Brasília, quarta-feira, 1 de outubro de 2003. A segunda parte do Seminário Tecnologia Nuclear - Soberania e Desenvolvimento, na tarde de terça-feira (30/09), no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, em Brasília, reuniu especialistas do setor em torno de temas como o projeto de construção do submarino nuclear brasileiro, a realidade da indústria nuclear no mundo e a utilização de reatores na dessalinização de água para consumo humano.A conclusão da Usina Angra 3 foi defendida com ênfase pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Dias Gonçalves. "É necessária uma definição sobre Angra 3. O governo passado passou todo o tempo sem tomar uma decisão, não podemos gastar milhões por ano só para guardar peças em depósitos. Nem que seja para jogar tudo mar temos que tomar uma decisão", afirmou Odair Gonçalves.De acordo com Luiz Soares, diretor técnico da Eletronuclear, no cenário internacional houve ampliação da geração de energia nucleoelétrica nos últimos anos. "Na década de 90, nos Estados Unidos, não se falava de novos projetos. Hoje já existe um aumento de 40% na produção de energia nuclear, um programa intensivo de extensão da vida útil das usinas, além da aprovação pelo Senado da garantia de financiamento de 50% dos recursos necessários para a construção de seis reatores avançados", disse Luiz Soares. O diretor citou ainda o caso francês, onde 78% da energia produzida é nucleoelétrica, transformando o país em exportador. "Para se ter uma idéia, a Itália que neste fim de semana sofreu um blecaute, compra 15,8 TWh da França". O detalhe é que desde meados da década de 80 os italianos deixaram de produzir energia nuclear.Desenvolver sem energia? - "Temos condição de produzir energia e até exportar, no entanto importamos. Como pensar em deixar de ser um país subdesenvolvido sem energia?", disse Alfredo Tranjan, diretor da Cnen. Para o vice-presidente da Fiesp, Carlos Roberto Liboni, a decisão de retomar do Programa Nuclear Brasileiro é vital para o desenvolvimento do país. "A indústria que precisamos para o Brasil que queremos não se sustenta com a oferta de energia atual. Nesse sentido as usinas nucleares têm fundamental importância. O programa nuclear brasileiro é um grande sucesso e não dá para entender porque não há um reforço institucional neste sentido. As conquistas precisam ser mantidas e ampliadas", disse Liboni.Grande parte da resistência ao Programa Nuclear deve-se à questão dos rejeitos radioativos. Para Alfredo Tranjan, no entanto, esse problema foi resolvido com a Lei 10.308/2001 que prevê a construção de depósitos definitivos que, pelos seus cálculos estarão concluídos até 2009. "Usinas nucleares não produzem gases responsáveis por efeito estufa ou chuva ácida.Os rejeitos são estocados e controlados. Caso todas as usinas a carvão no mundo fossem substituídas por usinas nucleares, deixariam de ser despejados na atmosfera 5 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano", disse Tranjan.Participaram também do Seminário o almirante Alan Paes Leme Arthou, diretor do Centro Tecnológico da Marinha, em São Paulo, que falou sobre o projeto de construção do primeiro submarino nuclear brasileiro; Cláudio Rodrigues, diretor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), que detalhou o impacto de um programa nuclear na medicina e na agricultura; e o comandante Adolfo Braid, que destacou a possibilidade de utilização de reatores nucleares na dessalinização da água do mar para consumo humano, no Nordeste. Gloria Alvarez - Assessora de Imprensa da Eletronuclear
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