarem o que deve ser ensinado em Roraima e no Rio Grande do Sul só pode dar errado”, brincou. Freitas defende maior liberdade e responsabilidade para as instituições de ensino, de maneira que sejam respeitadas as peculiaridades regionais do país, para que os egressos atendam a demanda de sua comunidade de forma efetiva.
De acordo com a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, a participação da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI/CNI) na construção das novas diretrizes curriculares foi subsidiada por um grupo de trabalho que, em 2015, reuniu lideranças empresariais para desenvolver uma visão do que deveria ser a formação de engenheiros do ponto de vista do mercado. “O documento resultante desse trabalho depois culminou na proposta das DCNs. Mas isso isolado não é suficiente para transformar o Brasil em um país mais inovador e competitivo. As universidades precisam estar engajadas nessa transformação”, defendeu.
Em seguida, deu-se início à mesa-redonda “Ações governamentais para implantação das DCNs: fomento, projetos especiais, alterações na avaliação e na legislação”, que contou com participação de representantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O X Fórum de Gestores das Instituições de Educação em Engenharia segue até o fim desta quarta-feira (26).
Confira as palestras:
Novas diretrizes para o curso de engenharia
A MEI e a defesa da modernização do ensino de Engenharia
X Fórum de gestores das Instituições de Educação em Engenharia-ABENGE
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para cursos de graduação em engenharia
Comissão de Educação e Atribuição Profissional (Ceap) do Confea
Projeto Pedagógico do Curso (PPC)
Artigo 4º da Resolução que estabeleceu as DCNs
Beatriz Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea