Presença da mulher melhora a engenharia, afirma Dumêt

8 de março de 2016

Engenheira civil formada em 1988 pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL) com mestrado em Engenharia civil e doutorado em Estrutura, ambos pela Universidade de São Paulo (USP) , Tatiana Bittencourt Dumêt, é diretora da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ela acredita que a presença da mulher tem influenciado de forma positiva as relações dentro das engenharias.


Crea-BA - Ser diretora do principal centro formador de profissionais da área tecnológica da Bahia é um importante referencial. Como você conseguiu conquistar este espaço? 

Tatiana Dumêt - Na verdade, creio que foi algo que ocorreu naturalmente. Ingressei na Ufba em 1996, e desde então, além das atividades de ensino e de pesquisa, sempre assumi cargos administrativos: vice-chefe de departamento (2003 a 2005), chefe de departamento (2006 a 2008), coordenadora de colegiado de curso (2008 a 2012), diretora-geral (2007 a 2010) e diretora técnico-científica (2013 a 2015) da Fundação Escola Politécnica da Bahia (FEP), entre outros. A escolha do diretor da Escola Politécnica é definida por eleição, na qual as três categorias que compõem o nosso universo (docentes, discentes e servidores técnico- administrativos) votam para o cargo. Acredito que o bom trabalho realizado nas instâncias administrativas pelas quais passei, me qualificou para o cargo de diretora, para o qual fui eleita em outubro de 2014.

 

Crea-BA - O que lhe fez escolher a carreira de engenharia civil? 

TD - Sempre gostei da área de exatas, em especial de matemática. Iniciei o curso sem saber direito se era exatamente o que eu gostaria de fazer, mas, aos poucos, fui me encantando com a profissão.

 

Crea-BA - A mulher tem ampliado sua atuação nas engenharias? Quais desafios essas novas profissionais terão de superar no mercado de trabalho? 

TD - Intelectualmente e no que diz respeito à capacidade técnica, o gênero do profissional não define a sua qualidade. Homens e mulheres são igualmente competentes e capazes. O principal desafio é vencer o preconceito de que engenharia é uma profissão de homens, que ainda existe em alguns setores.

 

Crea-BA - É possível notar um crescimento significativo na quantidade de mulheres nos cursos da área tecnológica, como isso tem influenciado no mercado? 

TD - Sim, claramente. Na década de 70, por exemplo, quase não tínhamos mulheres na Escola Politécnica. Hoje, 26% dos nossos estudantes são mulheres. Em alguns cursos, como Engenharia Química, Sanitária e Ambiental, a proporção é de, aproximadamente, 50%. Acredito, que isso tem influenciado de forma positiva as relações dentro das engenharias, trazendo um olhar mais cuidadoso para o ambiente de trabalho.

 

Crea-BA - Para a senhora quais têm sido as principais conquistas da mulher dentro da área tecnológica? 

TD - Temos tido um número crescente de mulheres nos papéis de liderança, em especial, nas áreas tecnológicas, tanto em grandes empresas, públicas e privadas, como nas instituições de pesquisa e de ensino, a exemplo da nossa reitora anterior, a Profa. Dora Leal, e do meu cargo atual de Diretora da Escola Politécnica.

 

Crea-BA - O dia 8 de março marca as lutas e conquistas da mulher pelo mundo. O que a mulher precisa ainda para conquistar mais representatividade na sociedade? 

TD - Ela precisa acreditar ser possível e querer mais o papel de líder.

 

Gênesis Freitas
Ascom Crea-BA