Ibama quer vistoriar madeireiras

Cuiabá (MT), 26.11.2004


O superintendente do Ibama em Mato Grosso, Hugo Scheuer Werle, disse que
o órgão está estudando a possibilidade de realizar vistorias nas
empresas madeireiras da região de Guarantã do Norte para recolher
documentos. Na terça-feira, um incêndio destruiu o escritório da cidade.
Há suspeitas de que tenha sido uma ação criminosa já que a unidade
passaria por uma sindicância nos próximos dias. O chefe do escritório,
Sílvio da Silva, havia descoberto 300 ATPFs calçadas e 12 empresas
"fantasma".
 
Os escritórios do órgão em Juara, Brasnorte e São José do Rio Claro
remeteram toda a documentação para a sede em Cuiabá. A medida foi uma
forma de precaução contra novos atentados. "Não quero outro escritório
incendiado, outra catástrofe dessas", disse Hugo Werle. O material
recolhido chegou ontem à capital em um helicóptero cedido pela Polícia
Federal.
 
O escritório ainda não voltou a funcionar. A alternativa, provisória,
será o uso do alojamento destinado a agentes de fiscalização, que fica
nos fundos do imóvel. Depois da perícia na quarta-feira, a PF liberou o
local para que pudesse ser feito o recolhimento do que não foi
destruído. O chefe da unidade calcula que apenas 10% dos móveis,
utensílios e equipamentos foram recuperados. A previsão é de que se
retome o trabalho na segunda-feira.
 
De acordo com Sílvio, cerca de 60 empresas do setor de madeira têm
movimentação regular no escritório, que atende também os municípios de
Peixoto de Azevedo, Terra Nova, Matupá e Novo Mundo. É grande o número
de empresas desativadas. Cerca de 95 estão registradas somente em
Guarantã do Norte. "Muitas empresas abrem só para comercializar notas e
ATPFs", explicou na quarta-feira o coordenador de fiscalização do Ibama,
Marcos Pinto Gomes.
 
Há cinco meses, uma comissão composta por um procurador e quatro
servidores do órgão investiga fraudes nas ATPFs. Os escritórios de
Cáceres, Aripuanã e Pontes e Lacerda já passaram por sindicâncias. No
mês passado, foram encontradas 12 empresas-fantasma.
 
Na terça-feira, a Polícia Civil periciou o escritório e confirmou as
suspeitas de incêndio criminoso. Segundo informou o delegado Richard
Damasceno, o portão e as janelas laterais foram arrombados. Em uma das
salas, a perícia encontrou restos de pano usados para um estopim.

Fonte: Diário de Cuiabá