Nielsen Christianni quer ser um agente de transfomação no Sistema

Brasília, 24 de janeiro de 2024. 

Nielsen Christianni, engenheiro florestal, consultor e autor de publicações técnicas e artigos científicos, assume agora o papel de conselheiro federal no Confea. Sua trajetória inclui liderança na Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (Apeef), atuação no Conselho de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (Consema) e desempenho expressivo no Crea-PE. Além de sua expertise na engenharia florestal, Nielsen quer se destacar como um dos porta-vozes das demais modalidades no Plenário do Confea. O conselheiro se posiciona como um entusiasta da atuação feminina, buscando uma representação mais ativa e estratégica no cenário profissional, postura que reflete em sua chapa composta pela eng. agr. Luisa Peruniz. Conheça mais sobre Nielsen Christianni nesta entrevista: 

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Conselheiro federal Nielsen Christianni

Site do Confea: O senhor foi escolhido nas eleições de 2023, marcadas pelo avanço na representatividade dos profissionais registrados, com participação recorde de 19,17% do total de um universo de 739.428 habilitados para exercer o direito de voto. Como o senhor avalia essa participação e essa tendência de crescimento do interesse no pleito eletrônico? 

Compreendo que a ampliação na representatividade dos profissionais nas eleições é de fundamental importância para que de fato a gestão possa representar o interesse dos profissionais. Minha singela análise é que apenas uma parte menor da ampliação da participação de profissionais foi resultado das eleições no formato online e a facilidade da votação eletrônica para o profissional exercer seu direito ao voto. No entanto, entendo que a parte maior da ampliação do quantitativo de votantes está relacionado a atuação do Sistema Confea/Crea e Mútua, sobretudo, de cada Crea, ao se apresentar mais próximos dos profissionais e debatendo programas e temas de seu interesse. 


Em Pernambuco, por exemplo, a participação dos profissionais foi recorde ao triplicar a quantidade de votantes quando comparada à última eleição e à média das anteriores. Enfatizo que, na minha opinião, é fruto da atuação do Crea mais próximo dos profissionais, promovendo sua valorização junto à sociedade. Atuação que tive a grata honra de contribuir, como superintendente na última gestão do Crea-PE. 
 
Site do Confea: Fale da importância de representar a engenharia florestal no plenário federal? 

Na condição de conselheiro federal tenho a total compreensão de que nossa atuação representará e defenderá todas as modalidades profissionais vinculadas ao Sistema. Esse formato de articulação e atuação ampla já me é bem presente em várias instâncias que participei. A articulação plural com as diversas modalidades em vários momentos da minha história, sobretudo, nos últimos três anos na condição de superintendente do Crea-PE, histórico esse que nos proporcionou o apoio à nossa candidatura pela grande maioria das entidades de classe do estado. 

Com formação e atuação profissional em Engenharia Florestal, possuo um conhecimento aprofundado das necessidades e dos projetos inerentes à categoria. Esta expertise estende-se tanto ao campo técnico quanto às intricadas questões de articulações institucionais e políticas profissionais. Ao longo de minha trajetória, destaco minha participação como presidente da Associação Pernambucana de Engenheiros Florestais (Apeef) em gestões anteriores, além de minha contribuição como Diretor na penúltima Diretoria da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (Sbef).  Com essa experiência sólida e diversificada, sinto-me com propriedade para me colocar para ser representante e contribuir interlocutor da Engenharia Florestal junto ao Confea. 

Neste momento, em que o Brasil intensifica seus esforços para cumprir e avançar nos compromissos globais relacionados às mudanças climáticas, as políticas de conservação e preservação das florestas se tornam indispensáveis. Estabelecer instrumentos mais eficazes para conter as queimadas e os desmatamentos irregulares é crucial. Além disso, é imperativo implementar políticas e programas que promovam o uso sustentável da floresta em pé, bem como a utilização consciente de seus produtos, integrando-os nas diversas cadeias produtivas. Essas medidas não apenas contribuem para enfrentar a emergência climática, mas também abordam questões críticas como o uso responsável da água e a busca por soluções para reduzir o déficit habitacional, garantindo habitações de interesse social dignas e de menor custo. A Engenharia Florestal, com sua expertise, está primorosamente posicionada para desempenhar um papel significativo na busca por soluções abrangentes para os diversos desafios que impactam nossa sociedade. 

Em resumo, além de promover questões específicas da Engenharia Florestal, é essencial reconhecer que esses temas também são de interesse amplo para a sociedade. É de grande importância ser esse canal constante de diálogo e articulação com a categoria, da qual muito me honra representar. 

Site do Confea: Qual foi a motivação para formar chapa com Luisa Peruniz, sua suplente? 

A nossa motivação considerou algumas premissas essenciais na construção de uma composição. Inicialmente na construção participativa de um Projeto de um Sistema Confea, Crea, Mútua, Entidades de Classe e Instituições de Ensino. Foi ponto fundamental também a articulação com as Entidades de Classe, Instituições de Ensino e Lideranças das Engenharias, Agronomia e Geociências. A partir daí destacou-se a identidade comum com os propósitos de projetos construídos e a disposição de contribuir na sua efetivação. 

A formação profissional em Engenharia Agronômica e sua sólida experiência, atuando, sobretudo, no interior do estado, e desta forma mais próxima ao meio rural, possibilita estrategicamente agregar importante expertise nos debates e construções no campo Engenharia Agronômica, incorporando o viés de contemplar as condições de trabalho dos envolvidos nessas atividades. 

E, por fim, mas não menos importante, em um país marcado fortemente pela cultura do patriarcado, é fundamental contemplar a percepção e o lugar de fala feminina nas questões que contemplem o fortalecimento de sua atuação profissional. 

Luisa Peruniz e Nielsen Chistianni





 

Site do Confea: Quais os principais compromissos assumidos diante dos profissionais e que serão suas metas neste mandato? 

Nosso compromisso nasce do propósito de representar de fato o interesse dos profissionais. Vamos buscar aprimorar os serviços prestados, promover a valorização profissional perante a sociedade e contribuir para o desenvolvimento sustentável através da participação ativa das Engenharias, da Agronomia e da Geociências. Nosso propósito envolve a geração de emprego e renda, assim como o aprimoramento do bem-estar social. 

Nos comprometemos também a apoiar debates e alternativas para a mitigação das mudanças climáticas, políticas agrícolas que combatam a fome e fortaleçam a segurança e soberania alimentar, além da definição e implementação de políticas públicas. Incentivar a inovação e a tecnologia, fortalecer a cultura educativa em parceria com profissionais e sociedade, e representar e apoiar os interesses das nossas profissões no âmbito do Confea também estão entre nossas metas específicas.

Site do Confea: E quais são as expectativas quanto ao trâmite dessas prioridades na rotina de trabalhos no Confea? Quais esforços o senhor irá empregar para emplacar esses projetos? 

Minhas expectativas e motivação são as melhores possíveis. Muitas das questões apresentadas são fundamentais para o funcionamento e o propósito essencial do Conselho Federal, fazendo parte das rotinas e trâmites ordinários.  No entanto, como já relatei anteriormente, o Conselho Federal tem um campo de atuação que se requer avançar, que se constituirá na valorização dos profissionais e da atuação das Engenharias, Agronomia e Geociências. Neste último caso, uma das contribuições que promoveremos é pautar e participar da construção de alternativas para as problemáticas de interesse dos profissionais e da sociedade. 

Nossa missão de fortalecer as Engenharias, Agronomia e Geociências, assim como valorizar seus profissionais, surge do diálogo próximo com os membros dessas áreas, Entidades e Instituições. Nosso objetivo é representar de maneira eficaz os legítimos interesses desses profissionais e contribuir para o aprimoramento contínuo do Sistema Confea, Crea, Mútua e das Entidades de Classe e Instituições de Ensino. 

As estratégias para consecução dessa ação em torno de pautas relevantes, baseiam-se, sobretudo, nas articulações internas, nas diversas instâncias de funcionamento do Confea, tais como Plenário, Comissões, Grupos de Trabalho etc., bem como as fundamentais articulações institucionais (externas), a exemplo de articulações parlamentares, com ministérios, Judiciário, entidades de classe, entre tantos outros. 

Uma parte importante dessas contribuições é focar não apenas no debate, mas na construção de propostas para solução das problemáticas apresentadas. Nesse sentido, nosso mandato está a inteira disposição do Confea, das instituições, dos profissionais e da sociedade. 

 

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Conselheiro federal Nielsen Christianni

 

Site do Confea: Como o senhor tem acompanhado a atuação do Sistema Confea/Crea e Mútua nos últimos anos? Que programas e atividades o senhor acredita estarem na direção correta e quais o senhor percebe que possam ser aperfeiçoados com sua contribuição? 

Observamos muitos avanços no Sistema Confea/Crea e Mútua, nas entidades de classe e instituições de ensino, que requerem consolidação, bem como a necessária ampliação para outros desafios. Dentre os aspectos que podemos destacar, ocorreram avanços importantes, tais como os investimentos em normativos, processos e os avanços tecnológicos para promoção de serviços aos profissionais com maior agilidade, segurança e qualidade. Além do importante avanço com as eleições online, possibilitando ampliar a representatividade dos processos eleitorais, trazendo o interesse do profissional para uma participação mais ativa na vida de todo o Sistema. Algo recente que tem grande potencial para contribuir com o aprimoramento da atuação do Confea e de cada Crea é a implantação do Plano Plurianual em associação com o planejamento estratégico. E merece destaque a atuação do Programa Mulher com proposições para o fortalecimento da inserção e da visibilidade da mulher nas profissões do Sistema. 

Outro ponto relevante é a atuação da Assessoria Parlamentar, especialmente nos últimos dois anos, concentrando-se em temas de interesse das profissões associadas ao Confea e no funcionamento do Conselho em si. Reconhecemos a importância de expandir ainda mais o papel da Assessoria Parlamentar, buscando eficácia tanto nas ações quanto nos resultados alcançados. Isso inclui a abordagem de políticas públicas relacionadas às atividades vinculadas ao Confea, investimentos em articulações e estratégias para aprimorar a formação profissional, fortalecer os mecanismos de valorização da ética profissional, e aprimorar os normativos destinados a oferecer o melhor atendimento aos profissionais, proporcionando agilidade na implementação e funcionamento dos empreendimentos nas áreas das Engenharias, Agronomia e Geociências.


Site do Confea: As áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências têm questões fundamentais tramitando no Legislativo e Executivo; por isso, nos últimos anos, a interlocução do Sistema Confea/Crea e Mútua com esses Poderes tem sido refinada. Como o senhor pretende atuar diretamente nesta frente? 

Como citamos anteriormente, observamos esse refinamento e avanços na articulação parlamentar. No campo da articulação parlamentar, diversos são os temas que impactam diretamente o funcionamento do Sistema, na vida dos profissionais e no desenvolvimento das atividades das Engenharias, Agronomia e Geociências.  Temos interesse em contribuir com essa atuação, que se relaciona com praticamente todo o funcionamento do Sistema. Dentre as ações que vislumbro contribuir, destaco a triagem dos projetos de lei que impactam positiva ou negativamente o desenvolvimento das nossas profissões e dos profissionais vinculados. A partir dessa identificação, buscaremos a priorização de projetos, estabelecendo uma interlocução efetiva com profissionais, entidades e instituições.


Site do Confea: No final de seu mandato de conselheiro, qual marca pretende deixar para os profissionais e para o Sistema? 

Entendemos que nosso mandato será exitoso ao deixar a marca de que realmente representa os interesses das profissionais e dos profissionais. Pretendemos deixar um legado significativo, contribuindo para o aprimoramento do Sistema, proporcionando serviços ágeis, seguros e de alta qualidade aos profissionais. Buscamos influenciar a inserção do Sistema na formulação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável, contribuindo assim para a melhoria das condições de vida em nossa população.


Site do Confea: O que, na sua história de vida, o fez optar por sua especialidade? 

Na época em que fiz essa escolha, na segunda metade da década de 80, embora os debates e conhecimentos sobre as interações entre atividades profissionais e as preocupações com a sustentabilidade ambiental fossem incipientes no Brasil, outras nações já estavam envolvidas nesse diálogo e conduzindo estudos. Essas iniciativas indicavam que em breve o mundo precisaria estabelecer um pacto significativo para a preservação ambiental e a conservação da vida no planeta. Essa percepção foi confirmada pouco tempo depois, especialmente após a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992.

Ao avaliar grades curriculares de vários cursos, concluí que a Engenharia Florestal poderia dar uma grande contribuição nesse processo que o mundo iria demandar de forma mais efetiva. Essas percepções foram rapidamente confirmadas e hoje, com pouco mais de três décadas de atuação profissional, considero realizado e feliz com o exercício profissional da Engenharia Florestal, por considerar concreta as contribuições realizadas ao longo desses anos. 

Site do Confea: O senhor atua hoje na sua profissão? O que o senhor faz? 

Atuei por cerca de três décadas dedicados unicamente as atividades vinculadas à Engenharia Florestal, com atuação técnica e até científica, tanto vinculados a organismos internacionais, governamentais, iniciativa privada e organizações não governamentais. Com o passar dos anos, cada vez mais foram incorporadas atuações de planejamento, monitoramento, articulação institucional e gestão. Nos últimos três anos na função de Superintendente do Crea-PE, exercitei mais essa experiência no campo da gestão.  


Site do Confea: Ainda sobre a sua profissão, em 2023, o desmatamento caiu pela metade na Amazônia, mas subiu 43% no Cerrado. O que pensar sobre essa discrepância de tratamentos entre os biomas brasileiros? 

Os desmatamentos e as queimadas predatórias na Amazônia, felizmente chama a atenção de toda a sociedade brasileira e internacional, quer seja pela reconhecida importância desse Bioma, como pela abrangência de sua área, seus benefícios ambientais e importância para as comunidades tradicionais. A redução dos desmatamentos do último ano, é fruto do resgate de uma política de conservação desse Bioma. Apesar de se ter muito a avançar, essa redução do desmatamento da Amazônia é algo a se comemorar. 

No entanto, algumas preocupações devem entrar na pauta da sustentabilidade, que é elevar as políticas e diretrizes de conservação e uso dos demais Biomas brasileiro. O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, presente em 15 estados brasileiros, atualmente é o bioma mais devastado e tem sido reduzido drasticamente para, com alegação do avanço de fronteira agropecuária e por outras atividades predatórias de exploração da floresta. Essa devastação coloca em risco sua importante biodiversidade e impacto nos recursos hídricos, em um território que contempla três importantes bacias hidrográficas, e que já passam a sofrer alterações na dinâmica natural dos rios e aquífero. Nesse sentido, faz-se necessário investir em políticas sustentáveis de uso desse bioma.  

Nessa mesma linha, é importante ampliar a definição de políticas mais efetivas para a Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, que passa por sua devastação por meio de desmatamentos com fins, sobretudo, para exploração depredatória da biomassa florestal energética. 
 

Fernanda Pimentel
Equipe de Comunicaçao do Confea 
Fotos: Marck Castro