Brasília, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003. De acordo com a programação do terceiro e último dia da 60ª SOEAA, o Painel Internacional 2 tratou do tema "Os Novos Paradigmas da Formação e do Exercício Profissional", sob a batuta dos seguintes painelistas: Américo Bernardes, representando o ministro da Educação, eng. Cristovam Ricardo Cavalcante Buarque; eng. Francisco Sousa Soares, bastonário da Ordem dos Engenheiros de Portugal e eng. Frederico Victor Moreira Bussinger, ex-presidente do Confea e diretor do Instituto de Desenvolvimento Logístico de Transporte e Meio Ambiente; mediados pelo eng. Antônio Roque Dechen, 1º vice-presidente do Confea.Ensino à distância e Educação continuada foram os assuntos principais abordados por Américo Bernardes, que traçou um paralelo entre Coréia do Sul, Taiwan e Brasil e de como esses dois primeiros países superaram os problemas com educação, por intermédio desses dois métodos.A alocação de recursos nas instituições científicas, permitindo-lhes alcançar a ampliação do número de profissionais técnicos de nível superior e incentivo à educação continuada é de fundamental importância. "Esses novos métodos devem ser capazes de chegar onde o profissional está sendo formado. Essa é uma das metas prioritárias do Ministério da Educação", disse Bernardes.Exemplos preocupantes como o número de professores de nível médio (468,33 mil) sem formação adequada (98.345 mil) agrava-se com mais de 35 milhões de matrículas no ensino fundamental e quase 9 milhões no ensino médio, lembrando que apenas 11,4% de jovens entre 18 e 24 anos no ensino superior. "Ganhamos apenas do Haiti em número de jovens que permanecem nas escolas públicas", revelou o especialista.Segundo Bernardes, a criação de um modelo é importante para viabilizar os métodos propostos como, por exemplo, a interação entre educadores e educandos associada a tecnologias adequadas, além da implantação de um sistema de gestão e avaliação que congregue todas as novidades da metodologia de educação à distância. Fortalecimento do ensino presencial, ampliação da oferta de cursos, educação continuada, permitir acesso à informação, combinar processos de educação continuada com educação à distância e manutenção de qualidade, também foram citados como itens que compõem o modelo.Nosso maiores desafios são compostos pela realidade nas Instituições Públicas de Ensino Superior, captarmos financiamento adequado à nossa realidade, nos preocupar com a pluralidade de projetos e assumirmos um comprometimento com a sua qualidade, além de ser objeto de uma política nacional de educação à distância", finalizou o representante do Ministério da Educação.Formação profissionalAs parcerias realizadas entre Confea e a Ordem dos Engenheiros de Portugal, notadamente em Cabo Verde, Moçambique, Angola e organizações internacionais, foram citadas e destacadas por Soares que considera como paradigmas da formação do engenheiro a formação de base, a especializada e a que se adquire ao longo da vida (educação à distância, plataformas).A declaração de Bolonha, na Europa, constitui-se em documento que facilita o intercâmbio e possibilita a comparação de qualificações. O engenheiro entende que a engenharia deveria somar dois perfis, ou seja, a formação técnica com a de engenharia, com 180 ou 300 ECTS - unidade de crédito que permite a transferência de determinado curso de um país para outro.Em sua opinião, o perfil do novo profissional deve somar, entre outras competências, a capacidade de elaborar, executar e coordenar projetos; propor soluções competitivas; decidir com espírito crítico; gerir e controlar processos; trabalhar em rede; desenvolver soluções integradas, entre outras.Entre as preocupações que os profissionais devem ter com relação ao desenvolvimento sustentável estão as alterações climáticas e os sinais da natureza; a água como fundamental recursos do século XXI; reciclagem dos resíduos, as energias renováveis e o protocolo de Kyoto e o turismo como fator de desenvolvimento.Já os desafios futuros, segundo sua avaliação, consistem no registro dos profissionais e os atos de engenharia; os títulos de especialistas e as equivalências profissionais internacionais; a ética e a deontologia profissional; a promoção e a valorização das empresas (apoio ao desenvolvimento do emprego) e a intervenção na sociedade. "Aprendi com o Sistema Confea/Creas que tudo o que disser respeito a saúde e a segurança públicas, nós profissionais da área tecnológica devemos interferir", concluiu Soares.Atribuição ProfissionalO ex-presidente do Confea - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e atual Diretor do Instituto de Desenvolvimento Logístico de Transporte e Meio Ambiente, engenheiro eletricista Frederico Bussinger destacou a importância da atribuição para o futuro das profissões da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. "Esse é o pilar central das nossas profissões é e se formos refletir o futuro, precisamos pensar na questão da atribuição", destacou. Segundo Bussinger o principal problema é que a atribuição baseia-se na formação de graduação (conforme a resolução 218) e não considera toda a experiência que o profissional adquire. "A nossa formação, que adquirimos ao longo da vida profissional, é mais ampla do a graduação acadêmica."Bussinger considera que é necessário focar-se na Constituição Federal, que preza as profissões pela qualificação profissional. "Hoje deixa-se de reconhecer a capacidade que a pessoa adquire ao longo do tempo". Segundo Bussinger é preciso criar uma forma de agregar e filtrar a qualificação dos profissionais e isso só será possível se houver "engenharia política para para isso". Ítalo Coutinho (Crea/SP) e Priscila Viudes (Crea/MS)
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