Crea participa do 5º Congresso de Engenharia da Bahia

Salvador, 13 de junho de 2011.

O Programa Minha Casa Minha Vida, o Porto de Ilhéus, a Ferrovia Leste-Oeste e a Copa 2014, bem como outros avanços, foram debatidos no 5º Congresso de Engenharia da Bahia, realizado nos dias 10 e 11 de junho, na Escola Politécnica da Ufba. O evento promovido pelo Senge/Fisenge, com o apoio do Crea e de outras entidades, teve como proposta viabilizar a discussão em torno da infraestrutura técnica das obras de forma eficiente e sustentável para o estado.

Na abertura do evento, o presidente do Crea, Jonas Dantas, destacou a contribuição dos inspetores e conselheiros, presentes no encontro, na luta em favor da valorização profissional. Lembrou dos 10 anos da Lei 10.257, que implantou o Estatuto das Cidades, mas lamentou a falta de aproveitamento do mesmo. Ressaltou a importância de se discutir de forma democrática e cidadã o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e criticou a inexistência de um Conselho das Cidades em Salvador. Dantas ainda chamou a atenção do estado para facilitar a inclusão social na discussão de projetos e, principalmente, da Lei 11.888 (assistência técnica pública para famílias de baixa renda), que também prevê a legalização das habitações. “As políticas no Brasil ainda são demonstrativas e não caracterizam a inclusão dos cidadãos, que são os maiores interessados”, frisa.

O presidente lembrou também dos 10 anos de morte do geógrafo Milton Santos e informou sobre a parceria entre o Crea, a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), que criará mecanismos de maior transparência nas informações e qualidade das obras públicas, sem flexibilizar leis. Para Jonas, a maior beneficiária de todo o trabalho desenvolvido com os órgãos de controle federal é a população.

Ética - O engenheiro agrônomo Álvaro Cabrini, presidente do Crea Paraná, enfatizou o bom momento que a engenharia vive e convidou os profissionais a aproveitarem as oportunidades para construir uma nação próspera. “Devemos ter responsabilidade nessa construção e fazer com que a ética seja resgatada, rompendo com o círculo de corrupção. É preciso se fazer revisão de valor e moral, por meio do que temos que contribuir ao nosso país”.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Alberto Vieira Lima, o Brasil retomou o crescimento, mas é importante saber como e para quem crescer. Destacou a importância de formar bons profissionais, com maior velocidade, agregando novas tecnologias, e, sobretudo, melhorar o planejamento.

Investimento  O deputado federal Nelson Pelegrino (PT) atribuiu o reconhecimento do papel dos engenheiros ao governo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), com a criação do PAC e de outros programas, colaborando para o momento privilegiado da profissão no País. Lembrou que o investimento em tecnologia e educação levou países como a China, por exemplo, ao desenvolvimento e que a formação de uma agenda ousada para engenharia, além de retomar o planejamento público, fará com que o Brasil cresça de forma participativa e sustentável.

Formação - O coordenador da Escola Politécnica, Luís Edmundo Campos, levantou a necessidade de a Academia trabalhar junto com o Crea na busca por melhorias na engenharia seja no campo tecnológico ou na formação. Destacou o abandono nos cursos que chegam a 60% e chamou a atenção para os 40% que conseguem sair da faculdade, muitos com “capacidade duvidosa”.

Defendeu a aproximação do corpo acadêmico às indústrias e afirmou que isso vem sendo feito através dos trabalhos de conclusão de curso dos alunos, mas foi pessimista sobre os legados da Copa de 2014. “Não tenho esperança de benefícios para a população a partir do mundial. O Brasil não tem projeto e não adianta só colocar estudantes na escola ou dinheiro no mercado. O importante é unir forças pelo bem do País”.

Organização - O presidente do Senge, Ubiratan Félix, destacou o viés político do evento e ressaltou para os engenheiros a organização como forma de alcançar o desenvolvimento. “A Coréia é exportadora de veículos, mas não desenvolve tecnologia nacional. Os suíços não sabem nem o que é o cacau, mas é o maior exportador de chocolate do mundo. O Brasil não pode só exportar matéria-prima, mas também desenvolver tecnologias e agregar valor a sua produção. A Índia, China e Coréia estão alcançando o desenvolvimento porque estão investindo na engenharia”, coloca. A palestra Integração da América Latina, proferida pelo professor doutor Valter Pomar, finalizou o primeiro dia do congresso.

O encontro foi uma preparação para o 9º Congresso Nacional do Sindicato dos Engenheiros, que será realizado de 7 a 10 de setembro, em Rondônia. Segundo o presidente do Fisenge, Carlos Roberto Bittencourt, o evento terá como tema: Sociedade, Energia e Meio Ambiente. 

Nadja Pacheco
Acom - Crea-BA