Engenheiro Civil pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1961
Nascimento: Rio de Janeiro (RJ), 6 de janeiro de 1938
Indicação: Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Seaerj) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ)
A trajetória do engenheiro civil Francisco Deolindo Filardi se mistura à história da expansão do Rio de Janeiro – cidade conectada por túneis e viadutos. O ano era 1963 e o Rio de Janeiro deixara de ser capital do Brasil para se tornar sede da cidade-estado Guanabara. Naquela data, Filardi ingressou como engenheiro no Departamento de Estradas de Rodagem da Guanabara (DER-GB), instituição responsável por dar soluções para o tráfego rodoviário que aumentava na metrópole como resultado do fortalecimento da indústria automobilística nacional.
“As vias de circulação, que antes eram tomadas por bondes, demandavam melhorias; algumas precisavam passar de sete para 60 metros de largura”, recorda Filardi, que em 1964 deixou a área de projetos viários para assumir a Divisão de Obras da Zona Norte do Rio. Chefiou a construção dos viadutos Ataulfo Alves, Manguinhos, retorno para Ilha do Governador, Viaduto da Penha, viaduto que liga Avenida Brasil à Rio-Petrópolis, assim como o Trevo das Margaridas que faz o acesso Rio-São Paulo. Também coordenou o levantamento dos viadutos de Benfica e Del Castilho e o alargamento da Avenida Suburbana, entre Benfica e Pilares.
Entre 1966 e 1971, foi diretor de Obras e acompanhou a conclusão dos túneis Rebouças, inaugurados em 1968. Foi à frente dessa diretoria, que encarou o desafio de gerir obras em Laranjeiras e Santa Tereza, após enchentes e deslizamentos de terra em 1966 e 1967. “Em razão das calamidades, o secretário de Obras Raimundo de Paula Soares decidiu construir acessos à Barra da Tijuca, até então uma terra sem ocupação”, conta. Assim, coube ao DER-GB desenvolver e implementar projeto da autoestrada Lagoa-Barra com três túneis – Dois Irmãos, Pepino e Joá – além do Elevado das Bandeiras e da ponte erguida com o método balanço sucessivo, na chegada à Barra da Tijuca. Para evitar o crescimento desordenado da cidade, Paula Soares contratou o urbanista Lucio Costa, que acompanhou a implantação dos projetos por 12 anos. “Tive o privilégio de conhecer aquele profissional de visão global”, rememora saudoso.
Ainda na gestão de Filardi, coube ao DER-GB a abertura da Barra da Tijuca a partir da implantação da Avenida das Américas, seguindo pela nova passagem Grota Funda, e com a continuidade da obra até o bairro Campo Grande, pelo lado de Guaratiba. Simultaneamente foi inaugurada a Avenida Alvorada; hoje Ayrton Senna, precursora da Linha Amarela. “Fui o primeiro a atravessar a avenida de carro”, lembra com alegria dessa e de outras oportunidades que teve de vivenciar o progresso da terra natal.
Também nessa época foram abertas a Via 5, passando pelo antigo autódromo, e a Via 9, ligando a Estrada dos Bandeirantes ao Pontal. Outra obra dessa fase é o anel rodoviário da Guanabara, permitindo ir da Vila Kennedy até Santa Cruz.
Como solução para o intenso fluxo de automóveis e a fim de viabilizar a integração da cidade, foram traçadas pela Divisão de Projetos do DER as Linhas Vermelha, Amarela, Verde, Azul e Lilás. Diante da demanda de veículos no túnel Rebouças, foi construído o Elevado Paulo de Frontin, como primeira etapa da Linha Vermelha projetada em 1968.
Nesse período, Filardi comandou outros empreendimentos importantes: duplicação da Avenida Leopoldo Bulhões, e construção de pistas laterais na Avenida Brasil e do viaduto do Gasômetro, parte integrante do Sistema Rio-Niterói.
Em 1995, já aposentado há dois anos do DER-GB, foi convidado pelo vice-governador Luiz Paulo da Rocha, engenheiro civil com quem trabalhara no DER-GB, para coordenar o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara. Entre as entregas à população, estão a duplicação da capacidade da estação da Ilha do Governador e cinco estações de tratamento de esgoto – Alegria, Pavuna, Sarapuí, Paquetá e São Gonçalo.
Houve licitação para implantar coletores troncos, tendo sido construídos 600 km de redes novas de esgoto para coleta e destino final nas estações, entre 1995 e 1998. “Foi uma atuação gratificante voltada para a saúde pública”, avalia o engenheiro, ao explicar que o programa não se resumia ao esgotamento. Oito grandes reservatórios de água tratada foram construídos na Baixada Fluminense e São Gonçalo, evitando o uso de poços eventualmente contaminados. Projetos de educação ambiental com alunos da rede pública das redondezas da baía visavam gerar nova consciência sobre descarte de lixo e esgoto. Acrescenta-se a isso a monitoria de mais de 100 empresas do entorno, para que adotassem produção mais limpa e dessem destino correto aos resíduos industriais.
Inteirado dos rumos de uma das principais metrópoles brasileiras e mantendo a Engenharia presente no dia a dia, Filardi continua a desenvolver projetos. Elaborou estudo de nova ponte rodoferroviária capaz de ligar o Rio de Janeiro a São Gonçalo, passando pela Ilha do Fundão, o que seria um prolongamento da Linha Amarela. Outra iniciativa propõe utilizar os terrenos da antiga Estação Leopoldina como rodoviária, permitindo acesso também pela Linha Vermelha e interligação com metrô e ferrovia, além das linhas de ônibus. Filardi pretende ainda apresentar à Prefeitura do Rio estudo de ligação entre a Linha Vermelha e o entorno do Maracanã, com acesso à Tijuca, a fim de minimizar gargalos no trânsito. “Tenho convicção de que são contribuições importantes”, assegura o engenheiro que soma seis décadas de trabalho dedicado ao Rio de Janeiro.
Trajetória profissional
Engenheiro na White Martins (1962-1963); No Departamento de Estradas de Rodagem da Guanabara – DER-GB, ingressou como engenheiro (1963), foi chefe da Divisão de Obras da Zona Norte do Rio de Janeiro (1964), diretor de Obras (1966-1971), tendo se aposentado em 1993; Coordenador do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (1995-1998).