Reconhecido por uma extensa produção bibliográfica e de pesquisa, Luiz Carlos Pinheiro Machado tem a trajetória profissional marcada tanto no Brasil quanto no exterior.
Nascido em 3 de setembro de 1928, em Porto Alegre (RS), Luiz Carlos teve sua vida acadêmica dedicada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde cursou a graduação e doutorado, foi professor-assistente, livre docente e o professor catedrático mais jovem da história da UFRGS. Dedicou-se ainda ao magistério na Universidade Federal de Santa Catarina, e em duas universidades da Argentina.
Paralelamente à docência, a redação de trabalhos técnico-científicos sempre fez parte da rotina do engenheiro agrônomo, que tem publicados mais de 400 artigos em jornais de circulação nacional e internacional, além de 225 projetos voltados para a área rural. É autor de diversos livros considerados referência no Brasil e em outros países, como Manual do Leiteiro (1968), Os Suínos (1967, em português e espanhol) e Pastoreio Racional Voisin (2010, em português e espanhol).
Destaque para o livro Os Suínos, pela influência causada na alimentação do brasileiro, que passou a consumir mais carne de porco nos anos 60. Outra obra de extrema relevância é a que trata do Pastoreio Racional Voisin. A publicação reflete a experiência de Luiz Carlos Pinheiro Machado na implantação do sistema de alta produtividade de bovinos a pasto, no Brasil. “Trata-se de uma produção limpa, moderna e econômica, sem uso de agrotóxicos e fertilizantes no manejo racional de pastagem”, explica o engenheiro agrônomo. Esse trabalho de divulgação do Pastoreio Racional Voisin começou, em parceria com o engenheiro agrônomo Nilo Romero, em 1964. Anos depois, já em 1970, foi fundado o Instituto André Voisin e teve início a difusão do sistema, por meio de centenas de cursos e palestras no Brasil, na Argentina e em outros países da América do Sul.
À frente de seu tempo, Luiz Carlos Pinheiro Machado tem o olhar atento para as tendências. Entre 1983 e 1984, enquanto presidia a Federação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil (Faeab), ajudou a fomentar a agricultura orgânica e a agroecologia no Brasil, tema abordado na obra mais recente do agrônomo: A Dialética da Agroecologia – Contribuição para um Mundo com Alimentos sem Veneno (2014).
Defensor da produção de alimentos sem agrotóxicos, Luiz Carlos batalhou contra o uso de venenos na agropecuária brasileira, enquanto esteve na presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre 1985 e 1986. Seu trabalho na estatal foi marcado pelo combate à corrupção. “Foi uma passagem muito bonita, uma etapa muito importante da minha vida”, ressalta o engenheiro agrônomo.
A militância política é outro destaque da trajetória de Luiz Carlos Pinheiro Machado. Em 1945 filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e militou no movimento estudantil durante o pós-guerra. Enquanto docente, era tido como líder expressivo para os alunos. Por esse motivo, em 1964 representantes da ditadura decidiram expurgá-lo da UFRGS, retornando com anistia à atividade apenas em 1979. Essa experiência, Luiz Carlos resume na seguinte afirmativa: “Militei enquanto professor porque acredito que se o profissional tem ideologia, ele tem horizonte na vida”.
A atuação social também é marcante na história de Luiz Carlos. Desde a década de 1990 até hoje, ele ministra palestras e orienta projetos de Pastoreio Racional Voisin aos assentados da reforma agrária.
Toda essa dedicação à pesquisa, ao ensino e ao desenvolvimento social é reconhecida. Luiz Carlos Pinheiro Machado já foi paraninfo de 40 turmas de engenheiros agrônomos em diversas universidades no Brasil, além de ter sido galardoado com prêmios e honrarias. Entre eles, o Mérito Agronômico no Brasil, em que foi o único eleito por unanimidade, em 1983, e a Comenda do Legislativo Catarinense (2013), em consideração à importante trajetória acadêmica e militância política de longa data.
Equipe de Comunicação do Confea