Belém, 10 de agosto de 2017.
“O Brasil precisa investir na Engenharia, recuperar a capacidade instalada, o nosso mercado interno e a mão-de-obra qualificada. Estes são desafios que devem ser enfrentados com a execução de obras e investimentos em infraestrutura, apoio à produção e ganhos de produtividade oriundos da inovação tecnológica”. Com essas palavras o engenheiro Carlos Alberto Abraham, do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, deu início à mesa-redonda sobre Recursos Hídricos no Agronegócio realizada no segundo dia da 74ª Soea, com os palestrantes Edson Eiji Matsura, da Universidade Estadual de Campinas, e Rui Machado, da Embrapa Pecuária Sudeste.
Edson Matsura, doutor em Hidráulica Agrícola, abordou o tema “Recursos hídricos e inovações técnicas na produção de alimentos em uma agricultura sustentável”, e o pesquisador Rui Machado falou sobre “Inovação, Segurança Alimentar e Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável na Agricultura”.
Segundo Matsura, “as inovações técnicas no setor só podem ser implantadas com profundos estudos de oferta, gestão e demanda, e com uma estratégia de soluções afinada com as esferas federal, estaduais e municipais”. Uma das inovações apresentadas pelo professor da Unicamp restringe-se à área acadêmica: o reúso da água de esgoto doméstico na irrigação de produtos agrícolas. “A experiência na produção de cana, alface e cítricos tem sido altamente satisfatória. Só com esse tipo de recurso no estado de São Paulo daria para irrigar 70.000 hectares”.
Na opinião de Rui Machado, “o setor produtivo deveria bancar essas pesquisas, mas não o faz”. “Por outro lado, a adoção de políticas públicas é lenta, porque depende de muita informação científica e tecnológica”, disse o pesquisador. Segundo ele, a situação melhorou no Brasil com o advento da Embrapa e projetos que podem angariar grande repercussão social, como o ABC – Agricultura de Baixo Carbono, estão dando certo. “Mas para que isso se transforme em fato é preciso investimento próprio”, conclui. Além da descarbonização do ambiente, Machado vê a gestão equilibrada dos recursos hídricos e a aplicação de novas ciências no campo, como a nanotecnologia e a biotecnologia, como caminho para a “sustentabilidade com rentabilidade”.
Sociedade preocupada com o uso da água
A preocupação com o gerenciamento de recursos hídricos também ficou evidente na palestra “A revitalização de nascentes em áreas urbanas”. Durante a apresentação, foi dado destaque ao projeto desenvolvido em São José dos Campos (SP), onde são promovidas ações de reflorestamento de suas Áreas de Preservação Permanente (APP), em parceria com a comunidade local, secretarias municipais e empresas. “Nenhum projeto é possível sem a participação da população, caso contrário não vinga”, frisou o engenheiro agrônomo e diretor de Gestão Ambiental na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, William Portela.
Guilherme Monteiro e Valcilena de Oliveira
Equipe de Comunicação do Confea/Crea e Mútua