Brasília, segunda-feira, 6 de outubro de 2003.
Conhecimento como riqueza de uma nação, infra- estrutura no que se refere à energia elétrica e urbanização das cidades e a participação do agronegócio no crescimento do país, foram temas da primeira rodada do Ciclo de Debates "Cenários de Inserção das Profissões de Engenharia, Arquitetura e Agronomia no Contexto do Desenvolvimento Brasileiro - 2004/2007", realizado no dia 2 de outubro, no plenário do Confea.
A abertura do evento foi feita pelo presidente do Confea, Eng. Wilson Lang. A iniciativa é da Comissão Organizadora da 60ª Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAA), evento que vai discutir "Cenários de Futuro do Brasil", de 10 a 12 de dezembro, em Brasília.
O Ciclo de Debates, que reúne especialistas das áreas afetas ao Sistema e diretamente ligadas ao desenvolvimento do pais, visa criar condições aos profissionais para a construção de cenários prospectivos e faz parte das ações preparatórias para a SOEAA.
O debatedor Zuhair Warwar, do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou que 55% da riqueza mundial hoje é conhecimento e que o mundo atualmente se divide entre as nações que geram conhecimento e as que compram. "Educação e inovação agregam valor de competitividade", informou, deixando claro, que nesse contexto, o Sistema Confea/Crea é responsável pela renovação do país.
O eng. eletricista Luis Osvaldo Aranha, segundo debatedor a se manifestar, falou sobre questão energética, destacou que tudo que foi feito até agora no Brasil, em termos de crescimento do PIB, sempre contou com a participação da área tecnológica e a questão no momento é como ampliar essa participação de um modo geral, especificamente, na área de energia.
Para Aranha é necessário que se procure, em termos nacionais, a integração dos diversos segmentos de geração de energia em termos de conforto e preço. "Esse é o papel do Estado, se deixar por conta dos setores isolados eles só pensarão em maximizar seus lucros. Por isso o Estado tem que ter o controle", enfatizou.
O terceiro palestrante, arquiteto Benny Schasberg, diretor de planejamento urbano do Ministério das Cidades, se deteve nos temas gestão das cidades e disparidades regionais. Ele lembrou que a discussão a ser feita pelo Sistema Confea/Crea, necessariamente, deverá se dar a luz do Programa Plurianual (PPPA) para o período 2004/2007. "O PPA é o conjunto de ações que expressam as diretrizes das políticas públicas para a inserção num único projeto nacional. Tem a preocupação com a dimensão territorial e espacial, nesse sentido propões um esforço de construção de uma rede de cidades integradas", informou.
Schasberg disse que este é um enorme desafio proposto frente ao atual quadro das cidades brasileiras. Dos 5.561 municípios, 80% tem menos de 50 mil habitantes, é pouco urbanizado, tem características rurais e concentração de pobreza, que se repete nas periferias das grandes metrópoles. "Mas o modelo de urbanização possui ainda traços mais perversos como a precariedade de serviços e bens e a infra-estrutura dos assentamentos urbanos socialmente injusta e ambientalmente predatória", ressaltou, lembrando ainda de outro componente grave que é a desigualdade da capacidade técnica existente nos municípios brasileiros.
"Para tentar reverter este quadro foi criado o Ministério das Cidades, que tem o objetivo de articular as políticas setoriais que intervém no processo de desenvolvimento e expansão urbana", disse Schasberg.
O último debatedor a se pronunciar foi o pesquisador da Embrapa, Antônio Maria Gomes de Castro, que falou sobre o desenvolvimento do agronegócio, enfocando aspectos de produção e sustentabilidade, agroindústrias e mercado de negócios. "O agronegócio tem responsabilidade de 50% do PIB brasileiro e emprega 38 milhões de pessoas e exporta US$ 23,8 bilhões", disse.
Segundo o pesquisador, o grande desafio nessa área é fazer com os benefícios que estão sendo produzidos no agronegócio possam, efetivamente, melhorar a qualidade de vida da população brasileira.
Debate - A questão da relação das universidades brasileiras com a sociedade não foi tema central de nenhuma das palestras, porém foi o assunto que predominou durante o debate. Atendendo a provocação do público presente Zuhair Warwar, do Ministério das Relações Exteriores, explicou sobre o desinteresse das Universidades brasileiras de se integrarem com a sociedade.
Os Conselhos Acadêmicos dessas instituições são presididos pelos próprios reitores, o que, na avaliação de Zuhair, impossibilita que as universidades tenham conhecimento das necessidades da comunidade. Ele comparou os estatutos de diversas universidades brasileiras, que têm muitos pontos em comum, como por exemplo a USP e a Unicamp, e chamou esse tipo de estrutura de "fascista".
Disse também que o Conselho Acadêmico não é renovado. "São as mesmas pessoas sempre, idéias novas não são levadas para dentro dos centros acadêmicos", criticou.
"Os estudantes se formam, adquirem o mestrado e o doutorado e a universidade não reconhece isso como experiência para o campo universitário, surgindo um processo de desagregação de valores como o desemprego no país", ressaltou, enfatizando ainda que o descaso passa também pelas escolas técnicas e secundárias.
Segundo Zuhair este quadro das universidades e escolas secundárias não tem como causa a falta de recurso financeiro. "O que está faltando é vontade política do governo de se voltar para o ensino brasileiro", afirmou.
Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
Conhecimento como riqueza de uma nação, infra- estrutura no que se refere à energia elétrica e urbanização das cidades e a participação do agronegócio no crescimento do país, foram temas da primeira rodada do Ciclo de Debates "Cenários de Inserção das Profissões de Engenharia, Arquitetura e Agronomia no Contexto do Desenvolvimento Brasileiro - 2004/2007", realizado no dia 2 de outubro, no plenário do Confea.
A abertura do evento foi feita pelo presidente do Confea, Eng. Wilson Lang. A iniciativa é da Comissão Organizadora da 60ª Semana Oficial da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAA), evento que vai discutir "Cenários de Futuro do Brasil", de 10 a 12 de dezembro, em Brasília.
O Ciclo de Debates, que reúne especialistas das áreas afetas ao Sistema e diretamente ligadas ao desenvolvimento do pais, visa criar condições aos profissionais para a construção de cenários prospectivos e faz parte das ações preparatórias para a SOEAA.
O debatedor Zuhair Warwar, do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou que 55% da riqueza mundial hoje é conhecimento e que o mundo atualmente se divide entre as nações que geram conhecimento e as que compram. "Educação e inovação agregam valor de competitividade", informou, deixando claro, que nesse contexto, o Sistema Confea/Crea é responsável pela renovação do país.
O eng. eletricista Luis Osvaldo Aranha, segundo debatedor a se manifestar, falou sobre questão energética, destacou que tudo que foi feito até agora no Brasil, em termos de crescimento do PIB, sempre contou com a participação da área tecnológica e a questão no momento é como ampliar essa participação de um modo geral, especificamente, na área de energia.
Para Aranha é necessário que se procure, em termos nacionais, a integração dos diversos segmentos de geração de energia em termos de conforto e preço. "Esse é o papel do Estado, se deixar por conta dos setores isolados eles só pensarão em maximizar seus lucros. Por isso o Estado tem que ter o controle", enfatizou.
O terceiro palestrante, arquiteto Benny Schasberg, diretor de planejamento urbano do Ministério das Cidades, se deteve nos temas gestão das cidades e disparidades regionais. Ele lembrou que a discussão a ser feita pelo Sistema Confea/Crea, necessariamente, deverá se dar a luz do Programa Plurianual (PPPA) para o período 2004/2007. "O PPA é o conjunto de ações que expressam as diretrizes das políticas públicas para a inserção num único projeto nacional. Tem a preocupação com a dimensão territorial e espacial, nesse sentido propões um esforço de construção de uma rede de cidades integradas", informou.
Schasberg disse que este é um enorme desafio proposto frente ao atual quadro das cidades brasileiras. Dos 5.561 municípios, 80% tem menos de 50 mil habitantes, é pouco urbanizado, tem características rurais e concentração de pobreza, que se repete nas periferias das grandes metrópoles. "Mas o modelo de urbanização possui ainda traços mais perversos como a precariedade de serviços e bens e a infra-estrutura dos assentamentos urbanos socialmente injusta e ambientalmente predatória", ressaltou, lembrando ainda de outro componente grave que é a desigualdade da capacidade técnica existente nos municípios brasileiros.
"Para tentar reverter este quadro foi criado o Ministério das Cidades, que tem o objetivo de articular as políticas setoriais que intervém no processo de desenvolvimento e expansão urbana", disse Schasberg.
O último debatedor a se pronunciar foi o pesquisador da Embrapa, Antônio Maria Gomes de Castro, que falou sobre o desenvolvimento do agronegócio, enfocando aspectos de produção e sustentabilidade, agroindústrias e mercado de negócios. "O agronegócio tem responsabilidade de 50% do PIB brasileiro e emprega 38 milhões de pessoas e exporta US$ 23,8 bilhões", disse.
Segundo o pesquisador, o grande desafio nessa área é fazer com os benefícios que estão sendo produzidos no agronegócio possam, efetivamente, melhorar a qualidade de vida da população brasileira.
Debate - A questão da relação das universidades brasileiras com a sociedade não foi tema central de nenhuma das palestras, porém foi o assunto que predominou durante o debate. Atendendo a provocação do público presente Zuhair Warwar, do Ministério das Relações Exteriores, explicou sobre o desinteresse das Universidades brasileiras de se integrarem com a sociedade.
Os Conselhos Acadêmicos dessas instituições são presididos pelos próprios reitores, o que, na avaliação de Zuhair, impossibilita que as universidades tenham conhecimento das necessidades da comunidade. Ele comparou os estatutos de diversas universidades brasileiras, que têm muitos pontos em comum, como por exemplo a USP e a Unicamp, e chamou esse tipo de estrutura de "fascista".
Disse também que o Conselho Acadêmico não é renovado. "São as mesmas pessoas sempre, idéias novas não são levadas para dentro dos centros acadêmicos", criticou.
"Os estudantes se formam, adquirem o mestrado e o doutorado e a universidade não reconhece isso como experiência para o campo universitário, surgindo um processo de desagregação de valores como o desemprego no país", ressaltou, enfatizando ainda que o descaso passa também pelas escolas técnicas e secundárias.
Segundo Zuhair este quadro das universidades e escolas secundárias não tem como causa a falta de recurso financeiro. "O que está faltando é vontade política do governo de se voltar para o ensino brasileiro", afirmou.
Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS