José Nilson Beserra Campos

Perfil

 A atuação profissional de José Nilson Beserra Campos se iniciou na seca do Nordeste e vai até a participação em comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) e prêmios internacionais. No meio dessa caminhada, está a participação do engenheiro em pesquisas em laboratórios da Nasa (em Washington D.C.), no âmbito da National Oceanic and Atmostphere Administration, em 1991. “Lá, eu trabalhava no setor de atmosfera. Foi bem na época em que estourou a Guerra do Iraque. Eu tinha um colega que era agente da aeronáutica e, um dia, após o expediente no laboratório, ele me levou na Base Aérea das Forças Armadas Americanas e eu cheguei perto do avião do Bush Pai! Imagine, hoje isso seria impossível para um estrangeiro”, conta.

Além da capital americana, José Nilson Campos também foi pesquisador no estado do Colorado, onde desenvolveu uma metodologia – utilizada na Austrália - de dimensionamento hidrológico de reservatórios em rios intermitentes sujeitos a elevadas evaporações. A partir desses estudos, que compuseram sua tese de doutorado em 1987, o cearense desenvolveu o método do diagrama triangular de regularização, utilizado no dimensionamento de reservatórios do semiárido brasileiro, entre os quais o Vale do Jaguaribe. Em 2009, o Ministério da Integração Nacional adotou esse método como o padrão para projetos de barragens. Seu trabalho foi reconhecido em 2014, no prêmio Featured Article da Associação Internacional de Ciências Hidrológicas, concedido a autores de artigos científicos que trazem inovações tecnológicas. 

Até chegar - em 2010 - à Comissão Brasileira do Programa Hidrológico Internacional da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Campos foi um relevante ator brasileiro em discussões sobre os recursos hídricos nacionais. No início deste século, participou, no âmbito do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, das aprovações do Plano Nacional de Recursos Hídricos e do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. “Eu era membro do Conselho representando a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) e me abstive de votar, conforme o posicionamento da Associação”. De qualquer forma, José Nilson Campos externou sua posição pessoal – a favor da transposição – em artigos publicados em jornais como O Globo e Jornal do Brasil.

Professor na Universidade Federal do Ceará, José Nilson iniciou sua trajetória profissional pouco antes de sua formatura, no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), quando executou a obra de uma estrada de 48 km entre os municípios de Solonópole (CE) e Nova Floresta (PB). Nesse trabalho, o jovem engenheiro – à época com 25 anos – chefiou uma equipe de 6,5 mil trabalhadores da agricultura local, meio a uma grave seca. “Eu levava material no carrinho de mão, e a gente tinha um caminhão pipa, que pegava água no açude e levava para pequenos tambores de água de 200 litros, situados ao longo da estrada, para abastecer cada pequena comunidade de trabalhadores. Era bem primitivo”, lembra o engenheiro, que saiu da seca do Nordeste e decolou para o mundo. 


Atividades Exercidas

Funcionário do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) – 1966-1989;

Consultor do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Ceará – 1989-1992;

Editor de seção da Revista de Engenharia Sanitária e Ambiental - desde 2015 (cargo atual).

 

Cargos Ocupados

Presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos - 2003-2005;

Membro do Comitê Assessor do CNPq - 2004-2005;

Diretor Técnico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos - 2004-2007;

Membro do Comitê Científico de Avaliação dos Artigos em Gestão de Águas do IV Fórum Mundial das Águas, no México – 2006;

Coordenador adjunto da Capes - 2008-2010;

Membro da Academia Cearense de Ciências - desde 2005 (cargo atual);

Membro da Comissão Brasileira junto ao Programa Hidrológico Internacional da Unesco (Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) - 2010-2015.

 

Feitos Relevantes

Desenvolveu metodologia para dimensionamento hidrológico de reservatórios em rios intermitentes sujeitos a elevadas evaporações – 1987;

Desenvolveu o Método do Diagrama Triangular de Regularização – 1987;

Desenvolveu  o Modelo Institucional de Gestão de Recursos Hídricos no Ceará – 1989.