José Chacon de Assis

Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, em 1970

Nascimento: Niterói (RJ), 03 de janeiro de 1949
Falecimento: Brasília (DF), 03 de julho de 2018 
Indicação: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ)


Militar foi uma rotina para o engenheiro eletricista e ex-conselheiro federal José Chacon de Assis. Sobretudo, em relação à Engenharia e ao meio ambiente. Comprometimento que se manteve desde o Centro Acadêmico Otávio Catanhede, da Universidade Federal Fluminense - UFF, em plenos 1968 e 1969.  Ou nas mobilizações pela Anistia ou pela defesa do patrimônio nacional, nos anos 1990 e até sua trágica morte. Chacon foi atropelado após participar de uma sessão plenária do Confea, deixando um vácuo para a família, para o Sistema Confea/Crea e para o país.

As fotografias sintetizaram sua paixão pelo meio ambiente e pela cultura, esteios que ele promoveu à frente do Crea-RJ. Entre os anos 1990 e 2001, ele faria exposições como “Serra da Tiririca”, sobre o Parque Estadual de sua cidade natal cuja sede, por lei estadual, ganharia o seu nome em outubro de 2018. Chacon havia sido um dos responsáveis pela criação do Parque, assim como contribuíra para o Plano Diretor de Niterói, entre várias outras campanhas em mais de cinco décadas. 

"Seu slogan era: ‘Um Crea a serviço da sociedade’ e sua ideologia era por uma sociedade mais justa."

Simultaneamente, dedicou-se ao Sistema Confea/Crea e Mútua. “Ele respirava o Sistema. E acho que deu relevância social ao Crea-RJ, cuidando das apurações dos acidentes de plataformas de petróleo ou do Palace II. Seu slogan era: ‘Um Crea a serviço da sociedade’ e sua ideologia era por “uma sociedade mais justa”, descreve uma das filhas, a historiadora e advogada Clarice.

Segundo ela, Chacon também foi muito presente na vida dos filhos. “Ele sempre nos levava para as mobilizações e os eventos do Sistema. E transmitiu valores como a preservação ambiental”, conta, lembrando que o pai não concluiu duas pós-graduações “devido ao trabalho”.

Clarice é filha com a segunda esposa, Márcia. E irmã do economista Márcio, da educadora artística Daniela (filhos do primeiro casamento com Regina) e da nutricionista Iasmin, do casamento atual com Sílvia Maria da Silva Passos. 

A capilaridade da sua militância parecia sem limites. Sua ligação com a UFF se renovou como representante da sociedade civil no Conselho Universitário da instituição. Coordenou desde a criação, em 1997, o Movimento Nacional da Cidadania pelas Águas; promoveu palestras pelo país e no exterior e foi um dos responsáveis pelos capítulos de meio ambiente da Constituição do Estado do Rio de Janeiro e da Lei Orgânica da cidade do Rio de Janeiro.

“Chacon foi um farol que nos conscientizou sobre a importância do desenvolvimento sustentável."

No Sistema Confea/Crea, discorreu sobre “Uma nova ética para o desenvolvimento”, na 56ª Semana Oficial de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, em Natal-RN, em 1999. E foi consultor do GT Meio Ambiente, entre 2007 e 2010. Em seu mandato no Confea, era membro da Comissão de Articulação Institucional do Sistema (Cais), representante do Plenário no Conselho de Comunicação e Marketing (CCM) e coordenava a Comissão Temática de Estudos Socioambientais. 

“Chacon foi um farol que nos conscientizou sobre a importância do desenvolvimento sustentável. Estamos mantendo o movimento Pró-Água, uma das frentes em que ele atuou”, diz o conselheiro Jorge Luiz Bitencourt da Rocha, que assumiu a titularidade do mandato.

Em suas últimas militâncias, dedicou-se à manutenção do Sistema Eletrobras sob o controle público e a outros aspectos da defesa da soberania nacional. “Ele era orgulhoso do posicionamento unânime do plenário do Confea contra a privatização e de ter levado isso à audiência no Congresso. Ele sabia que isso importava não só para a Engenharia”. 

A tragédia que o vitimou interrompeu os sonhos daquele escoteiro que, na infância, desbravou as matas de Niterói e as ilhas da Baía da Guanabara. E ainda os sonhos das famílias que Chacon constituiu. “Eles eram três irmãos de Niterói. E nós também fomos todos criados na cidade. Ele amava Niterói, mas estava confortável em qualquer lugar do mundo”, narra Clarice.

Impediu ainda a continuidade da atuação do profissional liberal que vinha se dedicando às perícias e avaliações, principalmente na área ambiental. “Embora ele achasse essa parte mais burocrática”, diz a filha. E deixou para outros brasileiros o legado das suas lutas.

“Dá uma sensação esquisita participar dessa homenagem, a de estar no lugar onde ele deveria estar. Mas também acho digno, bonito, e fico muito feliz porque a trajetória dele é admirável, é uma vida que valeu a pena ser vivida”.


Trajetória profissional

Professor do Colégio Correia D’Ávila; Engenheiro de Planejamento da Companhia Siderúrgica Nacional (1970); Chefe da Divisão de Obras de Subestações das Centrais Elétricas do Sul do Brasil – Eletrosul; Chefe do Departamento de Planejamento da Amazônia Mineração - Amza; Chefe da Divisão de Planejamento da Albras – Alumínio Brasileiro S.A; Engenheiro Coordenador de Planejamento do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro; Coordenador do Planejamento Físico do Comissionamento da Bahia Sul – Celulose e Papel; Chefe da Programação e Controle na empresa Cenibra – Celulose Nipo-Brasileira S.A; Coordenador de Planejamento Físico da Guimar - Companhia Cervejaria Brahma (1993); Diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro – Senge-RJ (1980-1988); Fundador do Partido dos Trabalhadores – PT (1980); Diretor-presidente e diretor da Associação Fluminense de Engenheiros e Arquitetos – Afea (1981-2018); Realizou exposições fotográficas (1990-2001); Conselheiro do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro (1994-1997 e 2013-2016); No Crea-RJ,  diretor (1994-1997), presidente (1997-1999 e 1999-2002) e conselheiro (2017); Presidente da Federação das Associações de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (1997-2018);  Coordenador Nacional do Movimento da Cidadania pelas Águas (1997-2018); Consultor ambiental do Confea (2007-2010); Vice-Presidente Internacional do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos – Ibec (2012-2018); Autor dos livros “Brasil 21 – uma nova ética para o desenvolvimento” (2000) e “Brasil Cidadão”, coletânea de artigos (2002); Presidente da Associação Niteroiense de Escritores – ANE (2004-2006); Conselheiro do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea (2018); Homenageado postumamente pelos Crea-GO e pelo Crea-RJ com o Prêmio Crea Meio Ambiente (2018).