Esta história começa com um arbusto de juta plantado à beira do rio Andirá, em uma região que fica a três horas de barco do município amazonense de Parintins. A primeira muda de juta plantada no Brasil rendeu sementes para outros 200 pés. À época, não se sabia que os arbustos chegariam aos seus seis metros de altura. Responsável por trazer as primeiras sementes de juta que chegaram ao Brasil, o avô de Alfredo Homma, Ryota Oyama, estava, sem saber, começando a escrever a história do neto (e da economia do Norte do país).
Utilizada na produção de sacarias para transporte de café, a juta - uma fibra têxtil vegetal - chegou a representar 30% da economia da região amazônica entre as décadas de 1930 e 1960, dando ignição econômica para os Estados do Amazonas e do Pará, junto à pimenta-do-reino, outro produto com grande relevância econômica para o Norte do país. Hoje, Alfredo Homma se tornou referência acadêmica nos estudos das duas culturas.
No entanto, Alfredo não se limitou à juta e à pimenta-do-reino. Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desde 1970 – quando ela ainda se chamava Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária –, entre seus cerca de 400 artigos e 18 livros publicados, Homma produz conhecimento na área de Economia e Sociologia Rural, enfatizando a região Amazônica, predominantemente nas áreas de economia agrária e dos recursos naturais, desenvolvimento agrícola e extrativismo vegetal. Residente em Belém do Pará, recentemente Homma tem conduzido projetos sobre manejo de bacurizeiros (desde 2004) e dendezeiros (desde 2010).
A primeira invenção de Homma foi publicada em 1968 na seção “Ideias” da revista agrícola Coopercotia, que circulava àquela época. Era o reaproveitamento de forquilhas para fazer porta-vasos de flores. “O sistema vem sendo usado há séculos por índios do Amazonas para colocar potes com água e dá uma originalidade especial ao jardim da zona rural”, dizia seu texto na revista. Universitário em Viçosa, Minas Gerais, Homma esclarece que disputava esses tipos de prêmios em revistas para fazer um dinheiro extra. “Tinha muita dificuldade de me sustentar em Viçosa. Eu escrevia artigos de jornais para vender”, conta. Entre os veículos que já receberam parágrafos de Alfredo estão Correio Agropecuário, Gazeta Mercantil e Folha de S. Paulo.
Homma cresceu entre os Estados de Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e Maranhão, e conta que a família era muito pobre, mas seu pai, Takeshiro Homma, investia em educação e cobrava muito estudo dos três filhos, que utilizavam lamparinas para iluminar os livros. Deu certo: todos passaram em primeiro lugar em seus vestibulares. O orgulho de Takeshiro desceu os galhos da árvore genealógica e hoje é Alfredo quem enche a boca para falar sobre as filhas: a odontóloga Érica, de 34 anos, e Thais, de 29, médica e doutoranda na Universidade de São Paulo.
Com um sotaque peculiar e talvez exclusivo hoje em dia – uma mistura entre resquícios do japonês e trejeitos nortistas –, Alfredo deixa claro que não pretende se aposentar tão cedo, pelo menos não enquanto não precisar. Com 68 anos e 45 de pesquisas, o economista rural conta que seus trabalhos chamam atenção para os problemas agrícolas da Amazônia. “Isso dá muita encrenca, principalmente com ONGs”, diz por trás de um riso discreto que dá para sentir pela ligação telefônica.
A paixão pela área de atuação fica clara em Alfredo quando perguntado sobre o que gosta de fazer no tempo livre: “passo o tempo lendo livros sobre a Amazônia”, além de fazer caminhadas e brincar com a única neta, completa. Apesar de grande produtor de conhecimento na área da economia rural da Amazônia, Alfredo Homma achou tempo para pesquisar sobre suas origens: de seus 18 livros publicados, dois são sobre a imigração japonesa na região.
Equipe de Comunicação do Confea