Mobilidade integra engenharias

Brasília, 4 de novembro de 2016.

O secretário de Mobilidade do Distrito Federal, eng. civ. Fábio Damasceno, apresentou, na última terça-feira (8), o Plano de Mobilidade para Brasília, marcando a abertura da agenda de eventos do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF). para empresas da construção civil, estudantes e entidades ligadas ao setor. 

Na sequência, dia 10, a Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat/Sinduscon-DF) realiza a palestra Norma de Desempenho e Projetos. Na semana seguinte, dia 17, o projeto “O Futuro da Minha Cidade” chega à capital, em evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). E no dia 24, será realizada a segunda edição da premiação Indicadores do Concreto, reconhecendo os melhores trabalhos em concretagem produzidos no Distrito Federal.

Bacharel em Engenharia Civil, com especialização em transportes pela Faculdade de Engenharia Industrial São Bernardo do Campo (FEI), o paulistano Fábio Damasceno fez ainda pós-graduação em Administração Pública e Gestão de Cidades e mestrado em Transportes. Atua na área desde 1996 e já trabalhou na Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo e em outras empresas de consultoria do setor. Foi diretor de Transportes do DER (ES) e secretário municipal de Transportes e Infraestrutura Urbana de Vitória (ES). Durante quatro anos, atuou como secretário de Estado dos Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo e um ano como secretário-adjunto da Secretaria de Mobilidade do DF. Em setembro, passou a ocupar o cargo de secretário de Mobilidade do Distrito Federal.

A seguir, ele descreve a seguir alguns detalhes sobre o Plano de Mobilidade para Brasília.

 

"Secretário de Mobilidade do Distrito Federal, engenheiro civil Fábio Damasceno: transformações já iniciadas, com investimentos superiores a R$ 6 bilhões"
 A mobilidade integra várias engenharias. Quais são as principais expertises compartilhadas entre a engenharia civil, sua área, e outras áreas ligadas à engenharia de tráfego? 

Na verdade, sou engenheiro civil especializado em transportes, desde coletivo à finalização viária. A mobilidade tem “n” fatores de engenharia, desde obras de mobilidade, que envolve outros tipos de engenharia, drenagem, até engenharia elétrica, para iluminação, engenharia civil, para a pavimentação, estruturas, outros especializados em fundações, estruturas metálicas. Envolve praticamente todas as engenharias, como a engenharia de produção e a engenharia mecânica, nas empresas de ônibus. Hoje ela tem mais a var com engenharia civil e arquitetura e urbanismo, mas são poucos engenheiros civis que se especializam em transportes e trânsito. A mobilidade cresceu muito. Na década de 70, nasceram, em São Paulo, as principais empresas do setor. Houve a “década perdida para a engenharia” e se recuperou nos anos 1990 e 2000, quando me formei. E peguei o “boom” da engenharia. A mobilidade ainda não era um tema corrente, efetivamente uns 10 anos atrás. Não temos uma quantidade de pessoas muito grande especializada, mas o mercado está precisando. É também uma oportunidade os egressos dos cursos técnicos em transporte, que vêm com uma boa base de Autocad e de desenho, algo muito importante até para a formação do engenheiro civil.

Quais as principais características do Plano de Mobilidade para Brasília?

É o primeiro programa integrado do Distrito Federal, basicamente voltado para transportes coletivos de média e alta capacidade, VLT, BRT e metrô, e também para o transporte de mobilidade ativa, a bicicleta e a pé. Para que as pessoas possam usufruí-lo sem necessariamente passar pelo Plano Piloto. Não tirando o automóvel muito da garagem, fazendo a integração nos trechos fora do Centro. O “Circula Brasília” é um plano de mobilidade do Distrito Federal, transporte coletivo e motorizado, já temos em atividade 80 ações, iniciativas como construção de corredores exclusivos e outras. É um programa de Estado, tem que ser tratado assim. A prioridade seria 155 quilômetros de BRT, algo que se faz em vários governos. Ele abrange tudo que havia sido debatido na cidade nos últimos 30 anos em torno de planejamento, no Plano Diretor e em outros planos de vários governos. Juntamos tudo isso e agora Vamos agora executar. Estamos fazendo um programa executivo de ações para a mobilidade. 

A mobilidade vem sendo apontada como um dos principais problemas brasileiros. Quais os pontos em comum da mobilidade de Brasília em relação a outras grandes capitais?

O avanço muito grande no uso do automóvel, tanto em Brasília como em outras capitais. Seu uso cresceu 100 por cento, enquanto a população cresceu 25%. Houve uma queda do uso do transporte coletivo, o que traz uma série de transtornos de mobilidade, porque o carro também prejudica o transporte coletivo, em um ciclo vicioso. Um dos maiores erros é não investir em transportes públicos, e sim na indústria. Temos que restringir o uso de automóveis. 

Haverá uma ampliação das ciclofaixas e ciclovias? Como os “camelos” serão contemplados?

Demos muito atenção à política de mobilidade a pé e de bicicletas, com o uso de paraciclos, bicicletas compartilhadas. Uma série de ações voltadas para incrementar essa atividade. Para isso, vamos trazer ações da iniciativa privada, propondo Parcerias Públicas Privadas.

O traçado urbanístico do Plano Piloto foi projetado para uma frota bem menor do que a atual. O que o Plano de Mobilidade oferece para reduzir os transtornos da última década em relação a esse modal? 

Incentivar o uso do transporte público coletivo de média e alta capacidade. Só assim, você consegue tirar os automóveis do Plano. O transporte tem que ser acessível a todos, não com acessibilidade apenas, embora a acessibilidade esteja contemplada: toda a nossa frota já tem elevadores, assim como 17 terminais já acessíveis, oito novos e nove em reforma.

O Plano contempla alguma integração entre os modais, a exemplo do que havia sido proposto para o Espírito Santo? Como estão os projetos de ferrovias entre Brasília e Goiânia e entre Brasília e Vitória? E quanto ao aproveitamento do Lago Paranoá?

A ideia é integrar tudo. O investimento é em um modelo integrado. Estação do metrô com estação do BRT. A pessoa usa aquele trecho que se adeque ao melhor uso dela. Uma tendência mundial e que implantamos no Espírito Santo. Lá usamos o modal aquaviário, mas ainda estamos pensando alguma coisa aqui. No futuro, isso pode ser usado aqui também. Existe uma parte logística a se considerar para falarmos em integrar o Centro-Oeste à região Sudeste, um projeto de uma ferrovia Vitória-Rio de Janeiro, ligada à ferrovia Norte-Sul, algo que está sendo feito. Quanto à Brasília Goiânia, é algo que estamos analisando com a Valec e o Estado de Goiás.

Quando os usuários começarão a perceber as mudanças do Plano de Mobilidade para Brasília?

Já começamos, a população já começa a perceber. Fizemos duas mil alterações de linhas do transporte coletivo, implantamos seis novos terminais e cinco reformas. Uma série de melhorias operacionais no metrô. O programa já iniciou e estamos vendo melhorias. Com os financiamentos sendo liberados, teremos mais estações no BRT, mês a mês as transformações serão sentidas. 

São financiamentos externos? Da ordem de quanto?

Financiamentos internos e externos. O programa por enquanto está em R$ 6 bilhões, já financiados, e outros esperando liberar do orçamento da União e de outras parcerias.

 

Henrique Nunes

Equipe de Comunicação do Confea