Gramado, 9 de agosto de 2023.

O analista de sistemas Fernando Buarque, PhD em inteligência artificial e professor da UPE, iniciou sua palestra na 78ª Soea destacando que a Inteligência Artificial, apesar de já estar em uso bastante comum, ainda não é regulamentada, “e essa liberdade hoje é usada para o bem e para o mal, pois utilizamos a IA o tempo todo no ambiente de trabalho, porém ainda não estamos acostumados aos seus riscos”. Na Querência Contecc (Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia), ele explica que a IA é uma habilidade que sistemas possuem de aprender via interações com o ambiente (incluindo humanos), para fazer uso do que foi armazenado, visando melhorar desempenhos no futuro.

Para analisar e trabalhar estes riscos, Buarque declara que “há alguns anos atentei para a necessidade de usar a IA para controlar a própria IA. A preocupação hoje não é mais melhorá-la, mas sim controlá-la”. Ele citou um exemplo da situação, que parece simples, mas demonstra os riscos: perguntou ao Chat GPT se a ferramenta conhecia o Confea e o evento, e a resposta foi sim. Perguntou então se o GPT poderia criar algo fake do Confea e a resposta foi não porque a IA tem programada a questão moral. Porém, ao mudar a forma da pergunta, o cenário muda. Ele perguntou se o GPT poderia ajudar a criar argumentos fake, e aí a resposta foi sim, já com uma lista de argumentos possíveis.
 

“Vivemos hoje a revolução da inteligência, que está dentro da revolução tecnológica, e quem promove a revolução são as próprias tecnologias”, diz. A IA serve para resolver problemas complexos, ou seja, com muitos dados, sem caminho de solução conhecido, que variam com o tempo / contexto, e que admitam múltiplas perspectivas / objetivos.
 

Buarque afirma que “a IA responsável não só examina as saídas, as soluções, mas tenta mitigar as consequências éticas indesejáveis que ela pode produzir”. Na sequência o palestrante falou de algumas pesquisas que demostram exemplos dessa IA responsável, que envolve inclusive a questão ética que citou na definição.
 

Concluindo, ele questiona se as máquinas estão prontas para delegar responsabilidades para as outras máquinas, o que significa realmente a inteligência artificial, e se os humanos estão preparados para isso ou seguem ainda na revolução tecnológica, utilizando-se de comparações filosóficas.
 

Encerrando o painel, foi aberto espaço para comentários da plateia.

Reportagem: Débora Irene Pereira (Crea-PR)
Edição: Henrique Nunes (Confea)
Equipe de Comunicação da 78ª Soea
Fotos: Stúdio Feijão & Lentilha