Fórum analisa os desafios do mercado imobiliário

São Paulo (SP), 19 de outubro de 2006

Representantes do setor se reúnem para debater a entrada de construtoras na Bovespa, o perfil do novo comprador de imóveis, a oferta e demanda de construções sob o prisma da qualidade de vida, entre outros temas.

Depois de abordar a sustentabilidade econômica da construção civil, a revista Arquitetura & Construção realiza o II Fórum Nacional da Qualidade e Sustentabilidade da Construção, no dia 8 de novembro, em São Paulo.

Dessa vez, os novos rumos vividos pelo setor - evidenciado pela tendência de abertura de capital de empresas do setor imobiliário e pela busca do equilíbrio do conceito qualidade, tanto do ponto de vista da construtora quanto do comprador – são os temas centrais do evento.

Desde o segundo semestre de 2005, cinco empresas, entre construtoras e incorporadoras, decidiram abrir capital ou ainda expandir a emissão de ações na Bolsa de Valores de São Paulo. Juntas, já captaram R$ 4,20 bilhões, o que representou mais de 20% do volume total ofertado, até julho, no Novo Mercado, um segmento especial da Bovespa criado em 2002.

Essa intensificação do uso do mercado financeiro permite um maior financiamento direto à produção ou mesmo empréstimos aos compradores. O capital obtido com a venda de ações diminui reduz o risco causado pelo descasamento do fluxo de caixa das construtoras que, durante boa parte da obra não têm seus custos cobertos pelos pagamentos dos compradores dos imóveis.

Aliada à captação de recursos está o direcionamento desse volume financeiro. Cada vez mais cresce o conceito de qualidade de vida nas construções e o equilíbrio entre oferta e demanda.

“Qualidade, para a construtora, pode ser a oferta de infra-estrutura de lazer e rapidez na venda do projeto. Para o comprador, pode ser ter sua residência perto do trabalho, morar perto de um parque, ter um apartamento arejado e iluminado. É um conceito subjetivo, mas que tem de ser levado em conta para haver equilíbrio entre a oferta de imóveis e demanda dos compradores, numa relação em que as duas partes saem satisfeitas”, explica Rubens de Almeida, curador do evento.

O modelo atual, de lançamentos feitos com base em sucessos de vendas anteriores, já não atende às necessidades do setor imobiliário e até mesmo dos compradores. “Ainda é muito pequeno o trabalho de conhecimento da demanda. As empresas ainda olham muito para a velocidade de venda e para o modelo que deu certo no passado”, afirma Ângela Luppi, superintendente social da Companhia Metropolitana de habitação (Cohab/SP), que apresentará uma análise comparativa entre a demanda estimada e a oferta de unidades em empreendimentos lançados pelo mercado formal, mostrando os segmentos não atendidos pelo mercado formal e aqueles em que há sobreoferta.

“Estima-se que apenas um terço das empresas façam estudo de mercado e análise de risco para um lançamento. É muito pouco, principalmente quando levamos em consideração o novo perfil do comprador, que teve uma perda do poder aquisitivo nos últimos dez anos, mas que tem um gigantesco acesso à informação. Fica cada vez mais difícil atender os requisitos da demanda. O setor, que movimenta milhões em um lançamento, não pode mais ‘achar’ que vai dar certo”, enfatiza o presidente da Urban Systems Brasil, Thomaz Assumpção.

Outras preocupações do setor serão tratadas nesta segunda edição do Fórum. É o caso do déficit habitacional brasileiro. Enquanto o México, um dos países da América Latina que possui um quadro habitacional crítico para a população de baixa renda, reduziu seu déficit de 2,38 para 2,09 milhões de moradias em dez anos, o Brasil viu seu déficit passar de 3,49 para 3,65 milhões de habitações, de 1994 a 2003.

Além disso, a preservação do meio ambiente nas construções, seja no uso de matérias-primas socialmente responsáveis ou na conservação dos recursos naturais, também serão analisadas sob a ótica da necessidade de evolução empresarial, principalmente com a avaliação das oportunidades e da lucratividade real dos empreendimentos.

Voltado para construtores, incorporadores, agentes financeiros, arquitetos, indústria de materiais e serviços, distribuidores e home-centers, o evento reunirá grandes nomes do mercado da arquitetura e da construção, estudiosos e pesquisadores como Angela Luppi, superintendente social da Cohab; Maurício Eugênio, diretor da Eugênio Publicidade, Ricardo Pereira Leite, da Helbor Empreendimentos Imobiliários; Roberto Loeb, arquiteto; João Batista Fraga, superintendente de Relações com Empresas, da Bovespa; Walter Lafemina, da Company; Thomaz Assumpção, da Urban Systems Brasil; Vanderley John, professor da Escola Politécnica da USP; Mailson da Nóbrega, economista e sócio da Tendências Consultoria Integrada, além da participação internacional de Eustáquio de Nicolás, presidente do Conselho da Homex, empresa mexicana especializada em desenvolvimento imobiliário para a baixa renda.
O evento conta com o apoio da DECA e Gyotoku e o apoio institucional do SECOVI, AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), SindusCon, Sinaenco e Abramat (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva).