Inserção da Engenharia na sociedade

Brasília, 27 de fevereiro de 2018

"Fátima Có durante abertura do VII Encontro de Líderes do Sistema Confea/Crea"

Logo no início de sua gestão frente ao Crea-DF, a presidente Fátima Có enfrentou dois desafios em Brasília: o desabamento de uma estrutura de concreto em um prédio residencial e, três dias depois, o desmoronamento do trecho central de uma das principais vias do Distrito Federal. No mesmo dia desse último acidente, a presidente e engenheira civil promoveu uma coletiva de imprensa com o Crea, o Sindicato dos Engenheiros do Distrito Federal (Senge-DF), a Associação Brasileira de Construtores (Asbraco-DF) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF).

No dia seguinte, Fátima participou de reunião de emergência no local do acidente, que contou com o calculista estrutural do projeto original da rodovia, Bruno Contarini, de 84 anos. Na reunião estavam funcionários do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), da Defesa Civil, da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), da Universidade de Brasília, além do Confea e do Crea-DF. “O que importa é isso: toda essa união, essa vontade de resolver e de acertar”, afirmou Fátima na ocasião.

As medidas tomadas pela nova presidente do Crea-DF naquela semana de emergência ilustram uma das prioridades que defende: “o maior desafio é fazer com que as nossas profissões ocupem os espaços voltados às questões técnicas, fazendo-se presente, não se omitindo, interagindo com a sociedade”. Fátima Có tem mandato até 31 de dezembro de 2020.

Residente em Brasília desde 1978, a capixaba Fátima Có teve sua atuação profissional reconhecida pela Associação de Imprensa de Brasília em 1997, quando recebeu o título “Engenheira Civil do Ano” no Prêmio Melhor do Ano da associação. Naquele ano, Fátima tinha assumido sua primeira gestão como presidente do Crea-DF, tornando-se, assim, a primeira mulher a presidir aquele regional. 

Sua atuação na infraestrutura da capital federal justifica o prêmio: atuou como orçamentista e executora de obras da Secretaria de Educação e Cultura do DF; em diversos setores da Companhia Energética de Brasília — CEB; fez parte da equipe das obras do metrô do Distrito Federal; foi diretora de Projetos e Obras da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação — Seduh; atuou como secretária-adjunta de Infraestrutura e Obras do DF, coordenando o grupo de trabalho que projetou mais 300 km de ciclovia no estado, e atuou no Serviço de Limpeza Urbana (SLU), na área de gestão de resíduos sólidos entre 2007 e 2010, quando se aposentou. 

Veja abaixo entrevista que Fátima Có concedeu ao site do Confea:

Site do Confea: Neste triênio à frente do Crea, quais são os principais desafios já mapeados que demandam esforço e atuação? Eles constam da agenda de prioridades? Como serão tratados e quais resultados positivos irão gerar?

Fátima Có: O maior desafio é realmente fazer com que as nossas profissões ocupem os espaços voltados às questões técnicas, fazendo-se presente, não se omitindo, interagindo com a sociedade de modo que seja colocado o quão fundamentais são as engenharias e a agronomia para a vida das pessoas e para o desenvolvimento do Brasil. Com foco no interesse social e humano e, consequentemente, na função de garantirmos o bem-estar e a segurança da população, teremos as nossas profissões valorizadas.

Site do Confea: A senhora acredita que o Sistema Confea/Crea e Mútua demanda uma readequação de seus procedimentos? Por quê? Se sim, qual tipo de reestruturação é necessária e como a gestão da senhora irá atuar neste sentido?

Fátima Có: Acredito, sim, que o Sistema Confea/Crea e Mútua deva readequar seus procedimentos. Como as nossas profissões são caracterizadas como de interesse social e humano, temos que trabalhar por uma fiscalização preventiva e educativa de modo que se mostre realmente a importância de que serviços de engenharia e agronomia sejam executados por profissionais habilitados, evitando riscos, trazendo mais economia, mais sustentabilidade e responsabilidade técnica. Penso também que os Creas, em conjunto com as entidades de classe, têm que dar um retorno aos profissionais - uma das formas seria possibilitar o aprimoramento profissional através de cursos e congressos, entre outros.

Site do Confea: Acredita que a integração dos Creas dentro da região geográfica e de forma nacional é importante? Se sim, quais são os caminhos possíveis, dos pontos de vista institucional e político? Quais vantagens esse movimento pode gerar para o Sistema e para os profissionais do setor?

Fátima Có: A integração dos Creas na região geográfica e nacionalmente é de suma importância, pois somos um sistema e como tal devemos agir, considerando nossas experiências e nossas demandas, que, na maioria das vezes, são comuns aos diversos Creas. Dessa forma, unimos nossas forças em busca de uma Engenharia Nacional e da valorização profissional.

Site do Confea: Muito se fala na responsabilidade e habilidades dos profissionais registrados no Sistema Confea/Crea como contribuições diretas para o desenvolvimento do Brasil e para a implantação de políticas públicas que levem à retomada do crescimento nacional. Qual é a opinião da senhora sobre essa viabilidade?

Fátima Có: A Engenharia e a Agronomia são fatores determinantes para o desenvolvimento econômico de todas as nações. Cada vez mais a criação e a produção de bens de grande valor agregado fazem a diferença na balança comercial. As nossas profissões são de vital importância, pois, com inovação e tecnologia, levam nosso país ao desenvolvimento. Elas têm a missão de assegurar a construção de um mundo mais sustentável, estável e equitativo, que conduza o aumento do bem-estar das pessoas e a não devastação do ecossistema. As contribuições da engenharia e da tecnologia são decisivas para um projeto que contemple o desenvolvimento sustentável com inclusão social.

Beatriz Craveiro
Equipe de Comunicação do Confea