Brasília, segunda-feira, 26 de abril de 2004. "A cada 18 meses o conhecimento duplica em certas áreas da engenharia". A afirmação, do eng. civil Vahan Agopyan, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), mostra que, mais que uma formação acadêmica de qualidade, o engenheiro precisa se reciclar e estar sempre atualizado para responder ao dinamismo do mercado. Durante palestra ministrada hoje no workshop do Programa de Modernização e Valorização das Engenharias (Promove), Agopyan falou sobre a formação do novo engenheiro e questões pertinentes a inovação, empreendedorismo e competitividade. O workshop é uma iniciativa da Associação Brasileira de Ensino em Engenharia (Abenge) e acontece até a próxima quarta-feira, no Mercure Hotel, em Brasília.Segundo Agopyan, o ensino de engenharia precisa se adequar à velocidade atual da informação e desenvolvimento dos meios tecnológicos e do conhecimento. Ele demonstrou o modelo encontrado na Escola Politécnica da USP para responder a essa realidade. Desde 2000, a escola passa por um processo drástico de flexibilização curricular. Foi implementado o ciclo básico, em que os alunos cursam matérias fundamentais para todas as engenharias até o segundo ano. Do terceiro em diante, optam por uma área específica depois de passar por uma avaliação do desempenho nos dois primeiros anos.Velocidade - "A universidade não tem como acompanhar a rapidez do mercado: assim que o engenheiro se forma, seu conhecimento já esta defasado", acredita Agopyan. Portanto, a saída, conforme ele, é oferecer as condições e ferramentas necessárias para que o profissional possa se atualizar. "Ou seja, precisamos de programas de ensino continuado e de uma estrutura curricular que não seja fechada, com disciplinas optativas e opções de trânsito do aluno", reforça. A eng. eletricista Maria Simon, diretora da Faculdade de Engenharia da Universidade da República, no Uruguai, concorda. Para ela, que apresentou palestra sobre o ensino uruguaio nas áreas de engenharia, a formação básica é a maior responsabilidade da escola de graduação. "A tecnologia muda muito rápido. Então, a maior contribuição da academia é ensinar o futuro profissional a pensar direito, a resolver problemas", argumenta. Assim como a Escola Politécnica, a universidade uruguaia aposta nas disciplinas optativas e na educação continuada. Lá, em 2004, estão em andamento 70 módulos sobre temas novíssimos dos diversos campos das engenharias. A idéia é reciclar profissionais formados há vários anos e levar aos recém-formados a tecnologia que acaba de ser produzida nos laboratórios e institutos de pesquisa e que ainda não pôde ser incorporada ao currículo da graduação. Gustavo Schor - Da equipe da ACOM
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