Volks atribui a necessidade de demissões ao efeito do dólar sobre as exportações

Brasília, 04 de maio de 2006

SÃO PAULO - A desvalorização do dólar e os maiores custos de mão-de-obra e de materiais foram os empecilhos às exportações da Volkswagen, que divulgou ontem a segunda fase de seu plano de reestruturação no Brasil. Conforme informou a empresa, o plano prevê a demissão de milhares de funcionários (o número exato não foi revelado) e essa situação deverá ser discutida com os sindicatos nos próximos dias.

Após a primeira fase do plano, lançada em 2003 com 4 mil demissões, a montadora voltou as atenções para o mercado externo e conseguiu cortar gastos e gerar lucro. Porém, a desvalorização inesperada do dólar prejudicou seriamente a estratégia da montadora. "Trabalhávamos num ambiente de um real mais fraco em relação ao dólar e ao euro", afirmou Hans-Christian Maergner, presidente da Volkswagen para o Brasil.

Além disso, lembrou o executivo, os custos de mão-de-obra subiram além do esperado e os materiais apresentaram reajustes significativos. Ele citou o exemplo do aço, que ficou 130% mais caro desde 2002.

Diante da impossibilidade de repassar todos esses custos para os preços de exportação, a lucratividade desabou e não estava mais cobrindo os custos. "Era como se os carros embarcassem com um cheque no porta-luvas", comparou Maergner.

Agora a montadora pretende aproveitar o cenário macroeconômico para apostar no mercado doméstico. "Essa é a única forma de voltar a ter lucro".

Murillo Camarotto
Valor Online