Experiência mexicana em agroecologia pode ser aplicada no Brasil

Brasília, 30 de outubro de 2006

Entre os informes fornecidos, durante as plenárias, por conselheiros federais e  presidente do Confea sobre suas atividades enquanto representantes do Sistema Confea/Crea, destacou-se na reunião plenária 1336, iniciada quarta-feira e que se encerra hoje, o relato apresentado por Maria Higina do Nascimento, eng. agrônoma do Crea-BA. Ela participou, de 16 a 21 de outubro, do IV Congresso Internacional de Agroecologia da Universidade Autônoma de Chapingo, no México. 

Segundo Higina, o curso de Agroecologia daquela universidade é diferente desde sua concepção. “Além da questão ambiental, alunos e professores levam em consideração a realidade social do país, e tudo começou quando representantes de uma tradicional comunidade maia reclamou dos engenheiros, à universidade, afirmando que eles agrediam o meio-ambiente”.

Os Maias não aceitavam as técnicas usadas pelos engenheiros agrônomos para a produção de alimentos porque achavam que  elas prejudicavam o solo, a água e a saúde. Da preocupação da Universidade com a fertilidade do solo e com a qualidade da água, surgiu o curso de graduação em Agroecologia. A partir daí, a comunidade atingiu avanços econômicos e na saúde.

O curso de Chapingo integra um sistema de educação no qual  matemática, física e química são ministradas de forma integral e simultânea com a irrigação. Além disso, incentiva o resgate de espécies nativas e crioulas de milho, feijão e árvores em extinção.

"Roda D'água feita de sucata"
Durante o congresso, alunos da universidade apresentaram vários trabalhos referentes à agroecologia e um dos que mais chamou a atenção foi a roda d’água feita com sucata. A comunidade comprou apenas fios e canos. O resto do sistema de irrigação ficou por conta de pedaços de enxadas, rodas e câmaras de bicicletas. “É a coisa mais perfeita do mundo”, diz Higina. 

Desde que voltou do evento, a conselheira já marcou reunião com o reitor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Paulo Gabriel, entre outras universidades do estado. “A idéia é estabelecer um convênio com a Universidade de Chapingo para implantar o curso de pós-graduação em Agroecologia”, adianta Higina.

Algumas universidades no Brasil, entre elas a ESALQ/USP, já contam com este curso de extensão, porém a idéia de Higina é implantar o método mexicano de ensino voltado para o social.

Beatriz Leal
GCO/Confea