IA e blockchain na engenharia são temas de palestras na Arena Maragatos

Gramado, 14 de agosto de 2023.

Luque
Administrador Eric Luque abordou o Blockchain no Agronegócio

Tecnologia foi o foco na Arena Maragatos na tarde desta sexta-feira, 11/8, último dia da 78ª Soea. O palco reuniu quatro palestrantes que ensinaram sobre redes de criptografia e inteligência artificial, e como elas podem ser inseridas na engenharia e na agronomia.

O primeiro a se apresentar foi Eric Luque, administrador com mais de 30 anos de experiência em tecnologia e CTO da Ecotrace Solutions, que trouxe “Blockchain no Agronegócio” como tema de sua palestra.

“O agronegócio é capaz de se beneficiar em diferentes frentes da blockchain, especialmente num momento onde a gestão da propriedade precisa ser a mais profissional possível. Quem não buscar por esse objetivo coloca a própria sobrevivência do negócio em risco”, afirmou Eric.

O que é blockchain

Lançada em 2008, a tecnologia surgiu visando à validação de registros e transações através de um sistema de criptografia seguro, inviolável e com a capacidade de ser compartilhado entre os participantes de uma rede. O que torna a tão segura é o fato de que nela os dados são permanentes, só podendo ser alterados a partir da entrada de um novo registro, o que permite negociações transparentes e confiáveis.

Foi através dela que surgiram as criptomoedas, mas o uso da tecnologia vai muito além de permitir novas moedas e modelos de transações financeiras. A blockchain no agronegócio, por exemplo, vem se mostrando capaz de gerar ganhos consideráveis a toda  a cadeia.

Além de falar sobre a cadeia produtiva brasileira, Eric também explicou como a blockchain é utilizada pela sua empresa para encontrar soluções no meio agro. “Uma das aplicações é na rastreabilidade de alimentos. Com a confiabilidade que a blockchain proporciona, é possível armazenar todos os dados referentes ao ciclo de vida de um produto”, disse.

Blockchain na engenharia

Após a introdução de Eric, o eng. civ. Pedro Lyra utilizou sua apresentação “Blockchain para o Setor de Engenharia e Construção” para direcionar o uso da tecnologia em obras estruturantes, especialidade em que é mestre e doutor pela Universidade de São Paulo, a USP.

Pedro Lyra
Blockchain para o setor de Engenharia e Construção foi o tema da palestra do engenheiro civil Pedro Lyra

Apesar de afirmar que sua palestra seria “um pouco técnica”, ele conseguiu apresentar em linhas gerais e com bastante didática como esses recursos de criptografia podem ser implantados na Engenharia Civil. Dentre eles, destaca-se o Gêmeo Digital, aplicação que funde a Building Information Modeling, ferramenta de modelagem virtual de obras e edificações mais conhecida como tecnologia BIM, com a Internet das Coisas (IOT, do inglês, Internet Of Things), campo de tecnologia que viria ser ainda mais abordada pelo último palestrante da tarde, Abdala Carim, com sua apresentação sobre Inteligência Artificial.

“Essa seria uma solução que possibilitaria os edifícios e cidades inteligentes, pois com o Gêmeo Digital, teríamos a simulação virtual do projeto sendo atualizada em tempo real, com a confiabilidade que apenas a rede de criptografia da blockchain pode proporcionar”, explicou Pedro.

Na prática

O terceiro palestrante a subir no palco com o tema “Aplicações de Blockchain na Engenharia – Casos Práticos” foi o diretor da plataforma Construtivo, o eng. civ. Marcus Granadeiro. Em sua palestra, ele levou o fluxo de trabalho adotado pela sua empresa como exemplo dos usos da tecnologia na engenharia civil.

“A blockchain aplicada aos processos de engenharia só tem a beneficiar o segmento. Transparência, rastreabilidade e confiança de todas as partes fazem parte de uma realidade promissora para quem trabalha com construção”, começou.

Granadeiro
Engenheiro civil Marcus Granadeiro apresentou casos práticos de blockchain na engenharia

Na sua empresa Construtivo, Marcus e sua equipe utilizam a tecnologia principalmente na validação e gestão de documentos, permitindo que todos os stakeholders de um mesmo projeto acompanhem em tempo real qualquer alteração ou aprovação feita em um documento de uma obra. “Essas alterações ficam registradas em um banco de dados, contendo informações como data, hora e responsável”, explicou.

Marcus voltou a citar a tecnologia BIM como um outro exemplo de utilização da tecnologia. Com a blockchain e o uso dos sensores inteligentes que realizam a leitura do andamento da obra, é possível obter dados exatos de cada parte do projeto.

“A implantação da blockchain pode oferecer uma imersão profunda sobre cada aspecto de um projeto, dos menores aos maiores componentes, tornando todo o processo da tecnologia BIM ainda mais eficiente”, concluiu.

Inteligência artificial

IA
Inteligência Artificial na indústria da Engenharia e da construção civil foi o tema da palestra do engenheiro civil Abdala Carim Nabut Neto

Fechando a sequência de palestras, o eng. civ. Abdala Carim Nabut Neto trouxe sua apresentação “Inteligência Artificial na Indústria da Engenharia e da Construção Civil” para tratar de mais uma faceta tecnológica que pode ser atribuída à modalidade.

Ele começou sua palestra com alguns infográficos e estatísticas sobre a economia brasileira, relacionando estes dados à necessidade de se dar um maior espaço para tecnologia nos setores produtivos. “Temos tudo para fazer essa tecnologia vir para ficar e, acima de tudo, nos ajudar”, introduziu.

Como exemplos iniciais, Carim listou em seu slide algumas aplicações diretas como a criação de peças publicitárias e publicações criadas para melhorar a venda de imóveis, materiais, ferramentas e equipamentos de construção civil. Uma outra utilização prática mostrada foi um dispositivo embutido num hidrômetro, que através da tecnologia da Internet das Coisas (IOT), é capaz de monitorar a vasão da água e saber de possíveis vazamentos, tudo de forma online.

“Hoje, qualquer coisa pode ter sensores acoplados capazes de enviar informações sobre a utilização daquele objeto físico para a nuvem, e de lá, fazer o que bem entender com esses dados”, explicou Carim.

“Podemos salvar vidas com o uso da inteligência artificial”. De acordo com ele, essa possibilidade é ligada à infraestrutura como em pontes e viadutos, com sistemas de monitoramento que podem identificar deteriorações e prevenir grandes acidentes antes deles ocorrem.

Carim também alertou sobre algumas possíveis dificuldades, como falta de regulamentação e o impacto da automatização de atividades no mercado de trabalho. Falhas no manuseio das ferramentas também foi um dos problemas citados. “Errar é humano, e agora errar também pode ser robótico”, brincou.

Reportagem: Felipe Moreno (Crea-AL)
Edição: Henrique Nunes (Confea)
Equipe de Comunicação da 78ª Soea
Fotos: Studio Feijão & Lentilha