Instituições apresentam experiências de sucesso

Brasília (DF), terça-feira, 03 de maio de 2005

“Relatos de experiências relativas aos processos de certificação de pessoal e de sensibilização quanto à importância da educação corporativa para a competitividade organizacional” foi o tema do primeiro painel, à tarde, na programação da III Oficina de Educação Corporativa. A atividade teve como objetivo analisar os desafios dos processos de certificação pessoal e da necessidade de envolvimento com a comunidade acadêmica, referindo-se a iniciativas no Brasil e exterior. Foram apresentados ainda cases de experiências de empresas.

Gerente-executivo da Universidade Corporativa Banco do Brasil, Pedro Paulo Carbone, que coordenou os trabalhos, disse que a realização do evento é uma mostra explícita de interesse do governo em tentar regular uma matéria fundamental para o desenvolvimento do Brasil. “Se o país não tiver um sistema de certificação profissional adequado, ele deixa de desenvolver várias áreas”, comentou. Segundo Carbone, outra questão é que o universo das profissões nas empresas está expandido e torna-se difícil tipicar uma profissão. “As empresas também precisam criar modelos de certificação interna para as várias ocupações e para isso é necessário tecnologia. O Brasil não instituiu nem tecnologia para a pré-qualificação do profissional, muito mais para um trabalho profundo de certificação”.

Na sua opinião, há dois grandes trabalhos a serem feitos: regulação profissional no Brasil, que é a porta de entrada para a qualificação e para o exercício da profissão, e o desenvolvimento de tecnologia específica para certificação ocupacional. “São temas interligados”, reiterou.

Com relação ao Banco do Brasil, o administrador destacou que o banco tem responsabilidade social e vem tentando desenvolver tecnologia em três frentes - orientação profissional, educação corporativa e certificação.

Modelo - “Desafios do novo modelo de educação corporativa”, tema abordado por Walter Brito, gerente-geral de RH da Universidade Petrobrás, teve como ênfase a os benefícios da criação dos centros de treinamento, um em Salvador e outro no Rio de Janeiro, em 2001. É na Bahia que se forma até hoje todos os engenheiros e químicos de petróleo. Já os cursos na área de refino se localizam no Rio.

Conforme o palestrante, ainda em 2001 se criou o conceito de universidade corporativa, reunindo-se os dois grandes centros em torno desse conceito. Em 2004 a universidade passou por uma reestruturação e está em fase de implantação de uma nova estrutura de capacitação da companhia. “Criamos cinco escolas – quatro de ciência e tecnologia e uma de gestão de negócios. No ano passado tivemos 34 mil participantes dos cursos na universidade, presenciais e não presenciais. Formamos 1.034 novos profissionais. São aqueles contratados por meio de processo seletivo e que passam um período de 3 a 13 meses na companhia, fazendo os mais diversos cursos e nas mais diversas áreas”, observou.

Hoje, a Petrobras está capacitando 764 profissionais em cursos de formação. Envolvem todas as engenharias e também as áreas de administração e análise de sistemas. Os aprovados em concurso público têm que ser capacitados por meio da universidade Petrobrás dentro das respectivas tecnologias. “A empresa se tornou o que é por meio desses cursos de formação e avançados também. Cursos feitos por brasileiros, dentro da companhia que durante toda a sua existência vem desenvolvendo tecnologia de ponta em todo o mundo, como a de águas profundas. Esse é um modelo que deu certo e que nós queremos resgatar. As competências mudam a cada momento. Precisamos estar mapeando essas competências e transformando isso em programas de capacitação com muita agilidade”, explicou Walter Brito.

Para ele, a educação corporativa está crescendo em todo o mundo e o país que quer consolidar sua política industrial também precisa investir nessa área, bem como o estado que precisa regular esse segmento, desenvolvendo políticas públicas de fomento.

“Um evento como esse é muito bem-vindo até para que os órgãos do governo reconheçam e percebam as necessidades das organizações e dos profissionais no mercado, as empresas entendam as dificuldades dos órgãos de governo e que dessa parceria possamos sair com soluções”, resumiu.

Talentos – Tratando de “Estudos de casos relacionados com o processo de certificação de pessoal”, a diretora de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Rede Globo de Televisão, Heloísa Machado lembrou que a empresa, que acaba de completar 40 anos sabe que a base desse sucesso são pessoas, talento e investimento em tecnologia e no futuro. “Nossa preocupação sempre foi ter o melhor, o talento que possa transmitir entretenimento, informação e educação, que é a base de toda nossa programação”.

Heloísa disse que no Brasil existe uma situação muito peculiar que não consegue acelerar a questão da qualificação das pessoas. Ela destacou uma particularidade da TV Globo que tem em seus quadros profissionais regulamentados. Em sua maioria, jornalistas, radialistas e artistas, profissões que exigem certificação. “Estamos fazendo uma formação cada vez mais crescente. Um pouco desse desafio que atualmente o Brasil tem, porque a legislação não caminha com a rapidez com que a sociedade precisa. Queremos contribuir com essa discussão e mostrar que temos um espaço para operar mudanças em prol do crescimento de um enorme mercado de entretenimento, de cultura e de geração de conteúdo”, finalizou.

Por Adriana Baumgratz
Da equipe da ACOM