Marca Ambiental revela sua forma de tratamento de resíduos

Vitória (ES), 28.11.2005

Onze participantes da 62ª SOEAA visitaram as instalações da Marca Ambiental, central de tratamento de resíduos instalada em Cariacica, município da Grande Vitória. Seu objetivo é incentivar a reciclagem e o reaproveitamento do lixo que chega. Segundo o gerente operacional da empresa, engenheiro civil Ronan Moraes Agostini, em 2000 58% do lixo brasileiro ia para os lixões e apenas 12,6% para aterros sanitários. A central de tratamento teve seu projeto para comercialização de crédito de carbono aprovado pelo Governo Federal e vende para a Biogás, empresa britânica que opera no Brasil. “Vendemos o gás que é gerado na célula e a Biogás seqüestra o carbono e vende para empresas poluidoras”, lembra Ronan Agostini.

A empresa recebeu licenciamento para destinação final de resíduos perigosos no final de outubro deste ano. Assim que chegam ao galpão os resíduos são guardados em tambores até que seja definida a destinação adequada. Está sendo montada estrutura para tratamento por micro-encapsulamento, processo utilizado pela Petrobrás no Rio de Janeiro e na Bahia.

Os resíduos de serviço de saúde, também tratados na empresa, são coletados no sistema de tratamento em circuito fechado e a capacidade de tratamento é de 250 kg/hora. São utilizadas quatro câmaras, sendo uma para queima, a 1.150ºC, e três para tratamento de gases.

O engenheiro mecânico Guilherme Picinin, que participou da visita, disse que a empresa faz um bom trabalho, mas é preciso conscientizar as administrações municipais da importância do tratamento e destinação adequada do lixo. “O trabalho é excelente, mas ainda há muito o que fazer. Vitória está atrasada em relação ao tratamento de lixo hospitalar. O que precisa ser feito a Marca está fazendo, está adaptando a sua estrutura para atender. O problema é que não há interesse das prefeituras. Ainda não há consciência de que o custo de uma epidemia é muito alto. Se a empresa não estivesse atuando, como estaria sendo tratado o lixo hospitalar? Acho que é preciso haver uma cobrança do Ministério Público em todo o País para mudar isso”, analisa.   

A empresa é responsável pelo lixo que recebe e o Estado é responsável pela fiscalização das suas atividades. No caso do resíduo perigoso o gerador é co-responsável. Para os resíduos de serviços de saúde a empresa possui uma célula exclusiva, mas o lixo não é incinerado e a destinação final é definida de acordo com a avaliação feita. Um novo galpão para receber esse lixo está sendo construído e a previsão é que entre em operação em dois meses.

Além do tratamento de resíduos, existem os projetos sociais que movimentam o dia-a-dia da central de tratamento: a fábrica de vassouras ecológicas, que usa garrafas PET como matéria-prima, produz mensalmente 100 dúzias do produto; a telha ondulada, produzida a partir de capas de fios, PVC e outros plásticos, gera emprego para 10 funcionários; a fábrica de tinta texturada, feita de lama de granito, um projeto piloto com capacidade de produção de cinco mil litros/mês, gera emprego para seis funcionários, dentre outros.


Perfil da empresa
A Marca Ambiental iniciou suas atividades em 1995. Tem 124 empregados no aterro, dos quais seis são engenheiros. Outros sete consultores na área de engenharia prestam serviço.
A empresa recebe a cada mês 25 mil toneladas de resíduos domésticos, cinco mil toneladas de resíduos inertes (entulho da construção civil), cinco mil toneladas de resíduos industriais, 50 toneladas de resíduos perigosos (classe um) e 200 toneladas de resíduos de serviços de saúde.
A Marca ocupa uma área de 1.900.000 m2 e 30% desta área é utilizada para a destinação final dos resíduos de nove municípios da região.  O custo de uma tonelada de resíduo classe dois é R$ 45,00.