Agroenergia: alternativa rentável para produtores de soja

Brasília, 13 de novembro de 2006

A perspectiva do mercado de soja, principalmente oleaginosa na produção de biodiesel, é um dos destaques da primeira Conferência Internacional de Agroenergia, que acontece em Londrina (PR), entre os dias 11 e 13 de dezembro.

De acordo com o Instituto Internacional de Economia, a demanda mundial por energia deve crescer 1,7% ao ano até 2030. Paralelamente, pesquisadores apontam que, até 2050, o petróleo - principal combustível fóssil - deverá acabar, o que já causa reflexos sobre seu preço. Em menos de 20 anos, o preço do barril disparou de US$ 20 para cerca de US$ 60. Neste cenário, a busca por fontes energéticas renováveis se fortalece como uma solução lucrativa para os produtores de oleaginosas, matérias-primas dos biocombustíveis derivados de óleo vegetal. O futuro deste segmento promissor do agronegócio é um dos temas da primeira Conferência Internacional de Agroenergia, Conae, que reunirá renomados cientistas entre 11 e 13 de dezembro em Londrina, norte do Paraná.

De acordo com o engenheiro agrônomo Amélio Dall'Agnol, pesquisador da Embrapa Soja que coordenará o painel "Oleaginosas - Parte I", sobre o mercado de soja, a demanda por óleo para composição de biodiesel poderá dobrar em 2008, quando entra em vigor a resolução que exige que 2% de biodiesel seja adicionado ao óleo diesel consumido no país. Atualmente, cerca de 400 milhões de litros de óleo - sendo a maior parte de soja - são destinados à produção de biocombustíveis renováveis. "Em 2008, isso representará 800 milhões de litros, e a partir de 2013 (quando a porcentagem subirá para 5% de biodiesel no óleo diesel), a demanda chegará a 2,4 bilhões de litros, sem considerar o óleo vegetal que será consumido para produzir o H-Bio", ressalta.

Somente 10% da produção agrícola é voltada para o mercado de agroenergia. No entanto, a previsão é de que até o final do século esta proporção se eleve para 35%. De acordo com EIA (International Energy Outlook 2004), a demanda mundial de óleo para fabricação de biodiesel deve crescer de 34,7 milhões de toneladas - produção estimada em 2010 - para 133,8 milhões de toneladas em 2020. "Os empresários já estão se preparando para suprir essa demanda e vêem o Brasil como um dos principais fornecedores", ressalta. Segundo Agnol, outros óleos serão utilizados para produzir biodiesel, mas, no mínimo, 50% a partir da soja.

A soja é hoje o principal produto do agronegócio brasileiro, sendo responsável por quase 10% das exportações brasileiras, o que emprega - direta e indiretamente - mais de quatro milhões de pessoas no campo e na cidade. "O Brasil é o único grande produtor de soja em zonas de baixa latitude. Tudo o que precisamos para deslanchar ainda mais é um mercado comprador que pague preços compensatórios", observa.

Para o pesquisador, a agroenergia caracteriza-se como uma importante alternativa para a crise no agronegócio. "É mais uma oportunidade que o Brasil não deve e não pode perder. Haverá os que critiquem a ampliação da área cultivada para produção de biodiesel, mas a produção de oleaginosas pode dobrar sem que haja a necessidade de avançar sobre floresta", conclui.

A Conae
Durante os três dias de evento, serão realizadas oito conferências e 19 painéis sobre temas como: Mercado de Carbono, Mercado de Etanol, Plano Nacional de Agroenergia, Oportunidades e Ameaças, Meio Ambiente, Oleaginosas, entre outros. Haverá também a primeira Exposição e Feira de Tecnologia para a Geração de Energia Renovável e Alternativas Energéticas. O evento é voltado para engenheiros, arquitetos, pesquisadores, professores, fabricantes de veículos e máquinas, agricultores, entidades governamentais, organizações não governamentais, estudantes, ecologistas, economistas, jornalistas e formadores de opinião.

A iniciativa é da Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Paraná e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, com a organização técnica da Embrapa, e apoio de universidades, Ministério da Agricultura, Ministério do Turismo, Embratur, Londrina Convention & Visitours Bureau, Itaipu Binacional, Universidade Tecnológica, Adetec, Confea / Crea, e Sociedade Rural do Paraná.

Pólo Tecnológico
A cidade de Londrina é considerada um dos principais pólos de pesquisa e tecnologia no país. Com cerca de 500 mil habitantes, caracteriza-se como um importante centro universitário e concentra instituições de pesquisas como a Embrapa Soja, o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a Universidade Estadual de Londrina e a Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina (Adetec). A região ainda conta com excelente estrutura hoteleira - 15 mil leitos diários - gastronômica e de transporte, com rodovias de fácil acesso. Os aeroportos locais têm vôos constantes para as várias regiões brasileiras.
 
Inscrições para o evento: www.pjeventos.com.br/eventos/

Fonte: Cosmo Online