Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1958; Especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), em 1963, e pela Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, em 1966
Nascimento: Maceió (AL), 6 de junho de 1934
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Alagoas (Crea-AL)
Em meados dos anos 1960, início dos 1970, ao passar em torno das obras do Estádio Rei Pelé, em Maceió, de vez em quando era possível ouvir quatro garotinhas dizendo felizes “olha o Trapichão do papai!”, enquanto apontavam para o futuro estádio. Eram Nélia, Magda, Célia e Selma, filhas do engenheiro Márcio Barbosa Callado – responsável pelo abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem pluvial e drenagem do gramado do novo empreendimento.
Especialista em saneamento e saúde pública, Callado foi um dos fundadores da Companhia de Saneamento de Alagoas, a Casal, e trabalhou lá por quase quarenta anos. Durante a ditadura militar, Márcio ocupava o cargo de direção da Companhia, e mandou cortar a água do quartel do exército, pois eles tinham a tradição de não pagar as contas. “O general chegou bravo na Casal, mandando-o religar, e ele disse que religaria assim que as contas fossem pagas! O quartel pagou e só assim ele mandou religar!”, conta orgulhosa a filha Nélia.
Como engenheiro da Casal, Callado participou da elaboração dos projetos e construção dos três grandes sistemas adutores do estado de Alagoas: Sertão, Agreste e Bacia Leiteira. Baseado nessa experiência, está escrevendo o livro “Adutoras de longo curso: uma experiência alagoana”, no qual deixa registrada não só a questão técnica, mas também a história desses grandes sistemas.
Nascido e criado em Maceió, Márcio saiu da cidade apenas para se capacitar: fazer faculdade e especializações. “Gosto muito de Maceió, me senti na obrigação de exercer minha profissão em Alagoas”, conta o engenheiro, que recebeu o diploma de graduação das mãos do então presidente Juscelino Kubitschek e que elaborou projetos de abastecimento de água em praticamente todo o estado de Alagoas.
Callado se lembra satisfeito de que foi um dos fundadores da Escola de Engenharia de Alagoas, em 1960, como professor voluntário não remunerado, passando em 1962 a integrar a recém-denominada Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Lá, Márcio ministraria 15 disciplinas no curso de Engenharia Civil ao longo de quarenta anos. Educação era uma paixão de Callado que extrapolava a Engenharia. Como diretor técnico da Fundação Educacional de Maceió (Femac), ampliou de seis para 22 a quantidade de escolas municipais na capital alagoana.
“Eu era bom de matemática, foi a causa determinante de eu fazer Engenharia”, conta Márcio, que passou a paixão pelas Ciências Exatas para três das quatro filhas: Nélia e Selma também são engenheiras civis e Magda é arquiteta. Já Célia seguiu os rumos das Biológicas e se formou em fonoaudiologia.
Avô de 11 netos e bisavô de dois bisnetos, Callado construiu não só um legado humano, mas estrutural para Alagoas e para o Brasil. “Ele é uma pessoa com vontade de transformar o mundo, e, na Engenharia, encontrou a possibilidade de cumprir esse sonho”, conta a neta Tatiana. “Ele é uma biblioteca ambulante. Para mim é uma honra carregar o sobrenome Callado por conta da história incrível que ele construiu”, declara Daniela, outra neta. Já a neta Marina comenta que, na escola, quando fazia algo acima da média, os professores elogiavam dizendo "só pode ser neta do Márcio Callado", e ela ficava feito um pavão, de orgulho.
Márcio foi casado com Níobe Maracajá Henriques, mãe de suas filhas, por treze anos, até Níobe falecer, em 1973. Casou-se com Yaradir Sarmento em 1975, em um matrimônio que durou doze anos. Por fim, em 1995, fez Delza sua parceira de vida, mas ficou novamente viúvo cinco anos depois.
Trajetória profissional
Engenheiro da Fundação do Serviço Especial de Saúde Pública (1959-1960); Engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Alagoas (1960-1972); Professor da Universidade Federal de Alagoas (1962-2001); Diretor-Geral do Departamento de Água e Energia do Estado de Alagoas – DAE/AL (1961-1962); Diretor-Geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Maceió – Saem/AL (1963-1966); Engenheiro na Companhia de Saneamento de Alagoas – Casal (1963-2000), onde foi fundador e diretor técnico (1963-1965); Diretor técnico da Fundação Educacional do Município de Maceió – Femac (1966-1968); Engenheiro da Fundação Alagoana de Promoção Esportiva – Fape (1966-1972); Engenheiro civil e sanitarista e sócio da Construções de Alagoas Ltda. (1969-1980); Sócio-diretor da Callado Engenharia Sanitária e Ambiental (1993-atualmente).