Agrimensor pela Escola de Agrimensura do Pará, em 1957; Engenheiro Civil pela Escola Fluminense de Engenharia, em 1965; Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Escola de Engenharia do Maranhão (Fundacentro), em 1972; Especialista em vários campos da área de Transporte.
Nascimento: 10 de outubro de 1936
Falecimento: 9 de fevereiro de 2014
Naturalidade: Belém (PA)
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Maranhão (Crea-MA)
Quando Bolbi – sem acento, mas com pronúncia como se tivesse acento agudo no í –, nasceu, em 1936, o pai, Borgônio Cassiano do Nascimento, estava em Salinópolis (PA), mais conhecida como Salinas, trabalhando como prático da navegação. Eram os idos da 2ª Guerra e era ali que os navios norte-americanos atracavam para se abastecer. Ao ser avisado do nascimento do caçula de 12 filhos, o pai enviou uma carta para a esposa, Raimunda, que ficara em Belém, sugerindo o nome Bob - “para homenagear os amigos americanos que havia feito, mas quando minha avó foi registrar a criança, o escrivão do cartório entendeu Bolbi, e assim ficou”, conta Ulysses Nery do Nascimento, filho de Bolbi.
Com as mesadas custeadas pelo tio José Maria, o caçula de Borgônio foi estudar Engenharia no Rio de Janeiro. Com poucos recursos, morava em pensões. Graduado, voltou a Belém, onde pretendia arranjar emprego e se estabelecer. Foi quando encontrou Maria Luiza, “a mulher da minha vida”, apresentava. O mercado de trabalho estava fechado e Bolbi começou a enviar currículos Brasil afora até que recebeu um chamado e chegou em casa dizendo para a esposa: “Responderam do Maranhão. É para ser engenheiro e desbravar estradas”. E ouviu da companheira um sonoro: “Agora”.
“Ele sempre foi muito equipe".
Assim, Bolbi começou a trilhar uma vida profissional, em São Luís (MA), principal cenário de sua trajetória, tanto na área acadêmica – foi professor titular e adjunto na Escola de Engenharia do Pará, quanto no setor privado – engenheiro em várias empresas e também no governo maranhense – no Departamento de Estradas de Rodagem, onde diretamente e/ou indiretamente atuou recuperando, preservando ou mesmo construindo trechos de estradas. “Virou o Mário Andreazza do Maranhão”, brinca Ulysses, segundo dos cinco filhos que teve com Maria Luiza Damasceno Nery. A primeira a nascer foi Albilane (51 anos), depois Ulysses (49), Cláudia (47) e Paulo Alexandre (46).
Com bairros de nomes curiosos, como Cohama, originado com a construção da Cooperativa Habitacional do Maranhão, nove dos conjuntos habitacionais erguidos em São Luís têm a assinatura de Bolbi Miranda do Nascimento, responsável ainda pela construção do Distrito Industrial e do Complexo Esportivo, entre outras obras, como a recuperação e a ampliação de cerca de 780 quilômetros de estradas no estado. Com 78 anos de idade, 50 deles trabalhando, Bolbi, esportista e um apaixonado por futebol, ainda tinha tempo para ocupar, sem ser nadador, a presidência da Associação de Pais de Nadadores do Colégio Batista Daniel de La Touchee (Apan), a vice-presidência da Federação Maranhense de Natação e a diretoria da Sociedade de Amigos da Marinha (Soamar). “Ele sempre foi muito equipe, vibrava com esportes e foi o principal apoio à proposta de minha mãe, a de colocar os filhos na natação. Ele queria despertar competitividade, interação com o próximo, ensinar a ganhar e a perder e saber vibrar com a vitória”, conta Ulysses.
Confirmando o perfil traçado pelo filho, Bolbi montou uma equipe para enfrentar o processo da doença, que em quatro anos o levaria à morte, ocorrida após cirurgia para tratar de um aneurisma na aorta. Ulysses, engenheiro metalúrgico, ficou com a administração das finanças, a advogada Albilane, com a logística e alimentação, e Cláudia, engenheira eletricista, foi a cuidadora. Paulo Alexandre, coronel que mora em Belém, acompanhava tudo de longe e de perto, nas visitas que fazia à família em São Luís.
Ulysses conta que Bolbi cuidou de tudo, até mesmo desta homenagem que o Sistema Confea/Crea e Mútua presta após seu falecimento: “Quando crianças, ele juntava a família e levava nas comemorações pelo Dia do Engenheiro, em 11 de dezembro. Ele gostava de participar das reuniões no Crea e em entidades de classe. Também teve forte atuação junto à academia, e da maneira como ele deixou toda a sua trajetória profissional organizada, sabia que seria homenageado. Dizia que só precisava de alguém que fosse o meio para indicar seu nome. Esse reconhecimento era um desejo que ele tinha em vida”.
Do convívio com o pai ficaram memórias e ensinamentos comuns aos filhos. Frases como “para tudo tem que ter competência”; “Em mar que nada tubarão, você não poder ser sardinha”; “Estudo sempre”; “A melhor aprendizagem é o treinamento em serviço”; Só sabe mandar quem sabe fazer” servem de mantra para a família e de bagagem para seguir viagem vida afora.
Bolbi, que não esquecia seu primeiro emprego, ainda na adolescência, em Belém, se orgulhava de “ter sido auxiliar de balcão, topógrafo e cidadão de São Luís”, terá esse orgulho estampado na lápide onde já está escrito: “Nas estradas do infinito estarei lá, orando por todos vocês”.
Boa viagem, Bolbi!
Trajetória Profissional
Auxiliar de Balcão, da Importadora de Ferragens S.A., Armazém Mata (1953 – 1954), em Belém (PA); Oficial da Reserva no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva - CPOR/Belém (PA), 2º Tenente R-2, com estágio em Instrução e Serviço no 26º Batalhão de Caçadores, atual 2º Batalhão de Infantaria da Selva - BIS (1958); Topógrafo da Indústria e Comércio de Minérios - Icomi, em serviços de mineração, exploração de manganês, no então Território Federal do Amapá (1958-1960); Engenheiro da Sociedade de Instalações Técnicas - SIT, com execução de obras de Esgoto Sanitário, Rio de Janeiro (RJ); Engenheiro no Setor Técnico Orçamentário da extinta Superintendência do Plano de Valorização Econômica das Amazônia - SPVEA, ex-Superintendência da Amazônia, em Belém (PA); Engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem do Maranhão - DER-MA (1968-1989); Professor adjunto na Escola de Engenharia do Pará (1966-1967); Professor titular na Escola de Engenharia do Maranhão das disciplinas de Mecânica dos Solos e Estradas e Transportes (1968-1998); Implantação de 300 km da Rodovia Santa Luzia/Açailândia (MA) (1968-1970); Restauração de 53km da Rodovia Pindaré/Santa Inês/Santa Luzia (MA) (1968-1970); Projeto e Supervisão da Malha Viária de Estradas Vicinais e trilhas de Explotação da Comarco (Companhia de Colonização), em Buriticupu (MA); Projeto de 90km da Rodovia Buriticupu/Arame (MA); Projeto e Supervisão de infraestrutura dos conjuntos habitacionais Bequimão, Vinhais, Angelim, Maiobão, Coroatá, Caxias, Balsas, Turu e São Raimundo, da Companhia de Habitação - Cohab-MA; Definição do local de Implantação e Serviços Preliminares do Complexo Esportivo do Outeiro da Cruz, para a prefeitura de São Luís; Supervisão dos Serviços de Implantação de barragens de terra no municípios maranhenses de Paraibano, Vargem Grande, Buritirana e Pastos Bons; Projeto de Infraestrutura do prédio da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão - Fiema, no bairro de Cohama; Estudos preliminares da Duplicação de 25km da BR-135, no trecho São Luís a Estiva (MA); Construção de parte do canal do Trabalhador – transposição de curso d’água do rio Jaguaribe para o açude Pacajus), no Ceará, pela Ducol Engenharia; Construção de 42 km da Rodovia MA-034, trecho Canabrava/Tutóia, pela Ducol Engenharia/DER-MA; Construção de 19km da Rodovia MA-006, trecho Arame/Grajaú, pela Ducol Engenharia/DER-MA; Construção de 106km da Rodovia MA-122, trecho João Lisboa/Amarante, pela Ducol Engenharia (MA); Coordenação dos trabalhos para prosseguimento da Ferrovia Norte/Sul, pela Valec/Clube de Engenharia; Construção de 19km da Rodovia BR-230, trecho Orozinho/São João dos Patos, pela Ducol Engenharia DER-MA/DNER; Construção de 126km da Rodovia BR-226, trecho Grajaú/Porto Franco, pela Ducol Engenharia/Geinfra/Dnit para a Gerência Executiva de Infraestrutura do Dnit; Aterro hidráulico – construção de diques de contenção nos bairros em São Luís: Camboa, Liberdade, Jaracati e São Francisco, a cargo das firmas Ebec/Codrasae, para o DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento). Engenheiro-chefe da Jari Indústria e Comércio, Jailândia, Monte Dourado (Amapá); Assessor-chefe da Diretoria-geral; Diretor de Operações, diretor da Divisão de Planejamento e Controle; Diretor da Divisão de Conservação do DER-MA (1968- 1989); Diretor-técnico da Surcap, com participação no projeto de definição do Anel de Contorno do Centro de São Luís (Anel Viário) e Projeto de Erradicação de Palafitas, em bairros de São Luís (MA); Diretor técnico da Engeplan em São Luís (MA); Gerente adjunto de Obras do Maranhão, Geinfra (2002-2003); Chefe do Departamento de Expressão Gráfica e Transportes da Escola de Engenharia do Maranhão (Uema), São Luís (MA); Diretor do Centro de Ciências Tecnológicas e coordenador dos cursos de Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Arquitetura, em São Luís (MA); Diretor-geral da Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Maranhão (2003- 2004); Coordenador da Região Nordeste II (Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão) do Programa de Conservação Rodoviária, DNER/ABDER/DER-MA; Presidente do Clube de Engenharia do Maranhão (dois mandatos); Presidente da Associação de Professores da Uema (dois mandatos); Conselheiro do Crea-MA; Coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Crea-MA; Membro do Conselho Universitário (Consun/Uema).