Embaixador diz que área tecnológica brasileira precisa contribuir com a Venezuela


Caracas, 25 de janeiro de 2006

"Embaixador João Carlos (ao centro)"
A área tecnológica brasileira tem muito a contribuir com a Venezuela. A declaração é do embaixador brasileiro naquele país, João Carlos de Souza Gomes, feita à delegação do Confea que o visitou durante o VI Fórum Social Mundial  Capítulo Américas. Ele desejou boas-vindas e colocou a embaixada à disposição do grupo.

Gomes disse que as áreas da agricultura, pecuária, arquitetura e engenharia, entre outras, são muito carentes de tecnologia na Venezuela. Ele enfatizou que estes são espaços onde a troca de experiências entre os profissionais brasileiros e os venezuelanos seria muito importante para ambos os países e fundamental para o desenvolvimento da Venezuela.

Segundo o embaixador, a riqueza da Venezuela é concentrada no petróleo e falta tecnologia, por exemplo, para plantar. O que leva o país a importar 95% dos seus alimentos. “A engenharia e a arquitetura, antes da ascensão de Chavez, ficou parada na década de 50. Vocês podem constatar isso num passeio pela cidade. A Odebrechet já está aqui, mas as necessidades da Venezuela são muito maiores”, disse ele, sinalizando claramente a existência de mercado para a engenharia e a arquitetura brasileiras.

Efeito Lula  Para o embaixador, o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva tem dado grande contribuição à melhoria das relações da Venezuela com os outros países da América do Sul. “Em um ano assinamos mais acordos do que em 175 anos de relações diplomáticas com a Venezuela”, disse referindo-se a 2005.

A relação comercial dos dois países o ano passado chegou a casa dos US$ 2,7 bilhões. E o Brasil favoreceu o ingresso da Venezuela no Mercosul. “O que a beneficiou no relacionamento com os outros países”, ressalta o embaixador. Ele lembra que a relação da Venezuela com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai era inexistente e com o próprio Brasil era fria. “A mudança se deve ao presidente Lula, que conseguiu esquentar e consolidar essa relação. A presença de vocês aqui é muito importante para ampliar essa ação”, destacou.

Porém, o embaixador fez questão de deixar claro que a iniciativa do presidente Lula tem objetivos muito além das relações comerciais e diplomáticas. “A intenção do presidente é viabilizar a troca de experiências principalmente na área social”, esclareceu.

Nesse sentido, ele falou sobre os projetos comuns entre o Brasil, a Venezuela e a Argentina. Citou como exemplo o gasoduto, destacando ser o primeiro projeto de envergadura com preocupação social. “É comum entre os três governos a decisão que este não pode ser um projeto apenas econômico. Por onde passar este gasoduto tem que  trazer ganhos sociais para a população”.

Falando ainda do novo cenário político, que busca e deve trazer conseqüências sociais, e que está se desenhando na América Latina, Gomes comentou a eleição de Evo Morales à presidência da Bolívia. “Todos os presidentes prestigiaram a posse de Morales. É um fato muito significativo na história da independência da Bolívia e na história da América Latina”, ressaltou.

Fenômeno Chavez  Provocado pelo eng. eletricista Paulo Bubach, representante do presidente do Confea eng. Civil Marcos Túlio de Melo, na missão, o embaixador brasileiro falou do governo Chavez. Na avaliação dele, o atual presidente da Venezuela tem dado um exemplo de democracia ao mundo.

Gomes explicou que o conceito de democracia hoje em prática na Venezuela é muito diferente do conceito brasileiro e o do praticado em qualquer outra parte do mundo. “Aqui a democracia é participativa e protagônica”, disse.

Segundo o embaixador, desde que Hugo Chavez foi eleito já foram realizados nove referendos no país, todos com supervisão internacional. “Hoje na Venezuela o legislativo é importante, mas a vontade do povo é prioritária”.

Para Gomes, se há uma coisa da qual Chavez não pode ser chamado é de ditador. Ele lembrou ainda que o presidente venezuelano introduziu na constituição a possibilidade da instauração de um referendo, que pode levar a interrupção do mandato de qualquer parlamentar e/ou do próprio presidente, a partir de uma solicitação com 20% das assinaturas dos eleitores. Ou seja, o povo dá o poder e pode tirá-lo a qualquer momento, desde que o parlamentar ou governante não esteja lhe atendendo satisfatoriamente.

Confea  Paulo Bubach apresentou o Sistema Confea/Crea e explicou o esforço que a área tecnológica brasileira vem fazendo para contribuir com a definição das políticas públicas no país. “Além da missão de fiscalizar o exercício profissional, nosso Sistema profissional está envolvido em várias atividades que somam para garantir qualidade de vida da população”, disse.

Bubach entregou ao embaixador vários produtos de comunicação do Confea, como revistas, livros e cartas que revelam o compromisso social do Conselho. Participaram da comitiva: a gerente de relações institucionais do Confea, engaª Carmem Eleonora Amorin Soares, eng. civil Clóvis Nascimento, eng. Civil Ubiratan Félix, engª. Agrônoma Maria Higina, eng. agrônomo José Geraldo Baracuhy, engª agrônoma Lígia Maria Martucci, engª Anna Virginia, eng. agrônomo Admar Bezerra, eng. Mecânico e de Segurança do Trabalho Francisco Machado, coordenador da Comissão de Assuntos Nacionais do Confea e eng. Agrônomo Jonas Dantas dos Santos, presidente do Crea-BA.


Bety Rita Ramos
Da equipe da ACOM