Joanesburgo, África do Sul, quinta-feira, 29 de agosto de 2002. A Federação Mundial das Organizações de Engenharia, FMOI, atendendo a convite inédito da Organização das Nações Unidas, ONU, participou da Cúpula Mundial Rio+10, em Joanesburgo, África do Sul. Especificamente no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação, a FMOI organizou a Conferência sobre Engenharia e as Inovações Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável, durante toda a quarta-feira (28/08). O presidente da FMOI, José Menem, em entrevista exclusiva para a Assessoria de Comunicação do Confea, avaliou a Conferência Mundial e falou sobre a contribuição que a área tecnológica pode dar para o desenvolvimento sustentável. Confira:Confea - A Rio+10 tem foco no desenvolvimento sustentável. De que forma a área tecnológica, os engenheiros especialmente, podem contribuir para a implantação desse desenvolvimento?Menem - Vou fazer uma pequena introdução. Essa é a primeira vez que a profissão de Engenharia é convidada pela ONU para participar de um evento desse nível. O que consideramos um grande um êxito, um grande avanço. Fomos convidados para realizarmos esse Fórum juntamente com a Organização Internacional da Ciência. Estamos com duas intervenções na Rio+10. Uma delas é um evento paralelo relacionado com o Fórum da Ciência, que está sendo organizado pelo governo sul africano, pela nossa Federação e pelos cientistas. E a outra é essa sessão que trata da ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento sustentável, organizada exclusivamente pela FMOI. Nós convidamos especialistas para falarem de toda a problemática do desenvolvimento sustentável, sob o ponto de vista da contribuição da engenharia.Confea - Qual a sua expectativa global da Cúpula Mundial Rio+10?Menem - Não podemos esperar que este tipo de evento resolva todos os problemas. É importante canalizar o que foi feito até agora, conscientizar-nos dos problemas surgidos nesses dez anos, e dos que podem vir a surgir no futuro, e estabelecer um programa de ação sério, que comece aqui, e tenha seguimento. Nesse sentido creio que a Rio+10 servirá para um exame de consciência para todas as profissões, para os políticos, governantes e para as Organizações Não Governamentais, no sentido de observarem qual tem sido o comportamento até agora, retificar os erros, intensificar os acertos, e realmente aplicar novas fórmulas, que devem estar voltadas para a solução sérias e efetivas dos problemas que atingem nosso planeta. Os países desenvolvidos têm que contribuir com os países em desenvolvimento. Temos que ter um padrão de consumo compatível com desenvolvimento sustentável e tornar nossa produção limpa, de forma que consuma menos recursos para que não origine tanto desperdício. Temos ainda que transferir para os países em desenvolvimento a tecnologia apropriada às suas necessidade para que sejam os próprios técnicos locais, que aplicando tecnologias adaptadas às suas circunstâncias, resolvam seus próprios problemas. Temos também que intensificar o que chamamos de capacitação de todos aqueles que estão envolvidos direta ou indiretamente com o desenvolvimento social.Confea - O Sr. falou em troca de tecnologia e em capacitação. De que forma os conselhos profissionais, o Sistema Confea/Crea, por exemplo, podem contribuir para que isso aconteça?Menem - Eu creio que todos podem e devem contribuir. O que ocorre, e essa é uma opinião pessoal exposta em todos os fóruns dos quais participo, é que existe um excesso de organizações relacionadas à engenharia nos âmbitos nacional, regional e internacional. Não pretendo eliminá-las, mas creio que devam ser dosadas, coordenadas sob o guarda chuva das organizações internacionais, para serem mais eficazes. Neste momento todas as organizações têm os mesmos comitês e estão estudando os mesmos temas, gastando tempo e dinheiro, e chegando a conclusões que algumas vezes não são coincidentes. Isto gera descontentamentos e emperra processos, o que do ponto de vista da engenharia, é uma grande estupidez. Temos que fazer um esforço para nos coordenarmos, unificando nossos objetivos, que são bem mais amplos do que questões pessoais ou de pequenos grupos. Temos que esquecer os antagonismos existentes entre as organizações em todos os países. E o Brasil não é uma exceção. As organizações têm que ser sérias, e devem ter condições de fazerem acordos. Estamos condenados a nos entendermos, não tem jeito. E o quanto antes fizermos isso melhor, porque se não vamos viver muito mal e sermos muito pouco eficazes no que fazemos. Bety Rita Ramos - Da equipe da ACS
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