Joanesburgo, África do Sul, quinta-feira, 29 de agosto de 2002. Representantes de mais de vinte países se posicionaram sobre a questão da água e do saneamento básico na manhã do dia 28, na Cúpula Mundial Rio+10, que está sendo realizada em Joanesburgo, África do Sul. Foi quase senso comum que os recursos hídricos e a forma de gerenciá-los são as principais questões deste milênio e que estão relacionados à continuidade da vida no Planeta.O representante da Suíça disse que a necessidade de cuidar da água do Planeta é uma defesa da vida. Ele reclamou de desperdício de dinheiro por não existir uma política mundial de gestão, defendeu um esforço comum nesse sentido, mas ao mesmo tempo conclamou a uma parada na realização de conferências mundiais. Na sua avaliação, o material já gerado sobre o tema é suficiente para a criação de um órgão ligado à ONU com o objetivo de implementar políticas públicas para a água. Ele defendeu ainda ajuda dos países ricos para os países pobres e para os em desenvolvimento.O representante da Mauritânia informou que 54% da população daquele país não tem acesso a água tratada e saneamento básico. Defendeu a transferência de tecnologia, alertou para a degradação das terras africanas e a necessidade da gestão de recursos hídricos com a participação da população.O representante da Índia falou sobre a dificuldade da explotação - prospecção de água subterrânea - no seu país, sobre a falta de recursos e de legislação contra a contaminação dos lençóis freáticos, o que gera uma enorme quantidade de doenças.O representante dos Estados Unidos firmou um compromisso de apoio na gestão dos recursos hídricos com enfoque integrado. Para os EUA a Rio+10 deve gerar uma definição da questão transfronteiriça da água a nível das reservas superficiais e subterrâneas. Defende definições ainda para o gerenciamento do armazenamento e do controle de contaminação da água. Concordou com a Suiça sobre a existência de grande quantidade de informações sobre recursos hídricos que já possibilitam ações práticas mundiais.O representante Uruguaio reclamou da dificuldade de financiamento, da falta de legislação para as águas confinadas, falou da importância do Aquífero Guarani e defendeu o estabelecimento de uma legislação transfronteiriça para a exploração dos lençóis freáticos que se localizam ao mesmo tempo em vários países.O representante da Ucrânia ressaltou a necessidade de um reforma econômica geral que viabilize a sustentabilidade dos recursos hídricos. Já o representante da Bélgica endossou a necessidade da implantação de uma legislação por bacias, dessa forma internacional, já pelo Uruguai e pelos EUA.O representante do Egito definiu a água como mecanismo de integração e sugeriu o gerenciamento em três sentidos: alimentação, saneamento e água potável. Para o representante do Paquistão o mundo deve se voltar mais para os processos de dessanilização, devido as reduções de água no mundo. Ele defendeu leis internacionais rigorosas para a proibição da contaminação dos lençóis freáticos e para o controle do armazenamento.O representante de Israel informou que há dois anos o país detectou que sua política de consumo de água estava totalmente errada e criou um programa de preservação dos recursos hídricos, redução dos custos de dessanilização focado em qualidade e quantidade. Ele enfatizou que cada gota de água hoje é economizada naquele país, exemplificando que a água usada pela cidade é tratada e utilizada na agricultura. Há um projeto de redução de 50% do uso da água na agricultura sem redução de produção através do uso de tecnologia.A União Européia se comprometeu a dar apoio a uma possível gestão integrada. Mesma posição tomada pelo Canadá, que ressaltou que água e saneamento sempre têm que ter uma abordagem conjunta. O Canadá está defendendo na Rio+10 a estipulação de metas para a ampliação de pessoas no planeta com acesso a água tratada, posição que conta com o apoio do Brasil.O representante de Madagascar informou que só 1/3 da população daquele país tem acesso a água e que hoje há um programa de gestão por bacias, com o objetivo de viabilizar que, dentro de 15 anos, toda a população tenha acesso a água.O representante da Venezuela disse que os organismo financeiros internacionais são alheios a essa questão da água. Opinião endossada pela África do Sul, que enfatizou a proteção dos recursos hídricos e a necessidade da sustentação financeira para atingir esse fim.O representante da Palestina defendeu a água como um estratégico, considerando-a um grande mecanismo para a implantação da paz naquela região. Disse que não há uma rede de água potável e saneamento básico naquela nação e que hoje o uso de água permitido é de 30 litros por pessoa, quando em nível mundial é de 80 litros. Segundo ele, há um grande nível de contaminação da água local e um alto índice de anemia, mesmo com ações do governo como a criação de três centros de saneamento, um plano de garantia de saneamento de água para Jerusalém e um programa estratégico de garantia de água e saneamento para o povo palestino. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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