Roberto Heinrich

Perfil

A trajetória profissional do engenheiro em Eletrônica Roberto Heinrich está associada à história de modernização do setor de telecomunicações paranaense, no fim do século XX. 

Até os anos 1950, o serviço telefônico era precário. Uma ligação interurbana de Curitiba (PR) para São Paulo (SP), por exemplo, levava até três dias para ser completada e a conta a ser paga era alta. Foi então que em 1963 o governo do Estado criou a operadora Telecomunicações do Paraná (Telepar) e dois anos depois iniciou a execução do plano diretor para dotar o Estado de moderno sistema de telecom com redes de micro-ondas de alta capacidade e rede de centrais de longa distância, que serviria de base para os serviços de DDD e DDI.

Com a Telepar, as novidades chegaram. Curitiba foi a primeira capital brasileira a ter a rede de telecomunicações digitalizada. Isso foi possível graças ao trabalho de engenheiros que definiam estratégias para modernização dos sistemas. Roberto Heinrich foi um desses profissionais de destaque.

Graduado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1970, o recém-formado engenheiro foi contratado em janeiro do ano seguinte pela Telepar para, entre outras atividades, acompanhar instalação e testes de aceitação em equipamentos de centrais telefônicas. A Telepar foi buscar engenheiros no ITA. “Fui selecionado, mudei de São Paulo para Curitiba e acabei construindo minha vida aqui”, conta.

Na empresa, Heinrich atuou por 29 anos em cargos gerenciais nas áreas de expansão da rede de telecomunicações, de planejamento técnico e empresarial, além de ter sido responsável pela introdução de tecnologias, como a digitalização da rede brasileira, baseada não mais em centrais telefônicas eletromecânicas, mas em modelos digitais. Como resultado, surgiu a secretária eletrônica, transferência de ligação, identificação do assinante, além de outras facilidades que marcaram a década de 1990.

O setor de telecom paranaense dava, então, sinais de progresso e, em 1993, Curitiba era a terceira cidade brasileira a dispor de telefonia celular móvel. Com o tema tecnologia em voga, a Telepar promoveu em Foz do Iguaçu (PR) o Seminário Internacional de Telecomunicações (Semint), do qual Heinrich participou como coordenador da Comissão Temática, na edição de 1995. Desde o ano 1999, ele está à frente dessa comissão do evento, que sob o comando da iniciativa privada passou a se chamar Futurecom e ganhou repercussão na América Latina.

Em 1998, com a privatização do Sistema Telebrás – controladora da operadora Telepar–, Heinrich deixou a empresa e passou a atuar no segmento de consultoria e treinamento. Em 2000, elaborou estudos de introdução da telefonia IP (Internet Protocol, responsável por endereçar pacotes de informações que trafegam pela Internet) em redes de TV a cabo e em redes de telecomunicações para a Furukawa, empresa japonesa com unidade em Curitiba e também em outros países da Ásia, América Latina e do Norte, Europa e África, onde desenvolve atividades nas áreas de energia, metais e telecomunicações.

Essa bagagem profissional carregada de informações tecnológicas foi compartilhada pelo engenheiro Heinrich ao longo dos 41 anos em que lecionou no meio acadêmico paranaense. Com ideias de vanguarda, o professor incentivava a juventude a romper fronteiras por meio da produção científica.

Hoje, ao olhar para trás e analisar sua trajetória na Engenharia, Heinrich diz ter tido a sorte de aliar docência e trabalho em campo. “Tive a oportunidade de aplicar teorias aos projetos da Telepar e ainda pude levar minha vivência empresarial para o meio acadêmico. Essa foi minha melhor experiência”, analisa.

Para o futuro, esse engenheiro incansável e sempre à frente do seu tempo planeja realizar ações voluntárias, como maneira de contribuir para estudos de transformação da educação. “Daqui pra frente quero trabalhar somente com educação e o objetivo é desenvolver um centro de ciências em Curitiba para estudantes de 1º e 2º graus, que permita acesso interativo a experimentos. A esse centro vou doar meu tempo e minhas ferramentas. E lá poderei ser voluntário até quando for possível. Esse é meu sonho.”


Atividades Exercidas

 

Contratado pela Telecomunicações do Paraná (Telepar) para ser responsável por contratação, fiscalização de contratos, acompanhamento de instalação e testes de aceitação em equipamentos de comutação, incluindo manutenção   1971-1973;

Professor de cursos e palestras dentro e fora da Telepar - 1973-2000;

Professor de Telecomunicações e Eletrônica, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e consultor de Empresa Júnior na mesma Universidade. Também lecionou no curso de especialização em Telecomunicações - 1974-2015;

Integrou missão técnica oficial da Telebrás sobre Rede Digital de Serviços Integrados, realizada em Winnipeg, no Canadá. A partir dessa agenda, foram formados grupos de estudos no Brasil sobre o tema - 1982;

Palestrante em seminários nacionais e internacionais, com destaque para o Seminário Internacional de Digitalização em 1982; Seminário Internacional Semint em 1993, 1995 e 1997; e Semana da Engenharia Elétrica até 2016 - 1982-2016;

Orientou trabalhos de graduação na Universidade Federal do Paraná em estudos de telecomunicações, como o Plano de Telefonia Celular, Serviços de Mensagens, Correio de Voz, Rede IP, Digitalização da Rede de Telecomunicação. Na pós-graduação, orientou trabalhos sobre Sistemas Sem-Fio (Wireless Local Loop) e Estudos do Uso do Conceito de Infraestrutura Global de Informação na Educação, Introdução de Telefonia IP em Redes de Telecomunicações, Automação da Força de Vendas Utilizando Telefonia Celular; Projeto de Rede Convergente para Edifício Novo Conceito, Novos Conceitos na Viabilização de Serviços de Telecomunicações em Redes de Próxima Geração, Estudo de Viabilidade de Convergência Fixo Móvel de Serviços de Telecomunicações, Serviços Triple Play e os Desafios Mercadológicos, e outros, em um total de 76 Trabalhos de Conclusão de Curso - 1983-2014;

Participou de seminários internacionais sobre a evolução dos serviços de comunicação de dados em Scottsdale, no Arizona, nos EUA, por 15 dias em 1992 e outros 15 em 1993. Cinco anos depois, participou de conferência sobre Connections 98, da Cisco, em San Francisco - 1992 e 1998;

Responsável pelo desenvolvimento de metodologia para planejamento estratégico de empresa e de metodologia de processo - 1994;

Professor do curso de especialização em Telecomunicações, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) - 1995-2002;

Membro da comissão brasileira na Reunião Plenipotenciária da União Internacional de Telecomunicações, em Mineápolis, nos EUA - 1998;

Responsável pelo desenvolvimento do módulo de Treinamento Baseado em Computador (TBC) para a disciplina Introdução às Redes de Telecomunicações, na PUC-PR - 1999;

Professor do curso de especialização em Gestão de Sistemas e Redes de Telecomunicações, no Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX) - 2005.

 

Cargos Ocupados

 

Gerente do Setor de Implantação de Centrais de Trânsito na Telepar - 1973;

Gerente do Setor de Projetos de Comutação na Telepar - 1974;

Gerente de Departamento de Engenharia de Comutação na Telepar - 1974-1976;

Coordenador de convênio da Telepar com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica e orientador de Trabalhos de Graduação do referido instituto para desenvolvimentos de interesse da empresa - 1974-1981; 

Gerente do Programa Sistema de Ampliação de Curitiba na Telepar - 1976-1978;

Assessor de Planejamento da Diretoria Técnica na Telepar - 1978;

Gerente da Divisão de Planejamento Técnico na Telepar - 1979-1989;

Participou em diversos grupos de trabalho da Telepar e da Telebrás - Telecomunicações Brasileiras S.A, entre eles: Grupo de Digitalização, onde foi coordenador de um subgrupo de trabalho sobre digitalização de uma rede urbana, membro do Comitê de Digitalização para as recomendações de digitalização e palestrante do Primeiro Seminário Internacional de Digitalização, entre 1981 e 1982, cujas recomendações foram amplamente utilizadas por operadoras de telecomunicações; Grupo de Apoio à Gerência de Pesquisa & Desenvolvimento, no período de 1984 a 1985; Comissão de Seleção de Pessoal em Concurso de Admissão de novos empregados na Telepar, da qual foi membro e tinha como atribuição preparar testes e participar da banca examinadora, em 1994; Grupo de Information Highway que elaborou uma proposta de participação brasileira em atividades ligadas à Global Information Infrastructure por quatro meses em 1994, e no Grupo INI (Infraestrutura Nacional de Informação) do Ministério das Comunicações por três meses em 1997 - 1984-1997; 

Gerente da Divisão de Tráfego na Diretoria de Operações na Telepar - 1989-1990;

Gerente da Divisão de Planejamento e Avaliação de Capacitação de Recursos Humanos na Telepar - 1990-1991;

Gerente de Departamento de Planejamento Técnico na Telepar - 1992-1993;

Gerente do Departamento de Planejamento Mercadológico na Telepar - 1993;

Coordenador de Planejamento Estratégico no Departamento de Planejamento Empresarial da Presidência na Telepar - 1994;

Coordenador da Comissão Temática do Seminário Internacional (Semint) na edição de 1995, e posteriormente como coordenador temático do Futurecom, entre 1999 a 2016;

Gerente de Departamento de Serviços a Grandes Clientes e Serviços Telemáticos na Telepar - 1995-1996;

1996-1998 – Coordenador-geral do Projeto de Atendimento ao Complexo Fabril da Renault em Curitiba desde o lançamento da pedra fundamental em 1996 até a inauguração da fábrica em dezembro de 1997; 

Gerente da Divisão de Estudos de Mercado na Telepar - 1997-1999;

Consultor de telecomunicações para empresas, como a Furukawa Industrial S. A. e a Copel - 2000-2004.

 

Feitos Relevantes

 

Desenvolvimento de ferramentas computacionais de planejamento (Matriz de Canalização Macan, metodologia para dimensionar redes urbanas e interurbanas de telefonia) com ampla utilização em projetos da Telepar - 1976;

Recebeu o prêmio de melhor projeto de desenvolvimento no Primeiro Concurso Nacional Padre Landel de Moura, da Telebrás, com o projeto patenteado denominado Multiconcentrador de Linha, cujo conceito de comutação de estágio de linha remoto distribuído foi utilizado nos estudos de viabilização da digitalização das redes urbanas no Brasil, tendo Curitiba como cidade-piloto nacional desses estudos. O Multiconcentrador de Linha foi fabricado pela Schause, em Curitiba, implantado na Telepar e exportado para o Chile e Uruguai - 1981;

Coordenação do Grupo de Digitalização e Redes Urbanas, a cargo da Telebrás - 1981-1982;

Elaboração na Telepar de planos, como o de Digitalização da Rede de Telecomunicações e o Plano Básico de Serviços, envolvendo telefonia celular, comunicação de dados, TV a cabo - 1981-1983; 

Desenvolvimento do Sistema Videotexto, com a primeira divulgação do resultado do Vestibular da UFPR em mídia eletrônica. Na época ainda não existia a Internet - 1982;

Elaboração da nova sistemática de capacitação de recursos humanos “Novo Levantamento de Necessidades de Treinamento”, o que mais tarde se tornou o “Mapa de Competências” - 1990-1991;

Na Telepar, coordenou a implantação do sistema de telecomunicação pública no complexo fabril da Renault em Curitiba, destacando o sistema de redundância, tanto para comunicação de dados como para telefonia em sistema inédito no Brasil, mais tarde adotado como referência para outros projetos do mesmo porte - 1997.